As flores do Natal e do Ano Novo
As flores do Natal e do Ano Novo
Uma das coisas lindas que o ano de 2010 nos proporcionou, foi a sua primavera, belíssima, plena de flores, apesar de chuvosa.
O que se viu foi um espetáculo grandioso: árvores que florescem em épocas diferentes do ano confrontaram suas flores nessa primavera, em feliz, inusitada e colorida harmonia. O ipê, majestoso, se vestia de amarelo, irradiando luz e beleza, para depois, devagarinho, estender um manto dourado pelos caminhos. Enquanto isso, o inverno conspirava a nosso favor e atrasava um pouquinho, fazendo com que a flor do ipê confraternizasse, maravilhosamente, com a flor da azaléia, manchando de vermelho algumas ilhas de amarelo. E as duas árvores floridas conseguiram se manter vestidas de luz e cor, grávidas do sol, para dar as boas vindas à flor do jacatirão, que chega no final de outubro, começo de novembro.
Foi um encontro memorável. E então chega o verão, trazido pela flor de jacatirão, que traz também o Natal e o Ano Novo.
E assim, não foi só a pele dos turistas que ganharam cor: as matas encostas, as beiradas das estradas se transformaram, com o verde das folhas das árvores de jacatirão sendo trocadas por incontáveis flores que vão do branco ao vermelho, até o início de fevereiro, convivendo, também, com a beleza imponente e flamejante do vermelho vivo dos flamboiãs e com o branco e o vermelho das extremosas. De janeiro em diante, as flores começam a colorir o Paraná, São Paulo e outras regiões do Brasil.
E os turistas que vêm para o verão nos estados do Sul, têm um espetáculo de luz e cor incomparável: as duas margens das estradas derramando flores e cores sobre os passantes. Cidades como Joinville, São Francisco do Sul, Jaraguá do Sul, Corupá e tantas outras são privilegiadas, por terem seus acessos ladeados pelas flores da grande e majestosa árvore, tão pródiga em oferecer essa festa brilhante de vida.
É a natureza, pródiga, a nos presentear com suas obras mais bonitas, apesar de cuidarmos tão pouco dela. Nós, homens, continuamos desmatando, cortando árvores indiscriminadamente. Ainda se cortam pés de jacatirão para se fazer lenha, por serem eles árvores grandes de tronco encorpado. Haverá crime maior do que esse? Queimar a árvore que é um dos arautos da natureza, do Menino que está para nascer, do ano novo que representa renovação, renascimento, um dos maiores representantes da beleza deste mundão de Deus...
Há quem, felizmente, faça o caminho inverso. Planta o jacatirão no jardim de sua casa, onde pode admirá-lo e cuidar dele ao mesmo tempo. Ou então colhe as suas sementes, depois da florada, para espalhá-las nas regiões aonde ele ainda não chegou.
Algumas pessoas sequer enxergam as vibrantes árvores floridas de jacatirão, desde meados da primavera até quase o fim do verão. Não que tenham problemas visuais – elas não dão nenhuma importância ao belíssimo fenômeno da mãe natureza que é a profusão de flores por todos os lados. Já disse antes, mas vale repetir o que Cecília Meirelles escreveu, com maestria e propriedade, em “A Arte de Ser Feliz”: “é preciso olhar e ver”. Às vezes, apenas olhamos, mas não vemos. Se você não viu ainda, olhe para o alto, para os lados, para as matas, para as alamedas, para os morros, para as margens dos caminhos, dos rios, das lagoas e veja: elas estão lá, singelas, humildes, mas majestosas e iluminadas.
* Luiz Carlos Amorim - Coordenador do Grupo Literário A ILHA em SC, com 30 anos de atividades e editor das Edições A ILHA, que publicam as revistas Suplemento LIterário A ILHA e Mirandum (Confraria de Quintana), além de mais de 50 livros. Editor de conteúdo do portal PROSA, POESIA & CIA. e autor de 26 livros de crônicas, contos e poemas, três deles publicados no exterior. Colaborador de revistas e jornais no Brasil e exterior – tem trabalhos publicados na Índia, Rússia, Grécia, Estados Unidos, Portugal, Espanha, Cuba, Argentina, Uruguai, Inglaterra, Espanha, Itália, Cabo Verde e outros, e obras traduzidas para o inglês, espanhol, bengalês, grego, russo, italiano -, além de colaborar com vários portais de informação e cultura na Internet, como Rio Total, Telescópio, Cronópios, Alla de Cuervo, Usina de Letras, etc.
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