“Não se pode comer dinheiro”
“Não se pode comer dinheiro”
Aquela diarista sempre faz comentários desconcertantes a respeito do comportamento das pessoas nos dias atuais.
Afirma que os indivíduos estão deixando os campos sem plantar para conseguirem emprego na cidade grande e a terra fica abandonada sem que ninguém tome conta. Ressequida e improdutiva.
A diarista vai tagarelando pelos cantos na sua simplicidade e dizendo: "De que adianta ganhar muito dinheiro se vai chegar um tempo em que não vamos ter o que comprar".
A lembrança veio rápida ao me deparar com o sucesso estrondoso da escritora britânica E.L. James, um recorde de vendas na última pesquisa apontando que a série de livros iniciada por "50 tons de cinza" já atingiu a marca dos 125 milhões de livros vendidos. E os demais lançados venderam 5,5 milhões de exemplares.
A nova série baseada no primeiro volume da trilogia erótica de E. L. James, "Cinqüenta tons de cinza" retrata o relacionamento do jovem milionário Christian Grey com a estudante Anastasia Steele.
O fenômeno "Cinqüenta tons de cinza" se tornou sucesso de vendas e popularidade pela grande doses de erotismo, fantasias sexuais e cenas até de sadomasoquismo entre os protagonistas.
Mas qual foi a surpresa. Esperava-se que as cenas de teor sexual contidas no livro fossem as de maior destaque junto aos leitores. Entretanto, o que ocorreu foi ao contrário.
Segundo uma lista que foi compilada e divulgada pela Amazon, gigante do comércio eletrônico, a partir das informações de leitura de Grey, cuja tradução chegará ao Brasil em setembro, entre as frases citadas destacamos esta: "Somente quando a última folha cair, a última árvore morrer e o último peixe for pescado, nós vamos perceber que não podemos comer dinheiro".
E a diarista está coberta de razão.
* Luisa Maria Maia Nobre é diretora de redação do jornal O Debate de Belo Horizonte