Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Saúde não se acessa pela prisão

Saúde não se acessa pela prisão

19/02/2020 Lígia Ziggiotti de Oliveira

Que tramitam no país projetos de lei para a prisão de pais que deixam de vacinar os filhos não surpreende.

Expectativas de mais encarceramento para um país já recordista mundial em população prisional correm por variados motivos, e é verdade que, entre nós, tem aumentado o número de não-vacinados.

De acordo com pesquisa divulgada em 2019 pela Avaaz e pela Sociedade Brasileira de Imunizações, a cada dez brasileiros, sete acreditam em informações falsas quanto à vacinação.

As entidades avaliam negativamente o contingente de possíveis 21 milhões de pessoas desprotegidas de doenças cuja erradicação depende disso.

Das principais causas para a recusa da imunização, conforme o estudo, constam as fake news. Contra essa mazela pouco fariam representantes, que se valem da mentira como estratégia política.

A tensão entre Estado e família também se liga à recusa dos pais à vacinação de seus filhos. Os atritos acerca de quem apita mais alto sobre a infância e a juventude acompanham as legislações e as políticas públicas dedicadas a essa parcela da população.

As iniciativas inconstitucionais contemporâneas de projetos como o Escola Sem Partido assim estampam. Há poucos anos, não menos conturbada, foi a proposta de proibição de castigos físicos pelos genitores contra os seus filhos.

E quanto à vacinação obrigatória, argumenta-se que violaria a pretensa ingerência exclusiva das famílias sobre crianças e adolescentes.

Há campos de disputa nos quais se estabiliza que os pais é que têm a última palavra sobre os filhos. Que os genitores possam optar por iniciar, ou não, os filhos em alguma religião sem que o Estado interfira em prol da profissão de alguma fé em específico é exemplo disso.

Em outros, por outro lado, também sem maiores controvérsias, estabiliza-se que compete ao Estado a última palavra.

Que os genitores estejam obrigados a matricular os filhos, em dada faixa etária, em uma instituição educacional, é ilustrativo dos limites necessários ao poder parental.

A tração oscilante neste cabo de guerra, habitualmente, ignora as personagens em nome de que mais se fala – crianças e adolescentes.

O fetiche de autoritarismo se projeta sobre os adultos que se consideram legitimados a qualquer decisão, ainda que injusta, quanto aos filhos.

Do mesmo sintoma antidemocrático padece um Estado cujas pretensões de prender só disparam. Os mais sérios estudos em segurança pública têm sido incisivos no sentido de que essa modalidade de resposta é violenta, pouco efetiva e custosa.

Por isso, da pergunta sobre a pertinência de possível previsão de pena de até um ano de prisão para genitores que não vacinam os seus filhos, é possível se livrar com facilidade: não é razoável a criminalização.

Que se explorem medidas punitivas menos drásticas, como o empecilho de matrícula escolar para jovens não-vacinados. Desinformação, o centro deste debate, não se resolve do fundo de uma cela.

Da pergunta de que não se livra com facilidade é por que os mais sérios estudos – seja na pauta de segurança pública, que desaconselha o encarceramento, ou na pauta de saúde, que aconselha um encarte mínimo de vacinação infantil e juvenil – seguem negados pelos brasileiros.

* Lígia Ziggiotti de Oliveira é advogada com ênfase em Direito das Famílias, mestra e doutora em Direito (UFPR).

Fonte: Central Press



Arbitragem e Poder Judiciário: uma relação de qualidade

A relação de qualidade entre a Arbitragem e o Poder Judiciário é aquela em que cada um dos institutos exerce o seu papel de forma adequada.


Black Friday: cuidados e oportunidades para empresas e consumidores

A Black Friday, desde que começou a ser praticada pelo comércio brasileiro, ganhou um enorme espaço entre os consumidores e, principalmente, tornou-se uma grande data de vendas para os empresários.


O novo Marco Legal das Garantias chega para estimular o crédito

Recentemente, foi sancionada pela Presidência da República a Lei 14.711/2023, o Marco Legal das Garantias.


Como lidar com os passivos trabalhistas?

Manter uma empresa de pé é um desafio diário que exige superar, ao mesmo tempo, vários obstáculos que parecem ser intransponíveis.


Dedução de despesas no IR pode incentivar modelo de trabalho remoto

É de suma importância que as regras para a dedução de despesas do home office sejam claras e justas.


Recuperação judicial: entenda o que ocorreu com a marca Starbucks no Brasil

Na noite do dia 31 de outubro, a SouthRock Capital protocolou pedido de recuperação judicial na 1ª Vara de Falência do foro da comarca de São Paulo/SP no valor de 1,8 bilhão de reais.


As diretrizes do novo Marco Legal das Garantias

Foi sancionada no último dia 31 de outubro a Lei 14.711/23, também conhecida como Marco Legal das Garantias.


Imigrando para os EUA: oportunidades e planejamento patrimonial

Os Estados Unidos, com sua economia robusta e oportunidades diversificadas, sempre foram um ímã para imigrantes de todo o mundo.


Nova regra cria mais segurança para o uso de pomadas capilares no Brasil

No início de 2023, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a comercialização e o uso de todas as pomadas capilares no Brasil.


Semana de quatro dias: Há implicações jurídicas para as empresas?

Atualmente, um dos debates mais importantes no mercado de trabalho global está sendo a semana de quatro dias, inclusive com empresas de alguns países já adotando o modelo como definitivo.


Decisão do STF sobre retomada do imóvel sem processo judicial

No último dia 26 de outubro, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, com repercussão geral, pela validação da possibilidade de instituições financeiras tomarem os imóveis dados como garantia em contratos de financiamento imobiliários sem a necessidade de autorização judicial.


Precisamos falar sobre arbitragem

O Brasil tem um dos sistemas mais modernos e avançados de arbitragem do mundo.