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Dia Internacional da Mulher. A tomada de um reduto o Porto de Santos

Dia Internacional da Mulher. A tomada de um reduto o Porto de Santos

09/03/2022 Luciano Schmitz

Centro de Inteligência de Mercado pesquisou trabalhadoras e comportamento salarial no porto.

Dia Internacional da Mulher. A tomada de um reduto o Porto de Santos

Em tempos de guerra ficamos mais suscetíveis aos termos que envolvem um conflito. A guerra nos faz refletir sobre nós mesmos e sobre a luta pela sobrevivência. Para a mulher, essa sobrevivência tem mais frentes de batalha. Uma delas é o mercado de trabalho. Estudos, debates, leis, movimentos feministas vão, pouco a pouco, abrindo espaço para o direito das mulheres. No Brasil, por exemplo, proibir da discriminação de qualquer natureza na contratação de uma trabalhadora foi incluído na CLT há apenas 23 anos, através do artigo 373-A. O direito a remuneração igualitária, há apenas 5 anos, através do artigo 461 da CLT. Para o professor de sociologia da Strong Business School, Luciano Schmitz: “ Quando realizamos uma análise segmentada por sexo no mercado de trabalho, fica evidente a desvantagem feminina, reflexo da nossa sociedade patriarcal. Entretanto, com o avanço de movimentos sociais a favor da mulher, bem como da participação desse público em discussões sobre o seu papel na sociedade, criaram-se espaços importantes para elas avançarem e atuarem em novos segmentos onde, predominantemente, são marcados pela presença masculina. “

Um estudo do CIM - Centro de Inteligência de Mercado da Strong Business School que tomou como base os dados da RAIS Rais de 202(Relação Anual de Informações Sociais) referentes a 2020, mostra que as mulheres estão tomando seu lugar num reduto incrivelmente masculino: o Porto de Santos, no estado de São Paulo, o maior da América Latina e o principal sistema portuário do Brasil.

“Esse estudo revela exatamente esse comportamento ocorrendo em um dos setores mais emblemáticos nesse sentido, o setor portuário. Os resultados mostram que, em uma década, a participação da mulher não só cresceu nesse setor, como também houve um ganho real na média salarial. Possivelmente, a qualificação foi um dos principais fatores para esse ganho, contribuindo também para conquistar espaços importantes nas áreas administrativas. Outro ponto importante é que, mesmo com o avanço tecnológico, o público feminino foi o menos afetado na hora da substituição por máquinas. “, explica o professor Luciano.

No período analisado de 2011 a 2020, a quantidade de homens trabalhando no porto subiu de 4.930 para 7.021, resultando na alta de 42,21%; o número de mulheres, por sua vez, subiu de 764 para 1.260, tendo alta de 64,92%. Com base nesses dados, pode-se afirmar que, durante esse período, a participação feminina no porto teve um crescimento superior à masculina em 53,07%.

No período analisado, a média salarial dos homens subiu de R$3.484,84 para R$5.593,07, resultando na alta de 60,5%; a média salarial das mulheres, por sua vez, subiu de R$2.765,19 para R$4.888,43, tendo alta de 76,78%. Com base nesses dados, pode-se afirmar que, durante esse período, a média salarial feminina teve um crescimento superior à masculina em 76,78%. Apesar disso a média salarial feminina continua cerca de 15% menor que a dos homens.

A pesquisa também analisou a qualificação desses trabalhadores em busca de uma justificativa para esse avanço feminino no trabalho portuário. No período analisado, o total de trabalhadores desse recorte sobe de 22,22% (1.265 trabalhadores em 2011) para 31,22% (2.585 trabalhadores em 2020). Um pouco abaixo desses percentuais, apresenta-se os números dos homens: 17,99% (887 trabalhadores em 2011) subindo para 25,08% (1.761 trabalhadores em 2020). Contrastando com esses resultados, destacam-se os números das mulheres: em 2011, 49,48% (378 trabalhadoras) estavam cursando ou haviam concluído uma graduação no ensino superior, número que subiu para 65,4% (824 trabalhadoras) em 2020.

O CIM também analisou do comportamento da evolução da massa salarial, segmentada por gênero, dando foco dessa vez apenas aos trabalhadores que ao menos iniciaram uma graduação em um curso superior. No período analisado, a massa salarial dos homens subiu de R$6.157.409,83 para R$15.983.504,74, resultando na alta de 159,58%; já a massa salarial das mulheres, subiu de R$1.479.606,74 para R$4.939.085,85, tendo alta de 233,81%. Com base nesses dados, pode-se afirmar que, durante esse período, a massa salarial feminina teve um crescimento superior à masculina em 46,51%, apesar dos salários ainda se manterem menores que dos homens.

Os impactos da pandemia revelaram que a massa salarial masculina, em 2019, era de R$16.670.866,03, caindo para o valor já mencionado de R$15.983.504,74 no ano seguinte (registrando uma variação de -4,12%). A massa salarial feminina, por outro lado, sobe de R$4.551.137,91 em 2019 para R$4.939.085,85 em 2020, registrando uma variação de 8,52%,para os pesquisadores um excelente resultado durante a pandemia.

Sendo minoria no porto (15,22% dos trabalhadores em 2020), as mulheres demonstram ter se inserido nesse meio com maior qualificação, uma vez que 65,4% delas havia pelo menos ingressado no ensino superior. Apesar de apresentarem alguns números mais expressivos dentro da área operacional – como a ocupação de carregador (relativo a veículos de transporte terrestre) –, as trabalhadoras do porto parecem encontrar emprego em diversas áreas, mas principalmente no setor administrativo – trabalhando como administradoras, contadoras, analistas de recursos humanos, técnicas em atendimento e vendas, entre outros.

Acrescente-se que o número de homens trabalhando na área representava 86,58% do total de trabalhadores em 2011, caindo para 84,78% do total em 2020, o que resulta em uma variação de -2,08%. O número de mulheres, entretanto, representava 13,42% do total em 2011, subindo para 15,22% em 2020, o que resultando em uma variação de 13,4%.

As profissões mais comuns aparecem aqui sendo realizadas por homens, uma que ainda são predominantes no Porto com 86,44% dos trabalhadores, a única novidade é o mecânico de manutenção de máquinas em geral. Assim sendo, mais uma vez aparecem aqui empregos ligados a área operacional que contam com uma menor qualificação. Como feito na análise da tabela anterior, ressalta-se o percentual baixo de trabalhadores que ingressaram no ensino superior: apenas 25,08%. Tabela 1 abaixo

Sendo minoria no porto (15,22% dos trabalhadores em 2020), as mulheres demonstram ter se inserido nesse meio com maior qualificação, uma vez que 65,4% delas havia pelo menos ingressado no ensino superior. Apesar de apresentarem alguns números mais expressivos dentro da área operacional – como a ocupação de carregador (relativo a veículos de transporte terrestre) –, as trabalhadoras do porto parecem encontrar emprego em diversas áreas, mas principalmente no setor administrativo – trabalhando como administradoras, contadoras, analistas de recursos humanos, técnicas em atendimento e vendas, entre outros. Segundo os pesquisadores do CIM, o comportamento observado pode justificar o aumento da média salarial desse público por meio da maior qualificação, além da crescente participação feminina nesse segmento de trabalho. Tabela 2 abaixo

Professor Luciano da Strong, explica: “Por fim, o estudo sugere o que pode estar acontecendo em outros setores do mercado de trabalho, ocupados, predominantemente, pela presença masculina. Com o aumento da participação da mulher nesses setores, a capacidade produtiva do país cresce, contribuindo, assim, para a promoção da igualdade de gênero. “

* Luciano Schmitz é professor de sociologia da Strong Business School e coordenador do CIM – Centro de Inteligência de Mercado – órgão que estuda índices de preços e mercado da Strong Escola de Negócios.

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