Embrapa fortalece pesquisas para produção de energia
Embrapa fortalece pesquisas para produção de energia
Um importante passo foi dado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para o avanço nas pesquisas para a produção de biocombustíveis. No dia 25/05 foi inaugurado, nos campos experimentais da Embrapa Cerrados, o Núcleo de Apoio a Culturas Energéticas – NACE.
Construído a partir de uma parceria entre a Embrapa Agroenergia e a Embrapa Cerrados, com financiamento parcial da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), o NACE servirá de apoio aos trabalhos de experimentação e de desenvolvimento de tecnologias agronômicas, industriais e estudos transversais relativos às cadeias produtivas de produção de energia. “Esse é um exemplo de parceria, de desejo e de compromisso de duas Unidades da Embrapa em contribuir para o aumento da produtividade e de tecnologias para produção de energia”, destacou o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Frederico Durães. Para o chefe-geral da Embrapa Cerrados, Wenceslau Goedert, o grande desafio será o desenvolvimento de tecnologias que permitam a produção sustentável, em escala comercial, da grande variedade de espécies vegetais com potencial para agroenergia.
De acordo com o Termo de Cooperação, assinado durante a inauguração do NACE, caberá à Embrapa Cerrados desenvolver tecnologias agronômicas, tais como, os sistemas de produção e o melhoramento genético das espécies pesquisadas, entre elas, pinhão-manso, dendê, macaúba, cana-de-açúcar e forrageiras. A Embrapa Agroenergia irá analisar a qualidade das matérias-primas oriundas das pesquisas agronômicas, estabelecer as especificações técnicas e desenvolver os processos industriais de conversão de biomassa em biocombustíveis e outras formas de energia. Em conjunto, as Unidades realizarão os estudos transversais, incluindo os balanços de energia, de emissão e fixação de carbono e gases de efeito estufa, além da viabilidade econômica das tecnologias agrícolas e industriais.
Pinhão-manso – os pesquisadores Bruno Laviola, da Embrapa Agroenergia, e Julio Albrecht, da Embrapa Cerrados, desenvolvem pesquisas com pinhão-manso desde 2008. Para implantação do banco de germoplasma foram realizadas coletas de sementes de pinhão-manso em todo o território brasileiro, perfazendo um total de 220 acessos. Entre os resultados já verificados estão a ausência de toxidade nos grãos e potencial de ganho de produção com a seleção precoce. “Sabemos que a baixa diversidade genética exigirá o enriquecimento do banco de germoplasma. Precisaremos ainda de mais dois anos de avaliação para a seleção de acessos superiores”, explicou Laviola aos empregados das Unidades que visitaram os experimentos no campo.
Nos ensaios conduzidos na Embrapa Cerrados são avaliadas, entre outras características agronômicas, a fertilidade, densidade, espaçamento e irrigação. De acordo com o pesquisador Julio Albrech, ainda será necessário um longo período de pesquisas para determinar o potencial de rendimento desta oleaginosa. Os resultados dessas pesquisas são aguardados com ansiedade pelos produtores. O presidente da Associação Brasileira de Produtores de Pinhão-Manso, Mike Lu, afirmou que as pesquisas desenvolvidas pela Embrapa irão apoiar dois importantes programas: de produção de biodiesel e de bioquerosene para aviação. “Com essas pesquisas, o Brasil poderá se tornar líder na produção de energia, além de motivar o agronegócio e a agricultura familiar a trabalharem com essa cultura”, disse.
Culturas alternativas – nos campos experimentais da Embrapa Cerrados também são conduzidos experimentos com cana-de-açúcar, dendê, macaúba e fevilha. De acordo com o pesquisador Thomaz Rein, entre os objetivos dos ensaios com cana-de-açúcar estão a avaliação de variedades em áreas não tradicionais de cultivo, de fertilidade e manejo do solo, assim como estudos socioeconômicos, como geração de emprego e renda. O dendê e a macaúba estão sendo consideradas culturas promissoras para a produção de biocombustível. Os pesquisadores Nilton Junqueira, Jorge Antonini e Leo Carson avaliam sistemas de produção adequados a essas culturas e suas produtividades.
As pesquisas para que essas culturas sejam recomendadas em escala comercial ainda serão longas. De acordo com Junqueira, no caso da macaúba, a previsão é de que apenas em 2017 ou 2018 sejam selecionados acessos superiores para produção de mudas. Para a produção de etanol de segunda geração, estão sendo pesquisadas quatro fontes de biomassa. O pesquisador Marcelo Ayres explicou que estão sendo desenvolvidas pesquisas agronômicas e de processo industrial, respectivamente pela Embrapa Cerrados e Embrapa Agroenergia, com as culturas de cana-de-açúcar, sorgo, espécies florestais e três gêneros de forrageiras.
*Liliane Castelões, Jornalista Embrapa Cerrados.