Escrita e interpretação pela interatividade
Escrita e interpretação pela interatividade
Ensino interativo definitivamente não é novidade.
Há décadas atrás, esses manuais interativos (hoje esquecidos) ajudavam seus leitores a entender e aprender alguns conteúdos com sua leitura não sequencial, normalmente aplicados a alunos autodidatas.
Tal dinâmica veio a inspirar os livros-jogos, RPGs que não precisam de grupos para serem jogados – somente leitor e livro -, muito populares nas décadas de 80 e 90 por aqui, que retornaram no início da década. Eis quatro manuais inspiradores da série TutorText: Doubleday Series que “emprestaram” sua estrutura para literaturas experimentais posteriores:
1) The Meaning of Modern Poetry (John Clark Pratt, 1962, n° 8 da série): Preparado pela Divisão de Ciências Educacionais das Indústrias dos Estados Unidos para aqueles que desejavam aprender sobre poesia moderna sozinhos. Possui suas deficiências, mas como um exercício para um leitor hábil, é enriquecedor.
Seu autor foi um capitão da Força Aérea. Em suas primeiras páginas, o leitor é rapidamente introduzido para conceitos como metáfora, símbolo, entre outros. Essas distinções terminológicas são então descartadas para o restante do livro, e passam a ser usados de maneira intercambiável.
2) Effective Writing (Jane Staple Ford & Kellog Smith, 1963, n° 16 da série): fornecia as regras teóricas e práticas para serem aplicadas se o leitor buscasse grande eficácia em seu(s) texto(s).
3) Understanding Shakespeare: Macbeth (Ruth Frieman, 1964, n° 24 da série): Um longo texto que fornecia comentários sobre o significado de palavras arcaicas, personagens simbólicos, situações e alusões obscuras, além de explorar o uso da poesia e o significado de várias metrificações empregadas pelo autor. Um apêndice resume a peça em forma de prosa e um posfácio discute a mecânica provável da encenação.
4) Business Letter Writing (James L. Slattery, 1965, n° 26 da série): Encorajava seu leitor a praticar um estilo caracterizado pelo uso de frases curtas e palavras cotidianas, além de desenvolver outras habilidades de escrita de cartas comerciais.
Com o grande advento tecnológico, tais ensinamentos poderiam facilmente serem transpostos para aplicativos ou programas de computador mais rápidos, o que aumentaria ainda mais a interatividade e a atratividade pelos novos “livros-tutores” virtuais.
* Pedro Panhoca da Silva é mestrando em Literatura do programa de Pós-Graduação em Letras da Unesp – câmpus de Assis.