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A carta de Dilma

A carta de Dilma

22/08/2016 Marli Gonçalves

Essa carta podia mesmo ser só um ponto final.

Faz uns três meses que uma tal carta começou a ser escrita e nunca se viu tantas idas e vindas, tantos rascunhos, tantos garranchos, tanto tira e põe, tanta gente se metendo, palpitando, igual ao governo que não fez. Essa carta podia mesmo ser só um ponto final.

Cabeçalho: Brasília, (__) de agosto de 2016. Destinatário: Ao Povo Brasileiro. "Desculpem qualquer coisa. Sei que estou sendo afastada pelo conjunto da obra e de minha teimosia, que acabaram desenhando os acontecimentos que vivemos. Grata pela compreensão, e um pedido: não gostaria que se associasse isso tudo ao fato de eu ser mulher. Não tem nada a ver. Apenas me uni a um projeto de poder político que se mostrou patético e falido". Assinado, Dilma.

Pronto, estava dito. Mas não. Quer porque quer causar. Sair batendo o pé. Agora a coisa está piorando e a tal missiva ameaça até ser uma espécie de carta-testamento, tipo a de Getúlio Vargas - sem o suicídio, esperamos, claro, que ninguém quer sangue.

Dá para acreditar? Mais, a ameaça continua: poderá não ser só uma carta, mas duas! Mais ainda: ameaça listar as lutas da esquerda brasileira que acredita encarnar contra os contrários ao Deus Supremo Lula. Coisa mais antiga, démodé.

Fico preocupada se ela não vai acabar fazendo logo um livro capa tão dura quanto sua cintura. Novela a história toda já virou. Toques venezuelanos emocionantes. Mártir de si mesma, a presidente afastada sugere que não viu que foi quem montou o jogo que perdeu, o mundo se desmoronando à sua frente em erosão constante, promessas e mentiras desmascaradas.

Que não ouviu os primeiros berros à sua porta em junho de 2013. Não admite que a cada passo que se revela da mangueira de sucção instalada na Petrobras vem à tona sua cegueira, incompetência de gestão. Ou, o que tem hora que até eu acredito, que foi feita de otária - e o que deve ser duro para a valenta admitir - as coisas correram ali nas suas barbas.

Barbas, não, melenas caprichosamente cultivadas na sua visível transformação nos últimos anos. O mesmo com relação ao partido, o PT e seus radicais livres, muitos que inclusive agora não mais o são, e estão ou foram presos, com o quais ela nunca pareceu ter afinidade mesmo, mas fazer o quê? Vivem ranhetando entre si. Mas poste não tem vez, nem voz.

O problema maior é que caiu a lâmpada que iluminava o poste e o fazia imprescindível. Igual soluço, a palavra golpe está até cansada de tanto senta e levanta, de tanto que entrou e saiu dessa tal carta que já marcou várias datas para nascer de cesariana, e deu para trás até agora em todas. Parto difícil, alto risco.

Outro dia dessa semana, pelo que se deu a entender, Lula foi até Brasília para conhecer a tal pecinha. Vocês conhecem o Lula? Conseguem imaginar o que é que ele realmente pensa dessa ideia de escrever cartinha, como deve se referir com desdém, o que será que acha? Do papelzinho? O intuitivo Lula deve achar uma papagaiada, entre outros termos menos airosos.

Fora que pelo que se ouve por aí, na tal epístola ela quer - e se voltar, garante que o fará - chamar o povo - esse arrepiante coletivo - para opinar em plebiscito. Um eufemismo para admitir sua própria derrota. Não quero ser chata, tinha até pensado em ajudar a escrever uma minuta completa para abreviar a angústia que essa carta, ao fim e ao cabo a nós endereçada, deve causar a Dilma.

Será que ela levanta de madrugada pensando nela? Será que é ela mesma que a está escrevendo sentada em sua penteadeira, com caneta bico de pena (imagem romântica)? Qual a cor da tinta? Ou escreverá a lápis, apagando detalhes com borracha cheirosa? Usará branquinho? Se perde pensativa, desenha casinhas no papel? Escreve os palavrões que pensa? Ou teclará catando milho palavra por palavra? Tira cópias? Parece a carta mais vazada e aberta do mundo, mais que obra de Umberto Eco. Imprime para ler? Destrói no triturador as partes que despreza? Deixa guardada em um pendrive que mantém junto a si, amarrado em uma corda no pescoço? Escreveu não leu, o pau comeu.

* Marli Gonçalves é jornalista.



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