Portal O Debate
Grupo WhatsApp

O impacto econômico e social do analfabetismo

O impacto econômico e social do analfabetismo

10/03/2011 Fabio Arruda Mortara

A despeito dos avanços verificados nas duas últimas décadas, o ensino brasileiro, em especial no tocante às escolas públicas, segue abaixo de um padrão de excelência congruente com a meta nacional de desenvolvimento. O problema está muito evidente no Anuário Estatístico 2010 da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), que acaba de ser divulgado. O estudo desse importante organismo das Nações Unidas mostra que, em nosso país, a proporção de pessoas analfabetas é de 9,6%, acima da média de 8,3% registrada na região.

O índice leva em consideração os maiores de 15 anos incapazes de ler ou escrever, com clareza e entendimento, um relato simples e breve de sua própria vida cotidiana. Ou seja, indivíduos absolutamente despreparados para quaisquer postos de trabalho na economia contemporânea e totalmente excluídos do acesso à escrita e à leitura, essencial à formação mínima de todo cidadão.

Para se compreender de maneira mais clara a gravidade da situação apontada no relatório da Cepal, é importante cruzar os seus dados com informações da pirâmide demográfica nacional e alguns números do mercado da cadeia produtiva da comunicação gráfica. Com base na população atual de 190.732.694, os maiores de 15 anos (cerca de 89% do total, segundo o Censo 2010 do IBGE) são 169,75 milhões de habitantes. Se 9,6% destes não sabem ler e escrever, o número de brasileiros alijados desse direito essencial é de 16,3 milhões de pessoas.

Os reflexos mercadológicos dessa lamentável realidade não são menos graves. Se cada um desses brasileiros excluídos da sociedade do conhecimento soubesse ler e comprasse apenas e tão somente um livro por ano, o impacto nas vendas das 16,3 milhões de unidades seria de quase 4,5%, considerando a comercialização total de 370 milhões de exemplares/ano, apontada na edição mais recente da Pesquisa de Produção e Vendas do Mercado Editorial, realizada pela FIPE para a CBL e o SNEL. Caso cada uma dessas pessoas comprasse apenas dois cadernos por ano, ou seja, 32,6 milhões de exemplares, uma gráfica de grande porte especializada nesse segmento teria de trabalhar 46 dias, em período integral e utilizando toda a sua capacidade instalada (cerca de 700 mil unidades/dia), somente para atender a essa demanda específica.

Numericamente, os contingentes representados pelos brasileiros analfabetos são equivalentes à população integral do Chile ou da Holanda. Assim, incluí-los no mercado de consumo de todos os bens, produtos e serviços ao alcance de quem sabe ler e escrever significaria criar no próprio Brasil um mercado do tamanho do existente naqueles dois países. Na ponta da produção, o gargalo do ensino também apresenta consequências danosas, considerando o apagão de mão de obra explicitado de modo crescente por vários setores de atividade.

O flagelo do analfabetismo e a escolaridade de baixa qualidade transcendem, portanto, à questão social da exclusão, já suficientemente grave. É um problema a ser enfrentado com firmeza e eficácia pelas políticas das prefeituras, Estados e União, constitucionalmente responsáveis pela educação pública universal. A sociedade também precisa atuar no âmbito dessa meta, como têm feito as entidades de classe do setor gráfico, mobilizadas em prol da melhoria da formação de profissionais para o setor e da excelência do ensino no País.

*Fabio Arruda Mortara, M.A., MSc., empresário, é presidente do Sindicato da Indústria Gráfica no Estado de São Paulo (Sindigraf-SP) e diretor da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf).



A importância do financiamento à exportação de bens e serviços

Observamos uma menor participação das exportações de bens manufaturados na balança comercial brasileira, atualmente em torno de 30%.

Autor: Patrícia Gomes


Empreendedor social: investindo no futuro com propósito

Nos últimos anos, temos testemunhado um movimento crescente de empreendedores que não apenas buscam o sucesso financeiro, mas também têm um compromisso profundo com a mudança social.

Autor: Gerardo Wisosky


Novas formas de trabalho no contexto da retomada de produtividade

Por mais de três anos, desde o surgimento da pandemia em escala mundial, os líderes empresariais têm trabalhado para entender qual o melhor regime de trabalho.

Autor: Leonardo Meneses


Desafios da gestão em um mundo em transformação

À medida que um novo ano se inicia, somos confrontados com uma miríade de oportunidades e desafios, delineando um cenário dinâmico para os meses à frente.

Autor: Maurício Vinhão


Desumanização geral

As condições gerais de vida apertam. A humanidade vem, há longo tempo, agindo de forma individualista.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


O xadrez das eleições: janela partidária permite troca de partidos até 5 de abril

Os vereadores e vereadoras de todo país que desejam trocar de partido têm até dia 5 de abril para realizar a nova filiação.

Autor: Wilson Pedroso


Vale a renúncia?

Diversos setores da economia ficaram surpresos com um anúncio vindo de uma das maiores mineradoras do mundo, a Vale.

Autor: Carlos Gomes


STF versus Congresso Nacional

Descriminalização do uso de drogas.

Autor: Bady Curi Neto


O que está acontecendo nos bastidores da Stellantis? Muitas brigas entre herdeiros

A Stellantis é rica, gigante, e a Stellantis South America, domina o mercado automobilístico na linha abaixo da Linha do Equador.

Autor: Marcos Villela Hochreiter

O que está acontecendo nos bastidores da Stellantis? Muitas brigas entre herdeiros

A verdade sobre a tributação no Brasil

O Brasil cobra de todos os contribuintes (pessoas físicas e jurídicas) sediados no território nacional, cerca de 33,71% do valor de todos os bens e serviços produzidos no país.

Autor: Samuel Hanan


Bom senso intuitivo

Os governantes, em geral, são desmazelados com o dinheiro e as contas. Falta responsabilidade na gestão financeira pública.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


População da Baixada quer continuidade da Operação Verão

No palanque armado na Praça das Bandeiras (Praia do Gonzaga), a população de Santos manifestou-se, no último sábado, pela continuidade da Operação Verão da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves