Como podemos desenvolver autoestima no nosso dia-a-dia?
Como podemos desenvolver autoestima no nosso dia-a-dia?
Autoestima é um sentimento e se refere ao afeto que temos por nós mesmos. Esse sentimento pode ser desenvolvido através de ações cotidianas.
Todos nós desejamos desenvolver autoestima, não é mesmo? Mas o que é autoestima? Esse é um conceito da psicologia muito presente no discurso cotidiano e refere-se a nossa autopercepção, ao sentimento de afeto que temos por nós mesmos, a visão que possuímos de nós e à valorização de si.
Essa autodefinição interfere na maneira como nos comportamos e na forma de nos relacionarmos com outras pessoas. Nesse sentido, podemos dizer que a autoestima influencia todos os contextos da nossa vida, assim os relacionamentos amorosos, amizades, relações familiares e de trabalho podem variar conforme a nossa auto-estima. Por exemplo, uma pessoa que se descreve como “feia” pode evitar ir a festas, pois teme não ser cortejada por ninguém, ao evitar essas situações ela diminui a probabilidade de se relacionar confirmando sua autodescrição. Essa mesma pessoa, no ambiente de trabalho, pode não revelar todo o seu potencial por não acreditar que sua aparência é apropriada. Já uma pessoa que está satisfeita com sua própria aparência irá agir nesses mesmos ambientes de maneiras distintas.
No entanto, não se pode dizer que uma pessoa tem ou não autoestima, pois esse é um sentimento que como todos os outros é considerado em um contínuo, como em uma escala de 0 a 100. Por exemplo, sentimos muito medo na frente de leão, pouco medo na frente de uma barata e não costumamos sentir medo quando estamos na presença de pessoas queridas. Assim também é a autoestima, como ela varia é difícil afirmar que uma pessoa tem alta ou baixa auto-estima. Em determinados contextos uma pessoa pode ter uma melhor avaliação de si mesmo e em outros não. Essa ideia de contínuo permite pensar que é possível trabalhar a auto-estima e desenvolvê-la nas pequenas ações do dia-a-dia. Mas como fazer isso?
Na infância, algumas estratégias como elogiar, sorrir, dar carinho e atenção à criança, sempre enfocando suas características e não seu comportamento são importantes para desenvolver a autoestima. Por exemplo, se seu filho fizer um desenho e vier mostrar para você é aconselhável que se diga: “Você fez um desenho muito bonito!” ao invés de “Que desenho bonito!”. Ao destacar a criança, ela se sentirá mais livre e capaz de tomar iniciativa de forma criativa, bem como apresentará mais frequentemente comportamentos considerados adequados por seus pais.
Além disso, tendo em vista o desenvolvimento da auto-estima, os pais devem demonstrar afeto “de graça” aos seus filhos, independente dasações da criança. Dessa forma, a criança percebe o reconhecimento que seus pais possuem dela pelo o que ela é, não apenas pelo que faz. Esse reconhecimento também deve ocorrer em outros contextos e atividades do dia-a-dia.
É possível que você seja adulto e, ao ler esta descrição de comportamentos recomendáveis para os pais, se surpreenda ao ver que quando criança, seus pais e cuidadores não agiram desta forma. E pode estar se perguntando: “E agora? É possível ainda restaurar a autoestima?”
É claro que sim! Ao buscar o autoconhecimento nos tornamos cientes de como o nosso jeito de ser se construiu em nossa história e, a partir disto, fazer diferente. Engajar-se em atividades prazerosas, buscar estar em contato com pessoas queridas, amigos e familiares que nos “colocam para cima”, além de reconhecer que todos temos imperfeições e limitações e que devemos nos aceitar como somos, lembrando que podemos sempre evoluir são algumas ações interessantes que contribuem para a promoção da auto-estima em qualquer momento da vida.
Saber que é possível trabalhar a autoestima é o primeiro passo para conseguir desenvolvê-la. Afinal de contas, a construção de todo e qualquer relacionamento saudável parte do “gostar de si mesmo”.
* Aline Abreu e Andrade é Doutoranda em Psicologia do Desenvolvimento (UFMG)