Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Faz uma selfie?

Faz uma selfie?

25/06/2017 Daniel Medeiros

Ninguém mais olha os outros ou as coisas. Olha-se olhando as coisas.

Faz uma selfie?

Visitando Foz do Iguaçu, surpreendi-me com a quantidade de visitantes de costas para as cataratas, buscando o melhor ângulo para aquele selfie consagrador. Senti um nó na garganta.

Algo, definitivamente, está sendo perdido para sempre no século XXI. Desde que Guy Debord publicou o seu “Sociedade do Espetáculo”, nos anos 60, criticando a midiatização da sociedade, que a sensação de que estamos sempre posando para uma foto ou para um vídeo não parou.

E olha que o intelectual francês nem imaginava o que estava por vir quando afirmou que o espetáculo é “a relação entre pessoas mediada por imagens”. E uma relação que dura o tempo das imagens. Use e descarte. Curta e esqueça.

Quem se lembra daquele cantor coreano que foi o primeiro a ser visto por mais de um bilhão de pessoas no YouTube? Quem lembra? Eu tô tentando... O curador da Bienal do Livro de São Paulo afirmou que as atrações da feira não são os escritores (como?), mas youtubers, celebridades midiáticas que escrevem livros sob encomenda das editoras, reproduzindo as bobajadas que falam todos os dias para milhões de fãs.

E esse é o sucesso do momento. Fora o livro que o Obama comentou que gostou – e que todo mundo precisa ler, é claro! – ou a Oprah ou, na falta de uma TV paga, a Fátima Bernardes mesmo. Certa vez, um jornal de grande circulação do Paraná publicou uma reportagem de capa, falando sobre a importância de ler e de não ler qualquer coisa. Importância para o desenvolvimento cognitivo.

Importância para o amadurecimento intelectual, condição para o exercício efetivo de uma vida digna e produtiva, transformadora e essencial para a comunidade, o mundo, o universo. Parece que não comoverá a legião de fãs que já se prepara para fazer fila na porta das livrarias para o lançamento do novo livro da autora do Harry Potter.

A cultura das celebridades já deixou vítimas, como a Lady Di, por exemplo. Mas as maiores vítimas são as silenciosas que, na frente dos computadores, expõem-se até o âmago em busca de um like a mais. Ou como a moça que foi vaiada em Nova York porque acreditou que poderia repetir as nulidades que fazem sucesso entre 2,5 milhões de seguidores na internet para o público que tinha ido assistir ao show do Skank.

Pensou ser uma artista, a moça. Lógico que vaia é feio. Mas o mundo real ainda tem umas regrinhas que o espetáculo virtual e cibernético precisa aprender, como, por exemplo, ser feito de gente real, de carne e osso. O excesso de informação tá longe de significar mais conhecimento, ou melhor, sabedoria. Já diz o ditado que informação é saber que tomate é fruta, mas sabedoria é nunca misturar tomate na salada de frutas!

Uma coisa o Google informa em nanosegundos. A outra, a vida ensina com os tropeções que damos nas coisas reais do que ela é feita. O tédio é, segundo o filósofo norueguês Lars Svendsen, o mal do século XXI. E ele alerta: Se o tédio aumenta, isso significa que há uma falha grave na sociedade ou na cultura como transmissores de significado.

As redes sociais são o novo deserto dos tártaros: você fica o tempo todo esperando que alguma coisa espetacular aconteça depois que você postou aquelas fotos incríveis ou aquele vídeo incrível ou aquele post incrível e assim a vida passa.

Como diria Lord Byron: não sobrou muito senão ser entediado ou entediar. Mas se esse artigo agradar, acho que vou tirar um selfie e publicar na minha página. Não percam. Bjs.

* Daniel Medeiros é especialista em Filosofia Contemporânea, mestre e doutor em Educação Histórica e professor no Curso Positivo.



As histórias que o padre conta

“Até a metade vai parecer que irá dar errado, mas depois dá certo!”

Autor: Dimas Künsch


Vulnerabilidades masculinas: o tema proibido

É desafiador para mim escrever sobre este tema, já que sou um gênero feminino ainda que com certa energia masculina dentro de mim, aliás como todos os seres, que tem ambas as energias dentro de si, feminina e masculina.

Autor: Viviane Gago


Entre o barril de petróleo e o de pólvora

O mundo começou a semana preocupado com o Oriente Médio.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Nome comum pode ser bom, mas às vezes complica!

O nosso nome, primeira terceirização que fazemos na vida, é uma escolha que pode trazer as consequências mais diversas.

Autor: Antônio Marcos Ferreira


A Cilada do Narcisista

Nelson Rodrigues descrevia em suas crônicas as pessoas enamoradas de si mesmas com o termo: “Ele está em furioso enamoramento de si mesmo”.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Brasil, amado pelo povo e dividido pelos governantes

As autoridades vivem bem protegidas, enquanto o restante da população sofre os efeitos da insegurança urbana.

Autor: Samuel Hanan


Custos da saúde aumentam e não existe uma perspectiva que possa diminuir

Recente levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que os brasileiros estão gastando menos com serviços de saúde privada, como consultas e planos de saúde, mas desembolsando mais com medicamentos.

Autor: Mara Machado


O Renascimento

Hoje completa 2 anos que venci uma cirurgia complexa e perigosa que me devolveu a vida quase plena. Este depoimento são lembranças que gostaria que ficasse registrado em agradecimento a Deus, a minha família e a vários amigos que ficaram ao meu lado.

Autor: Eduardo Carvalhaes Nobre


Argentina e Venezuela são alertas para países que ainda são ricos hoje

No meu novo livro How Nations Escape Poverty, mostro como as nações escapam da pobreza, mas também tenho alguns comentários sobre como países que antes eram muito ricos se tornaram pobres.

Autor: Rainer Zitelmann


Marcas de um passado ainda presente

Há quem diga que a infância é esquecida, que nada daquele nosso passado importa. Será mesmo?

Autor: Paula Toyneti Benalia


Quais são os problemas que o perfeccionismo causa?

No mundo complexo e exigente em que vivemos, é fácil se deparar com um padrão implacável de perfeição.

Autor: Thereza Cristina Moraes


De quem é a América?

Meu filho tinha oito anos de idade quando veio me perguntar: “papai, por que os americanos dizem que só eles vivem na América?”.

Autor: Leonardo de Moraes