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A tolerância com os intolerantes

A tolerância com os intolerantes

23/09/2014 João César de Melo

O PT conseguiu limitar não apenas o potencial econômico do Brasil. O PT conseguiu semear a intolerância entre pessoas de diferentes pontos de vista, polarizando a sociedade, dividindo-a entre eles e nós.

Eles, os bons (e poderosos). Nós, os maus (e passíveis a todo tipo de perseguição). Todos os que não concordam com os procedimentos petistas passaram a ser taxados de inimigos do Brasil. A história nos conta que a primeira providência que os líderes socialistas tomam assim que chegam ao poder é a de caçar seus adversários ou mesmo potenciais críticos.

Robespierre mandou matar todos os moderados que o apoiaram na Revolução Francesa. Fidel Castro fez o mesmo na Revolução Cubana. Quem Lenin não mandou matar, condenou a trabalhos forçados na Sibéria, onde quase todos morreram de exaustão ou de fome. Stalin matou membros de sua própria família. Os mesmos procedimentos foram adotados na China, na Alemanha Nazista, na Coréia do Norte e no Camboja. Mas agora estamos no século XXI! O século do “socialismo paz e amor!”, cujo amadurecimento do socialismo pode ser resumido em três mudanças de estratégia:

1 – Em vez de se acabar com a democracia, basta manipulá-la;

2 – Em vez de o Estado tomar para si os meios de produção, basta corrompê-los;

3 – Em vez de o Estado matar adversários, basta destruir suas reputações.

O PT foi fundado reunindo não apenas operários, bolcheviques e bolivarianos, mas também muitos libertários e intelectuais alinhados aos movimentos verdes e socialdemocratas europeus. Personificando-se como o perfeito herói popular (homem do povo!), Lula utilizou-se ainda da boa fé de artistas para construir as bases de seu projeto de poder. A verdade: Lula não gosta de pobre. Lula não gosta nem de cachaça – prefere uísque! Lula gosta é de poder. Lula não quer tirar ninguém da pobreza.

Lula quer apenas transformar pobre em mendigo. Se Lula realmente tivesse o objetivo de acabar com a pobreza por meio do Bolsa Família, teria feito do benefício uma lei, um direito do cidadão, não um favor do PT como sua militância faz questão de lembrar a cada beneficiado. Lula sempre quis uma sociedade voltada para atender seus próprios caprichos, que o apoiasse inquestionavelmente, que o aplaudisse sempre. Nenhum outro presidente do Brasil assumiu o governo sob condições tão favoráveis: Estado enxugado, economia estável e favorecida pela supervalorização das commodities brasileiras no mercado internacional e ainda contando com amplo apoio popular e político.

Ou seja: Lula poderia ter feito todas as reformas estruturais que o Brasil precisa. Não quis. Como presidente, almejou apenas multiplicar seu poder através da infiltração do PT em toda a estrutura política, institucional, cultural e social do país. Depois de conseguir tornar dependentes do Estado (agora patrimônio do PT) todas as classes sociais e quase todos os meios culturais e produtivos, agora só lhe resta destruir a imagem e a reputação dos indivíduos e das instituições que se mantiveram independentes e também dos muitos militantes e até fundadores do próprio PT que, ao enxergarem suas reais intenções, voltaram-se contra ele.

Nem precisamos citar as ações contra jornalistas, juízes, artistas e intelectuais. Basta-nos ver o que o PT está fazendo com sua ex-militante e ex-ministra de governo Marina Silva: toda a máquina estatal a serviço da criação e propagação das mentiras mais canalhas; estratégia que também tem como objetivo fazê-la destinar seu pouco tempo na mídia defendendo-se, em vez de apresentando suas propostas. Cada um pode ter seus questionamentos e suas críticas à Marina, mas duvido que alguém tenha na memória alguma acusação canalha dela contra seus adversários.

Marina, até aqui, sempre se postou lúcida e contida. Sempre buscou meios de defender suas propostas, mesmo que não as tenha definidas. Tentava, até, reconhecer o trabalho de seus adversários. A verdade é que ela, junto com Aécio Neves, tentaram fazer desse processo eleitoral um momento de discussão de ideias, mas o PT nunca deixou que isso acontecesse. Como já disse Lobão: “Discutir com petista é como jogar xadrez com pombo. Ele vai derrubar as peças, cagar no tabuleiro e sair de peito estufado cantando vitória”.

Além de tentarmos contagiar todos a nossa volta com o movimento “Fora Dilma”, devemos entender o origem e as consequências dos métodos petistas. “... não podemos aceitar sem qualificação o princípio de tolerar os intolerantes, senão corremos o risco de destruição de nós próprios e da própria atitude de tolerância”, já disse Karl Popper, o que remete diretamente à tolerância que a sociedade brasileira teve com Lula desde o começo, que sempre atacou inescrupulosamente todos que não estavam sob sua esfera de influência ou de interesse.

Lula nunca teve pudor em xingar ou em caluniar quem quer que fosse porque sempre contou com a tolerância de quase todos, até de suas vítimas, como maior exemplo Fernando Henrique Cardoso, que assistiu passivo a destruição de sua biografia. A consequência da tolerância com os intolerantes é a legitimação da canalhice, da total falta de escrúpulos e pudores no uso da palavra, do poder e do dinheiro público. O adolescente mau-caráter que tem pais honestos é contido dentro de casa, com grande chance de se tornar um adulto melhor.

O adolescente mau-caráter que tem pais desonestos, provavelmente será um adulto pior, tão ou mais desonesto que seus pais. Nessas pouco mais de três décadas, Lula e o PT legitimaram a canalhice como método para se conquistar tudo. Depois de uma década assistindo a institucionalização da “corrupção solidária”, chegamos aos dias em que Lula, Dilma e o PT dão a todos os cidadãos o exemplo de que, sim, a canalhice é um método que deve ser exercido que contra todos os opositores. “Não argumente. Ofenda!”, é o que pregam.

Em qualquer discussão, deve-se ofender o interlocutor, lembrá-lo de algum passado desconcertante, distorcer suas palavras, xingá-lo do que você é, tentar de todas as maneiras desequilibrá-lo psicologicamente. A canalhice alimenta as mais cretinas distorções da história e do próprio presente.

Uma pergunta: A sociedade que tolera que seu governo estreite relações com outras ditaduras não estaria sinalizando que ela própria toleraria se ver sob uma ditadura? O PT só promove esta avalanche de mentiras sobre adversários porque tem plena ciência de que sua militância não apenas concorda com seus métodos, mas também compartilha deles. Dilma conta com apenas dois tipos de eleitores: os miseráveis e os canalhas. Não nos esqueçamos de que, em todas as revoluções socialistas, os críticos ao novo governo são denunciados pelos seus próprios amigos.

*João César de Melo é Arquiteto e artista plástico, autor do livro Natureza Capital e especialista do Instituto Liberal.



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