Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Falso cooperativismo

Falso cooperativismo

10/08/2010 Vander Morales

Regidas por regras próprias, as cooperativas de trabalho estão se tornando um exemplo de como uma idéia bem intencionada pode ser deturpada em benefício de uma minoria inidônea.

Há tempos, estamos assistindo a proliferação de falsas cooperativas de trabalho que, por estarem isentas de obedecer às normas constitucionais, como as detalhadas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), encontraram um filão que, em última análise, prejudica os trabalhadores e exerce feroz concorrência desleal com as empresas sérias que prestam serviços nos mesmos segmentos.

 

Estas últimas, além de obrigadas a cumprir a CLT - oferecendo, portanto, emprego formal aos seus contratados - estão sujeitas às mesmas normas de qualquer empresa privada no país. Vale dizer, são empreendimentos que especializam seus funcionários e, mais relevante, arcam com os mesmos impostos, taxas, tributos e ônus burocráticos que a legislação impõe a todas as empresas em atuação no mercado brasileiro.

Não é o caso das falsas cooperativas de trabalho. Em flagrante burla à legislação, se valem de privilégios que só deveriam ser concedidos a organizações que, de fato, cumpram o requisito social básico de reunir trabalhadores em torno da união para a busca de mercado. Isto quer dizer que o principal objetivo das verdadeiras cooperativas de serviços é encaminhar seus associados para o trabalho de forma a assegurar-lhes suas necessidades. Dentro deste espírito, não cabe a figura do patrão e, sobretudo, é garantido o direito de distribuição de eventual lucro de maneira uniforme entre todos os cooperados.

Quando isto não ocorre, estamos diante de uma fraude, na qual só obtêm vantagens – e altos ganhos pessoais – os dirigentes das famigeradas cooperativas de fachada. Neste caso, não são dirigentes de cooperativas. São empresários de má-fé disfarçados de dirigentes. E que se utilizam de um falso cooperativismo para garantir benefícios particulares à custa das brechas da lei e práticas lesivas aos legítimos interesses dos trabalhadores.

Trata-se de ilegalidade inequívoca. Na verdade, cria-se uma intermediação de mão de obra, sem o pressuposto básico de gestão compartilhada e democrática entre todos os trabalhadores envolvidos, com o objetivo de fraudar a lei. Em suma, nada a ver com o verdadeiro cooperativismo – tudo a ver com a inaceitável locação da força de trabalho de supostos cooperados. 

O expediente está se vulgarizando de tal forma, e ganhando contornos de ilicitude tão clara, que já chama a atenção das mais diversas autoridades. Em São Paulo, por exemplo, decreto do governo estadual deu um primeiro passo para coibir a prática do cooperativismo de fachada. O decreto, de nº 55.938, merece aplauso e deve ser visto como procedimento a ser seguido para se iniciar o combate a esse tipo de fraude.

Assinada pelo governador Alberto Goldman, a nova legislação objetiva, em primeiro lugar, a salvaguarda dos direitos dos trabalhadores fixados na Constituição de 1988 e regulamentados pela CLT. E tem como fundamentação legal, além de manifestações do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, a decisão do Supremo Tribunal de Justiça que deliberou vetar participação de cooperativas em licitações de serviço que impliquem vínculo de subordinação.

Com essa base jurídica, o decreto veda a participação de cooperativas nas licitações promovidas pela administração direta do Estado em nada menos do que 15 segmentos de serviços, entre outros, limpeza, segurança, recepção, copeiragem, locação de veículos, secretariado e manutenção e conservação de áreas verdes.

São algumas das atividades nas quais a cortina de fumaça do falso cooperativismo já não conseguia mais esconder o verdadeiro propósito de deliberada burla à legislação e a apropriação indevida do trabalho alheio em proveito de intermediários de má-fé.

Com o decreto, o Estado de São Paulo não só sinalizou um caminho para estancar o desvirtuamento do verdadeiro espírito cooperativista nos serviços que os governos demandam. Alertou também aos tomadores de serviços da iniciativa privada que é hora de dar um basta aos que se utilizam do cooperativismo única e exclusivamente em conveniência própria. 

* Vander Morales é presidente da Asserttem (Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário) e do Sindeprestem (Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros, Colocação e Administração de Mão de Obra e de Trabalho Temporário no Estado de São Paulo)

 



Nome comum pode ser bom, mas às vezes complica!

O nosso nome, primeira terceirização que fazemos na vida, é uma escolha que pode trazer as consequências mais diversas.

Autor: Antônio Marcos Ferreira


A Cilada do Narcisista

Nelson Rodrigues descrevia em suas crônicas as pessoas enamoradas de si mesmas com o termo: “Ele está em furioso enamoramento de si mesmo”.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Brasil, amado pelo povo e dividido pelos governantes

As autoridades vivem bem protegidas, enquanto o restante da população sofre os efeitos da insegurança urbana.

Autor: Samuel Hanan


Custos da saúde aumentam e não existe uma perspectiva que possa diminuir

Recente levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que os brasileiros estão gastando menos com serviços de saúde privada, como consultas e planos de saúde, mas desembolsando mais com medicamentos.

Autor: Mara Machado


O Renascimento

Hoje completa 2 anos que venci uma cirurgia complexa e perigosa que me devolveu a vida quase plena. Este depoimento são lembranças que gostaria que ficasse registrado em agradecimento a Deus, a minha família e a vários amigos que ficaram ao meu lado.

Autor: Eduardo Carvalhaes Nobre


Argentina e Venezuela são alertas para países que ainda são ricos hoje

No meu novo livro How Nations Escape Poverty, mostro como as nações escapam da pobreza, mas também tenho alguns comentários sobre como países que antes eram muito ricos se tornaram pobres.

Autor: Rainer Zitelmann


Marcas de um passado ainda presente

Há quem diga que a infância é esquecida, que nada daquele nosso passado importa. Será mesmo?

Autor: Paula Toyneti Benalia


Quais são os problemas que o perfeccionismo causa?

No mundo complexo e exigente em que vivemos, é fácil se deparar com um padrão implacável de perfeição.

Autor: Thereza Cristina Moraes


De quem é a América?

Meu filho tinha oito anos de idade quando veio me perguntar: “papai, por que os americanos dizem que só eles vivem na América?”.

Autor: Leonardo de Moraes


Como lidar com a dura realidade

Se olharmos para os acontecimentos apresentados nos telejornais veremos imagens de ações terríveis praticadas por pessoas que jamais se poderia imaginar que fossem capazes de decair tanto.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


O aumento da corrupção no país: Brasil, que país é este?

Recentemente, a revista The Economist, talvez a mais importante publicação sobre a economia do mundo, mostrou, um retrato vergonhoso para o Brasil no que diz respeito ao aumento da corrupção no país, avaliação feita pela Transparência Internacional, que mede a corrupção em todos os países do mundo.

Autor: Ives Gandra da Silva Martins


O voto jovem nas eleições de 2024

O voto para menores de 18 anos é opcional no Brasil e um direito de todos os adolescentes com 17 ou 16 anos completos na data da eleição.

Autor: Wilson Pedroso