A vitória de parar de fumar
A vitória de parar de fumar
“Cheguei a pensar que o cigarro era meu amigo, meu companheiro que aliviava minhas tensões”
Fui fumante por quase 4 décadas. Intermináveis anos fumando e acumulando cinco tentativas frustradas de parar de fumar. Atualmente conto o tempo que perdi e o que já ganhei com a decisão de deixar definitivamente este vício que mata.
Em nosso país, segundo estatísticas, 80% dos fumantes dá sua primeira tragada antes de atingir os 18 anos. E o que mais me estarrece é que no mundo inteiro esta idade é ainda menor. A pesquisa aponta que a idade média é de 15 anos, ou seja em plena adolescência.
E não adianta o alerta das autoridades da área médica e confirmações da OMS - Organização Mundial da Saúde e outras instituições idôneas de que o produto mata dois em cada três usuários. Às vezes quando não mata, deixa sequelas irreversíveis.
Estou torcendo para que os três PL que tramitam no Congresso Nacional que determinam a padronização das embalagens destes produtos sejam votadas sem demora para que inúmeras vidas deixem de ser manipuladas por artifícios de marketing que estão expostos ao jovem desde cedo.
Em outros países como França, Reino Unido, Austrália e outros já foram adotadas legislações que determinam a padronização das embalagens de produtos originários de tabaco.
O político e professor Elias Murad, foi um dos pioneiros no combate ao tabagismo em Minas Gerais e no Brasil. E durante uma entrevista ele pedia para desligar o gravador e dizia para mim: "Pare de fumar. Porque você insiste em acender este cigarro. Sabia que está se drogando". Neste dia, num curto período, eu queimei quatro cigarros.
Na época era "chique" fumar. E confesso que cheguei a pensar que o cigarro era meu amigo, meu companheiro, aliviava minhas "tensões". E a realidade é totalmente outra. Hoje o fumo é responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão e outros órgão do copo humano e causador de 12 mil óbitos por ano no Brasil.
Retornando há poucos dias da Europa, adquiri uma tosse de meus tempos de fumante. Fiquei exposta como "fumante passiva" à fumaça dos usuários à minha volta. Lá é verão. E como fumam! Compulsivos em grande quantidade que não têm consciência do mal que fazem a si mesmo e às pessoas que estão ao seu redor. E o turista além de inalar fumaça tem que conviver com cidades imundas com "restos" de cigarros que os fumantes pouco educados vão deixando pelas ruas.
* Luisa Maria Maia Nobre é diretora de redação de O Debate