O que esperar da CPI e do mensalão
O que esperar da CPI e do mensalão
Embora esse não seja o seu objetivo, a CPI do Cachoeira parece ter perdido o foco após a cassação do mandato do senador Demóstenes Torres.
Seus membros procuram agora outros temas fortes para manter vivo o interesse público em torno das apurações. Petistas e aliados apontam a mira para o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, e os tucanos acusam que petistas fazem tudo isso para criar uma cortina de fumaça em torno do julgamento do “mensalão”, que começa no dia 2 de agosto, no Supremo Tribunal Federal.
Seja uma coisa ou outra, ambas as posições são incondizentes com o interesse e a expectativa da população. Depois de tudo o que foi falado sobre Cachoeira e quanto ao mensalão, a grande aspiração pública é o deslinde dos dois malcheirosos esquemas que, em tempos distintos, funcionaram nas entranhas do poder.
Pouco importa ao povo saber se os atingidos serão petistas, tucanos, membros de outros partidos ou apartidários. A vontade nacional é ver totalmente apuradas as falcatruas de que tanto se tem falado tanto no esquema de Cachoeira quanto na pauta do dito mensalão.
E, mais que isso, restar a certeza de que os esquemas fraudulentos foram desmontados - para não se repetirem - e, na medida do possível, aqueles que meteram a mão no dinheiro público sejam compelidos a devolvê-lo aos cofres oficiais, além de sofrerem as sanções previstas na lei criminal. Apesar de ter grande arrecadação decorrente de uma das maiores cargas tributárias do mundo, o Brasil não consegue prestar bons serviços públicos à população, sempre carente de boas escolas, saúde eficiente, segurança publica e outros quesitos fundamentais à vida.
A queixa é de que faltam recursos mas, em contrapartida, a população é frequentemente bombardeada por informações de que esquemas criminosos desviam polpudas importâncias do dinheiro público através da conivência de políticos e servidores. Isso não pode continuar acontecendo, sob pena de a população desacreditar cada dia mais nos políticos e naqueles que têm a incumbência de gerir a máquina pública.
O “mensalão”, da forma que foi noticiado, demonstra ser a mais asquerosa forma de se fazer política. Representantes do povo, que passaram em nossas portas pedindo o nossos votos para a sua eleição, venderam os votos que lhes delegamos em troca de dinheiro que a tropa de choque do governo, através da fraude, retirava do cofre dos órgãos públicos.
No esquema, o povo foi enganado pelo menos duas vezes: pelo desvirtuamento do voto confiado ao parlamentar; e pelo desvio de recursos originalmente destinados a serviços públicos. O melhor que os srs. membros da CPI podem fazer é apurar a fundo tudo aquilo que o esquema de Cachoeira fez nos escaninhos da máquina pública, propor a cassação do mandato de outros agentes públicos eleitor que estiverem implicados e entregar os envolvidos à Justiça. Tudo sem delongas e rodeios...
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).