Portal O Debate
Grupo WhatsApp

O emprego e o desemprego em 2015

O emprego e o desemprego em 2015

25/03/2016 Clemente Ganz Lúcio

Graves restrições ao crescimento econômico trouxeram a recessão e o desemprego para o cotidiano dos trabalhadores.

Na última década (2004/2014), a dinâmica da geração de emprego, de queda do desemprego, crescimento dos salários, aumento do assalariamento e da formalização, entre outros fenômenos, mudou a realidade do mundo do trabalho no Brasil.

Mais empregos e melhores salários, aumento dos benefícios previdenciários, das transferências de renda assistencial e da oferta de crédito ampliaram a capacidade de consumo e de investimento das famílias.

As empresas produziram mais, cresceram, tiveram lucro, geraram mais empregos e um círculo virtuoso foi criado. Entretanto, a situação mudou drasticamente. Graves restrições ao crescimento econômico trouxeram a recessão e o desemprego para o cotidiano dos trabalhadores.

Os números que mostram o comportamento do mercado de trabalho metropolitano em 2015 foram divulgados pelo DIEESE e pela Fundação Seade, na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), e pelo IBGE, na Pesquisa Mensal de Emprego(PME).

Os dois levantamentos mostram a mudança situacional no comportamento do emprego e dos salários. O que se destaca são a intensidade e a velocidade da desestruturação. As taxas de desemprego crescem nas regiões metropolitanas.

O desemprego aberto medido pela PME, do IBGE, cresceu 2,0 p. p., passando de 4,8% (2014) para 6,8% (2015), o que representou aumento de 43% do contingente de desempregados. Segundo o DIEESE e a Fundação Seade, de 2014 para 2015, o desemprego cresceu em São Paulo de 10,8% para 13,2%; em Salvador, de 17,4% para 18,7%; em Fortaleza de 7,6% para 8,6% e; em Porto Alegre, de 5,9% para 8,7%.

A indústria de transformação e a construção civil continuaram puxando intensivamente o movimento de fechamento de postos de trabalho em 2015. Diferentemente de 2014, os setores de serviços e comércio não compensaram a queda da indústria e construção, parando as contratações ou demitindo.

Houve, portanto, recuo do número de trabalhadores ocupados. As consequências aparecem na redução do número de pessoas com carteira de trabalho assinada, algo que não se observava há uma década. Esse movimento indica que o aumento do assalariamento sem carteira e o trabalho autônomo ou por conta própria tendem a crescer.

O rendimento real dos ocupados voltou a cair (-3,7%), depois de uma década de aumentos contínuos, segundo o IBGE. Menos empregos e menores salários repercutem na redução da massa salarial, na qual se observou retração de (-5,3%).

O desemprego na indústria e construção atinge predominantemente chefes de família. Agora, o desemprego no comércio e nos serviços alcança os mais jovens e as mulheres. A desestruturação do orçamento muda a estratégia das famílias, exigindo que aqueles que não estavam no mercado de trabalho (jovens, mulheres, aposentados) comecem a procurar uma ocupação.

Esse movimento aumenta conforme as verbas resultantes da rescisão dos contratos de trabalho e do seguro-desemprego acabam. As famílias reduzem o consumo, suspendem investimentos na casa, deixam de pagar dívidas, perdem bens e patrimônio, abrem mão da formação escolar e profissional.

A economia continua girando com o pé no freio, sem crescer. É fundamental construir uma transição que promova a retomada do crescimento econômico, trazendo como componente estruturante a sustentação no médio e longo prazos.

As transformações distributivas que promoverão o bem-estar social e a qualidade de vida requerem uma dinâmica em que a atividade produtiva amplie a riqueza do país, gerando empregos de qualidade e dobrando a renda média da população. Um enorme desafio que exigirá grande lutas.

* Clemente Ganz Lúcio é Sociólogo, diretor técnico do DIEESE, membro do CDES – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e do Grupo Reindustrialização.



A importância do financiamento à exportação de bens e serviços

Observamos uma menor participação das exportações de bens manufaturados na balança comercial brasileira, atualmente em torno de 30%.

Autor: Patrícia Gomes


Empreendedor social: investindo no futuro com propósito

Nos últimos anos, temos testemunhado um movimento crescente de empreendedores que não apenas buscam o sucesso financeiro, mas também têm um compromisso profundo com a mudança social.

Autor: Gerardo Wisosky


Novas formas de trabalho no contexto da retomada de produtividade

Por mais de três anos, desde o surgimento da pandemia em escala mundial, os líderes empresariais têm trabalhado para entender qual o melhor regime de trabalho.

Autor: Leonardo Meneses


Desafios da gestão em um mundo em transformação

À medida que um novo ano se inicia, somos confrontados com uma miríade de oportunidades e desafios, delineando um cenário dinâmico para os meses à frente.

Autor: Maurício Vinhão


Desumanização geral

As condições gerais de vida apertam. A humanidade vem, há longo tempo, agindo de forma individualista.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


O xadrez das eleições: janela partidária permite troca de partidos até 5 de abril

Os vereadores e vereadoras de todo país que desejam trocar de partido têm até dia 5 de abril para realizar a nova filiação.

Autor: Wilson Pedroso


Vale a renúncia?

Diversos setores da economia ficaram surpresos com um anúncio vindo de uma das maiores mineradoras do mundo, a Vale.

Autor: Carlos Gomes


STF versus Congresso Nacional

Descriminalização do uso de drogas.

Autor: Bady Curi Neto


O que está acontecendo nos bastidores da Stellantis? Muitas brigas entre herdeiros

A Stellantis é rica, gigante, e a Stellantis South America, domina o mercado automobilístico na linha abaixo da Linha do Equador.

Autor: Marcos Villela Hochreiter

O que está acontecendo nos bastidores da Stellantis? Muitas brigas entre herdeiros

A verdade sobre a tributação no Brasil

O Brasil cobra de todos os contribuintes (pessoas físicas e jurídicas) sediados no território nacional, cerca de 33,71% do valor de todos os bens e serviços produzidos no país.

Autor: Samuel Hanan


Bom senso intuitivo

Os governantes, em geral, são desmazelados com o dinheiro e as contas. Falta responsabilidade na gestão financeira pública.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


População da Baixada quer continuidade da Operação Verão

No palanque armado na Praça das Bandeiras (Praia do Gonzaga), a população de Santos manifestou-se, no último sábado, pela continuidade da Operação Verão da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves