Em tempo de pandemia
Em tempo de pandemia
Nestes tristes dias de pandemia, em que os médicos do Serviço de Saúde, lamentam que não se tem o devido cuidado, protegendo-se e protegendo o semelhante, lembrei-me de antigo chefe, que tive, quando era menino e moço.
Já não recordo seu nome, varreu-se completamente da memória. Sei que era homem delicado e que gostava de falar bonito.
Terminado o turno, costumava dizer: “Podem sair!”. Mas com a chegada da liberdade e com ela a democracia, criou-se a ideia, que o cargo de chefia, perdera autoridade e até respeito, portanto já não era preciso, o dirigente, autorizar a saída.
Cada qual, terminado o serviço, ou o relógio indicasse a hora, podia abandonar o local de trabalho, sem se despedir do chefe.
Certa vez, estávamos em plena “democracia”, o dirigente, verificando que poucos restavam, pois quase todos haviam saído sorrateiramente, virou-se para os que ficaram e disse: “Os bens comportados podem sair…”
Se em ditadura se cumpria, mais por medo, que respeito, em democracia, implantou-se o caos. Largas franjas de trabalhadores, deixaram de cumprir: o regulamento, no trabalho e na via pública.
O transeunte não atravessava na passadeira; o automobilista, não respeitava o pião, nem o próprio código de estradas era cumprido, e muitos guardas pareciam tão receosos, como o célebre polícia: Jô Soares…
Razão tinha Jean Jacques Rousseau ao escrever: a democracia é o melhor regime que se conhece, mas só viável se os homens fossem deuses.
Apesar das recomendações sanitárias e do número alarmante de infectados e de mortes, muitos continuam a deambular sem máscara; a realizar imponentes festas, com elevadas presenças; e não deixam de viajar, frequentando hotéis, restaurantes e lugares de prazer.
O confinamento é imprescindível…para os outros (os bem comportados)! As praias transbordam de banhistas. Enchem-se as estâncias de férias e centros comerciais; e como ninguém quer tomar atitudes duras, no receio de perderem o título de democrata, a pandemia, prolifera pelo mundo.
O aparecimento de vacina não é bastante, de imediato, para imunizar a totalidade da população. É imperioso obedecer às recomendações de virólogos e epidemiólogos e igualmente, que os políticos pensem: que o primordial não é a economia, mas o bem-estar, a saúde de todos.
* Humberto Pinho da Silva