Portal O Debate
Grupo WhatsApp

A perversa admiração pela ditadura cubana

A perversa admiração pela ditadura cubana

29/07/2015 João César de Melo

Na mesma semana em que alguns atletas cubanos desertaram durante a realização dos Jogos Pan Americanos do Canadá, o governo de Cuba reabriu sua embaixada nos Estados Unidos.

A grande mídia, sempre acusada de ser de direita, dedicou-se a publicar matérias enaltecendo a reaproximação entre os dois países como um passo importante para o fim do embarco americano, que “há décadas penaliza o povo cubano”.

Para a grande mídia, quem oprime o povo cubano é o governo dos Estados Unidos! A palavra “ditadura” continua a ser evitada.

Nunca ouvi ou li qualquer matéria levantando as razões do embargo e quais as exigências americanas para o seu fim; nem qualquer matéria lembrando que o rompimento das relações comerciais com os Estados Unidos era uma ideia central da Revolução Cubana; nem qualquer matéria expondo o sistema de escravidão que impera há 50 anos em Cuba; nem qualquer matéria comparando a qualidade de vida dos cubanos antes da revolução com a atual; nem sobre as expropriações, nem sobre as perseguições, nem sobre os fuzilamentos…

Quando alguma matéria faz referência à falta de liberdade civil e de imprensa na ilha, percebe-se um cuidado especial para não dar um tom pejorativo ao regime. As frequentes deserções e fugas de cidadãos cubanos são notícias que não levantam qualquer questionamento sobre as razões de pessoas comuns tentarem a todo custo fugirem do país.

Nenhum jornalista da grande imprensa procurou pelo menos um desses desertores para fazer uma matéria sobre as experiências pessoais que o levaram a pedir asilo. A impressão que tentam passar é que Cuba é uma admirável democracia moldada por um governo honrado e bondoso, onde os cidadãos são felizes sem os confortos e luxos promovidos pelo capitalismo; eaqueles que fogem são desajustados cuja ganância os fazem desejar viver no templo do egoísmo, do consumo e da vaidade.

Certa vez ouvi de um conhecido: “…é um número (referindo-se aos quase 800 cubanos que conseguiram chegar à Flórida em 2014) insignificante se comparado à população cubana, não representa insatisfação popular”. Eis o sentimento de um anjinho socialista em relação a centenas de pessoas que se lançam ao mar em balsas improvisadas, correndo riscos absurdos, só para ter melhores condições de vida.

Este anjinho socialista representa muitos e muitos outros que, do alto de suas vidas burguesas, cultivam a perversão de apoiar uma ditadura. Este anjinho socialista, assim como todos, sequer tenta imaginar que para cada cubano que consegue realizar a travessia, dezenas de outros acabam morrendo pelo caminho; e por trás desses, existe toda uma população que tem plena consciência de que é escrava de uma ditadura e que alimenta o sonho de morar nos Estados Unidos.

A verdade: O cubano comum é tratado como escravo, impedido de ir embora e obrigado a trabalhar para o seu senhor estampando um sorriso de gratidão pela ração que recebe. “Dane-se!”, pensa a mídia, pensam os intelectuais, pensam os artistas, pensam os inteligentinhos nas universidades, no Facebook e nos bares descolados da cidade.

O que importa é a historinha muito bonitinha: Homens abnegados se unem, derrubam um governo corrupto e instauram uma democracia popular, que passa a ser atacada e sabotada pelo todo poderoso império capitalista, mas que resiste heroicamente oferecendo vida digna a toda a população.

As perseguições, as expropriações, os assassinatos, a mão-de-ferro sobre a liberdade das pessoas são “detalhes que não desmerecem o projeto como um todo”, já ouvi. Meses atrás, a Globo News fez uma matéria sobre uma jornalista recém-falecida.

Nesta matéria, reproduziram uma entrevista na qual ela falava sobre o momento de maior gratificação de sua carreira: uma entrevista que fez com Fidel Castro. Impressionante o carinho da jornalista ao se referir ao ditador. Nauseante seu orgulho ao dizer que recebia presentes dele nos meses seguintes à entrevista.

A mesma imprensa que faz o maior auê após a revelação de casos de espionagem dos Estados Unidos, finge que não sabe do sistemático controle da ditadura cubana sobre a vida da população. A mesma imprensa que publica longas matérias sobre a “desigualdade” nos Estados Unidos, país onde faxineiras ganham 4 mil dólares por mês, finge que não sabe das reais condições da “igualdade social” cubana, onde todos são igualmente miseráveis e dependentes dos humores do governo.

O que não falta é literatura e depoimentos sobre os absurdos da ditadura cubana. Um dos livros mais reveladores é A Vida Secreta de Fidel, escrito por Juan Reinaldo Sánchez, que por 17 anos foi o chefe da guarda pessoal do “comandante”.

Em 230 páginas, ele fala sobre sua devoção ao projeto socialista, sobre todas as mordomias e excentricidades de seu chefe e, por fim, sua profunda decepção e revolta ao se ver criminalizado por ousar requerer sua própria aposentadoria. Por isso, foi preso e torturado por alguns anos. Depois de solto, os dez anos seguintes foram dedicados a um único objetivo: fugir do país que ele tanto ama para simplesmente poder viver em paz.

Eis o último parágrafo do livro: “Cometi o erro de dedicar a primeira metade de minha vida à proteção de um homem que eu admirava, em sua luta pela liberdade do país e em seu ideal revolucionário, antes de vê-lo tomado pela febre do poder absoluto e pelo desprezo ao povo. Mais que sua ingratidão sem fim por aqueles que o serviram, condeno sua traição. Pois ele traiu a esperança de milhões de cubanos. E, até o fim dos meus dias, uma pergunta rondará minha mente: Por que as revoluções sempre acabam mal? E por que seus heróis se transformam, sistematicamente, em tiranos piores que os ditadores que eles combateram?”.

* João Cesar de Melo é arquiteto, artista plástico, escritor e colunista do Instituto Liberal.



Nome comum pode ser bom, mas às vezes complica!

O nosso nome, primeira terceirização que fazemos na vida, é uma escolha que pode trazer as consequências mais diversas.

Autor: Antônio Marcos Ferreira


A Cilada do Narcisista

Nelson Rodrigues descrevia em suas crônicas as pessoas enamoradas de si mesmas com o termo: “Ele está em furioso enamoramento de si mesmo”.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Brasil, amado pelo povo e dividido pelos governantes

As autoridades vivem bem protegidas, enquanto o restante da população sofre os efeitos da insegurança urbana.

Autor: Samuel Hanan


Custos da saúde aumentam e não existe uma perspectiva que possa diminuir

Recente levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que os brasileiros estão gastando menos com serviços de saúde privada, como consultas e planos de saúde, mas desembolsando mais com medicamentos.

Autor: Mara Machado


O Renascimento

Hoje completa 2 anos que venci uma cirurgia complexa e perigosa que me devolveu a vida quase plena. Este depoimento são lembranças que gostaria que ficasse registrado em agradecimento a Deus, a minha família e a vários amigos que ficaram ao meu lado.

Autor: Eduardo Carvalhaes Nobre


Argentina e Venezuela são alertas para países que ainda são ricos hoje

No meu novo livro How Nations Escape Poverty, mostro como as nações escapam da pobreza, mas também tenho alguns comentários sobre como países que antes eram muito ricos se tornaram pobres.

Autor: Rainer Zitelmann


Marcas de um passado ainda presente

Há quem diga que a infância é esquecida, que nada daquele nosso passado importa. Será mesmo?

Autor: Paula Toyneti Benalia


Quais são os problemas que o perfeccionismo causa?

No mundo complexo e exigente em que vivemos, é fácil se deparar com um padrão implacável de perfeição.

Autor: Thereza Cristina Moraes


De quem é a América?

Meu filho tinha oito anos de idade quando veio me perguntar: “papai, por que os americanos dizem que só eles vivem na América?”.

Autor: Leonardo de Moraes


Como lidar com a dura realidade

Se olharmos para os acontecimentos apresentados nos telejornais veremos imagens de ações terríveis praticadas por pessoas que jamais se poderia imaginar que fossem capazes de decair tanto.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


O aumento da corrupção no país: Brasil, que país é este?

Recentemente, a revista The Economist, talvez a mais importante publicação sobre a economia do mundo, mostrou, um retrato vergonhoso para o Brasil no que diz respeito ao aumento da corrupção no país, avaliação feita pela Transparência Internacional, que mede a corrupção em todos os países do mundo.

Autor: Ives Gandra da Silva Martins


O voto jovem nas eleições de 2024

O voto para menores de 18 anos é opcional no Brasil e um direito de todos os adolescentes com 17 ou 16 anos completos na data da eleição.

Autor: Wilson Pedroso