Brigões, mandões e respondões – Déspotas mirins
Brigões, mandões e respondões – Déspotas mirins
Você já esteve em algum lugar e de repente se deparou com uma criança ou pré-adolescente fazendo uma birra daquelas? Principalmente se for uma criança já “crescidinha”, não tem como escapar dos olhares constrangedores da plateia, não é mesmo?
E daí vem todas as explicações que as pessoas presentes dão, ficando disparada no ranking aquela: “os pais desse(a) menino(a) não deram educação para ele(a)?!”. É normal que todas as crianças passem por fases opositoras. Há um momento em que estes comportamentos são até esperados, como a rebeldia adolescente, por exemplo.
Por um lado, essa postura é até saudável: o adolescente está tentando controlar seu ambiente, pois não está satisfeito com ele. Com o apoio dos pais e de pessoas do seu convívio social, ele vai aprendendo o que é certo e o que é errado de se fazer quando vivemos em sociedade. Por outro lado, existem casos em que a suposta “rebeldia” vai muito além de uma parte do processo de construção da identidade da criança. Então, até que ponto é considerado normal uma criança ou pré-adolescente que não segue regras, discute com adultos, perde o controle e se irrita facilmente?
E por que isso acontece? Existem transtornos psiquiátricos que podem ocorrer durante o desenvolvimento da criança, e que possuem determinadas características, como um padrão repetitivo e persistente de comportamentos agressivo, desafiador e que fogem às regras sociais. Estes comportamentos devem ser considerados graves e diferentes de travessuras ou rebeldia. Ambientes psicossociais adversos, como a instabilidade familiar, abuso físico e sexual, violência familiar, alcoolismo, entre outros fatores podem estar relacionados a estes transtornos.
Desta forma, uma etapa indispensável do tratamento nestes casos envolve uma mudança ampla no ambiente em torno da criança/adolescente, de modo que as pessoas que a cercam não invalidem as suas tentativas de formação de uma personalidade, mas, que ao mesmo tempo, apresentem regras consistentes e claras que permitam um desenvolvimento saudável.
*Aline Abreu, Lisi Lisboa e Marília Beatricci, Psicólogas da Link Psicologia.