Amor antigo ainda mexe comigo
Amor antigo ainda mexe comigo
É comum que certas paixões marquem profundamente a vida de uma pessoa e sejam difíceis de serem esquecidas.
Mesmo com um novo amor, às vezes pode rolar uma insegurança quando encontramos ou só de ouvir falar em uma paixão antiga. O que fazer: mexer no passado ou tentar superar? Segundo a sexóloga Sônia Eustáquia não é possível apagar alguém completamente da memória, mas podemos escolher não lembrar constantemente dela.
“A memória é uma condição neurobiológica e é privilegiada nos humanos. Ela serve para guardar o que registramos com os nossos cinco sentidos. Ela nos traz o evento ou sentimento quando o evocamos. A memória realiza uma seleção do que precisamos lembrar e do que podemos deixar bem guardado, como se fosse um livro na última prateleira da estante. Não é possível apagar da memória alguém que fez parte da nossa vida, porém, é possível o guardarmos na última prateleira. E só tirar de lá quando for necessário”, diz.
Ainda de acordo com a sexóloga é preciso lembrar que amamos com o cérebro e não com o coração e o amor também pode ser inteligente. Se a pessoa quiser superar uma separação basta levar essa situação “para a prateleira mais alta da estante”. E ela deve fazer isso. Sônia Eustáquia alerta que o não esquecimento de um relacionamento pode virar uma obsessão. Geralmente, isso ocorre quando um da relação não quer mais e o outro insiste em querer. E acaba gerando muito sofrimento para os dois lados. Mas, em alguns casos, é possível sim retomar uma relação.
“Quando um casal briga e se separa por motivos “fúteis”, como o ciúme exagerado, falta de diálogo, ou mesmo quando não conseguem mais ter desejo um pelo outro, prejudicando a relação íntima é mais fácil o casal conseguir discutir isso, fazer uma terapia e retomar a relação. No entanto, é muito grave a agressão verbal e física; o desrespeito e deslealdade de um pelo outro; quando o casal não consegue restabelecer o diálogo; e, principalmente, quando não suportam o contato físico. Existem situações onde se detecta imensa lacuna sobre o pensar o dia a dia, tornando impossível as negociações. Também quando um quer “encostar” no outro, não entendendo e não cumprindo a sua parte do contrato de vida a dois, aí tudo fica muito difícil”, explica Sônia Eustáquia.
A sexóloga ainda alerta que para voltar pro outro só se for com base em novos paradigmas de relacionamento. E, muitas vezes, é necessário a ajuda de um profissional. “Eu vejo casais tentando sozinhos, apenas cedendo ou até mesmo se anulando na relação para que ele possa prosseguir. Isso é um erro, mais cedo ou mais tarde, os problemas voltam e costumam ser mais robustos, dificultando até o trabalho do terapeuta. Também pode acontecer que aquele que fica “engolindo” os problemas para retomar a relação seja mais susceptível ao aparecimento das doenças psicossomáticas”, diz.
*Sônia Eustáquia Fonseca é Psicóloga pós-graduada em Sexualidade Humana. Especialista em Terapia Breve para diagnóstico e tratamentos de conflitos e disfunções sexuais.