A educação como ferramenta da emancipação feminina
A educação como ferramenta da emancipação feminina
A educação como meio para a conquista da igualdade de gênero ainda é fundamental.
Em 1838, na sociedade fortemente patriarcal, escravagista e oligárquica do Segundo Império, na qual a mulher, mesmo pertencendo à elite dominante, tinha um papel subalterno e de submissão, a escritora Nísia Floresta (pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto, 1810-1885) abriu a primeira escola para meninas no Brasil.
No “Colégio Augusto”, as meninas aprendiam gramática, escrita e leitura do português; francês e italiano; ciências naturais e sociais; matemática; música e dança. As ideias libertárias de Nísia se inspiravam na escritora inglesa Mary Wollstonecraft, do século 18.
Ao enfocar a perspectiva de autonomia feminina com base na educação, Nísia tornou-se a precursora brasileira da luta pelos direitos da mulher. A luta pela educação abriu caminho para outras lutas – pelo voto feminino, por salários iguais e contra a violência doméstica.
Hoje, 180 anos depois da fundação do “Colégio Augusto”, quando comemoramos mais um Dia Internacional da Mulher, a perspectiva apontada por Nísia Floresta – a educação como meio para a conquista da igualdade de gênero – continua sendo fundamental para a emancipação feminina.
De lá para cá, o papel das mulheres na sociedade brasileira mudou muito graças à educação e a inserção feminina no mercado de trabalho, com a conquista de espaço em setores tradicionalmente destinados aos homens. Mas esse avanço ainda não se refletiu plenamente na economia brasileira.
Hoje no Brasil, as mulheres representam 57% da População Economicamente Ativa (PEA), mas apenas 36% delas estão empregadas. E o salário das mulheres representa em média 85% do salário dos homens, independentemente da jornada de trabalho e do nível de escolaridade.
E o pior, muitas mulheres cumprem jornada dupla, trabalhando fora e depois cuidando da casa e dos filhos. Sem contar que, apesar de avanços como a Lei Maria da Penha, os índices de violência contra a mulher são indecentemente altos no Brasil.
Acreditamos que só um aprofundamento dessa opção pela educação como instrumento de emancipação, de ´empoderamento´ feminino poderá mudar essa situação. As instituições educacionais são aquelas que ainda estão em melhores condições de garantir uma educação democrática, difundindo, entre outros valores, o de igualdade de gênero.
Também é preciso criar uma cultura escolar nessa direção, supervisionando os currículos e os materiais pedagógicos, assegurando a igualdade de gênero na tomada de decisões e aumentando a porcentagem de mulheres em cargos de responsabilidade e de chefia.
* Luis Antonio Namura Poblacion é Presidente da Planneta; Engenheiro Eletrônico pelo ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica; com especialização em Marketing e Administração de Empresas e MBA em Franchising pela Louisiana State University e Hamburguer University – Mc Donald´s.