Exemplos práticos comprovam o companheirismo dos cães para com os humanos. A velha e conhecida frase de que o cachorro é o melhor amigo do homem pode, em muitos casos, modificar-se e ganhar ainda mais amplitude, sendo substituída por o cão é o melhor guia ou a mais eficaz terapia.

Essas condições do amigo de quatro patas já se tornaram realidade na Universidade do Vale do Itajaí (Univali), onde animais guiam alunos com deficiência visual, nos campi, e são auxiliares na reabilitação de pacientes, com a Terapia Assistida por Animais (TAA).

A expressão facial e os movimentos de Fernando Bittencourt Walfram, 35 anos, portador de paralisia cerebral, demonstram a alegria no encontro com a labradora Tuca.

Ele é atendido, uma vez por semana, na Clínica de Fisioterapia da Univali há dez anos. De acordo com a mãe, Marlete Bittencourt Walfram, o tratamento ficou muito mais leve e divertido com a chegada da Tuca, há um ano. “O tratamento dele é contínuo, para não causar atrofias. Ele ama isto aqui, não deixa de vir”, afirma a mãe, enquanto vê o filho caminhando com a ajuda da cachorra, pelos corredores da clínica.

José Felipe da Silva, 20 anos, sofreu um acidente de moto e teve que amputar os membros, braço e perna, esquerdos. A Tuca também o ajuda a fazer abdominais e exercícios de fortalecimento. Deitado, ele tem que levantar na diagonal, fazer carinho e entregar um petisco na boca da cachorra, ou simplesmente sentar e manter o equilíbrio para penteá-la

Com as crianças, a terapia ocorre com o auxílio de brinquedos adaptados para uso compartilhado entre a criança e o animal. A brincadeira entre eles é movida a desafios, como achar o petisco e objetos, com metas que variam de acordo com o quadro e diagnóstico do paciente.

De acordo com Maria Paula Mellito da Silveira, bióloga, diretora da associação, professora e coordenadora da TAA da Univali, o trabalho com os animais motiva os pacientes, resultando em melhoras significativas no âmbito físico e psicológico. “São estímulos com vida. As pessoas fazem os exercícios sem perceberem, com foco na brincadeira, cuidado e carinho ao cão”, afirma a professora.

Os pequenos doutores da Univali

A Univali e a Associação Pequenos Doutores iniciaram em 2013, a TAA em pacientes da neurologia e da ortopedia (que passaram por amputação). As atividades terapêuticas começaram com dois cães auxiliares. O trabalho ganhou amplitude, tornou-se um projeto de extensão em 2015 e hoje conta com oito cachorros que atuam em atendimentos semanais da Univali e do Centro Municipal de Educação Alternativa de Itajaí (Cemespi), além das visitas mensais ao Asilo Dom Bosco, de Itajaí.

A patrulha canina da universidade é formada pelos labradores Bono, Cacau, Tuca, Noka, Lira e Darwin. A pequena Nani, uma poodle branca, e o Jeff, da raça lulu da pomerania, também compõem o grupo e demonstram que não é preciso ser grande para auxiliar na terapia. Os cães pertencem a voluntários da associação, entre eles, funcionários e alunos da Univali.

Para ser voluntário

Para atuar no projeto, os cães precisam ter mais de um ano de idade, além de passarem por um controle de saúde e avaliação do comportamento. “Temos um adestrador e veterinário parceiros que fazem esta avaliação. O cão precisa gostar de pessoas e ser dócil”, declara a presidente da associação. Após, é feito o adestramento e adaptação do animal.

Cães guia nos campi

Há também os cães guia, Cedar e Thor. Eles acompanham Gabriel Ximenez, aluno do curso de Psicologia da Univali Campus Itajaí, e Felipe Cristiano, acadêmico de Relações Internacionais no Campus Balneário Camboriú, deficientes visuais. Os animais integram o cenário e fazem parte das turmas e atividades de seus respectivos donos.

Animais receberam Cartão Univali

Os cachorros que integram o cotidiano da Univali receberam, no dia 7 de julho, como reconhecimento simbólico pelo serviço que prestam, o Cartão Univali. A ferramenta que integra benefícios para a comunidade acadêmica é completamente gratuita e oferece vantagens. Saiba mais em www.univali.br/cartaounivali.