Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Os mitos na fase final da vida

Os mitos na fase final da vida

31/01/2017 Cicero Urban

Na fase final, o foco do tratamento deixa de ser a cura da doença e passa a ser a qualidade da vida do paciente.

Os mitos na fase final da vida

A morte há muito tempo deixou de ser um fenômeno predominantemente biológico e passou a ser um fenômeno predominantemente moral.


Discute-se muito mais hoje sobre quais seriam os direitos do paciente terminal, sobre o que seria uma boa morte, sobre a interrupção de tratamentos inúteis, ou mesmo sobre ortotanásia, distanásia e eutanásia do que sobre o fenômeno morte e suas consequências biológicas.

Esse interesse mudou exatamente porque ela passou a acontecer com mais frequência dentro dos hospitais, longe do ambiente familiar e com uma instrumentalização muito maior que a que estava presente no início do século passado.

Se naquele tempo o temor era de uma morte precoce, por doenças infecciosas, hoje o que preocupa é ter de passar por um período prolongado de sofrimento até o desfecho final. O professor Umberto Veronesi afirma, em sua obra sobre o direito de morrer, que “o sofrimento sempre foi considerado por muitos séculos como uma força purificadora, mas o mal induz o doente a se esquecer da necessidade da busca da divindade. E a dor o afasta de Deus”.

A dor e o sofrimento não são, portanto, um caminho de salvação, mas sim de superação e crescimento humanos. Contudo, diversos fatores afetam o relacionamento médico-paciente na fase final da vida. Infelizmente alguns mitos podem tornar a morte ainda mais difícil e nem sempre passível de superação.

Não é raro, por exemplo, que se diga que as pessoas não querem falar sobre a morte ou sobre o tempo que elas têm de vida. Na realidade é justamente o contrário. A maioria delas quer, sim, e esta “conspiração do silêncio” tira do paciente terminal a oportunidade de resolver muitos dos seus problemas ainda em vida.

Isso gera ainda mais angústia. Assim, é preciso perguntar aos pacientes o que eles realmente desejam saber sobre sua doença. Outro mito é de que, se os pacientes souberem da doença, podem ficar deprimidos. Contudo, a depressão é duas a três vezes mais frequente em quem não consegue discutir seus problemas com seus familiares e, dessa forma, também não consegue planejar seu futuro.

Claro que é necessário individualizar caso a caso, pois existem pacientes que já têm depressão antes do diagnóstico e precisam de atenção especial. Duas outras situações também são frequentes. Uma delas é achar que, se o paciente vai para os cuidados paliativos, ele vai morrer mais cedo.

É justamente o contrário – os pacientes sob cuidados paliativos vivem mais e melhor. O outro mito é de que nós, médicos, realmente não conseguimos fazer previsões realísticas sobre o prognóstico. Pode-se, sim, prever a gravidade de uma doença, ou mesmo saber se o paciente está em fase terminal com razoável precisão.

Por outro lado, quando os médicos superestimam o prognóstico do paciente, é mais frequente que eles acabem fazendo quimioterapia ou sigam para unidades de terapia intensiva nas últimas semanas de vida. Ambos são inadequados.

Na fase final, o foco do tratamento deixa de ser a cura da doença e passa a ser a qualidade da vida no tempo que resta ao paciente. Todas essas mudanças culturais não são fáceis de implementar. Elas requerem um amadurecimento e um preparo maior dos médicos e da sociedade como um todo em aceitar os limites da medicina. E mais ainda: aceitar que a morte nem sempre significa uma derrota.

* Cicero Urban é médico oncologista e mastologista e vice-presidente do Instituto Ciência e Fé, em Curitiba, é coordenador de Medicina na Universidade Positivo.



As histórias que o padre conta

“Até a metade vai parecer que irá dar errado, mas depois dá certo!”

Autor: Dimas Künsch


Vulnerabilidades masculinas: o tema proibido

É desafiador para mim escrever sobre este tema, já que sou um gênero feminino ainda que com certa energia masculina dentro de mim, aliás como todos os seres, que tem ambas as energias dentro de si, feminina e masculina.

Autor: Viviane Gago


Entre o barril de petróleo e o de pólvora

O mundo começou a semana preocupado com o Oriente Médio.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Nome comum pode ser bom, mas às vezes complica!

O nosso nome, primeira terceirização que fazemos na vida, é uma escolha que pode trazer as consequências mais diversas.

Autor: Antônio Marcos Ferreira


A Cilada do Narcisista

Nelson Rodrigues descrevia em suas crônicas as pessoas enamoradas de si mesmas com o termo: “Ele está em furioso enamoramento de si mesmo”.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Brasil, amado pelo povo e dividido pelos governantes

As autoridades vivem bem protegidas, enquanto o restante da população sofre os efeitos da insegurança urbana.

Autor: Samuel Hanan


Custos da saúde aumentam e não existe uma perspectiva que possa diminuir

Recente levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que os brasileiros estão gastando menos com serviços de saúde privada, como consultas e planos de saúde, mas desembolsando mais com medicamentos.

Autor: Mara Machado


O Renascimento

Hoje completa 2 anos que venci uma cirurgia complexa e perigosa que me devolveu a vida quase plena. Este depoimento são lembranças que gostaria que ficasse registrado em agradecimento a Deus, a minha família e a vários amigos que ficaram ao meu lado.

Autor: Eduardo Carvalhaes Nobre


Argentina e Venezuela são alertas para países que ainda são ricos hoje

No meu novo livro How Nations Escape Poverty, mostro como as nações escapam da pobreza, mas também tenho alguns comentários sobre como países que antes eram muito ricos se tornaram pobres.

Autor: Rainer Zitelmann


Marcas de um passado ainda presente

Há quem diga que a infância é esquecida, que nada daquele nosso passado importa. Será mesmo?

Autor: Paula Toyneti Benalia


Quais são os problemas que o perfeccionismo causa?

No mundo complexo e exigente em que vivemos, é fácil se deparar com um padrão implacável de perfeição.

Autor: Thereza Cristina Moraes


De quem é a América?

Meu filho tinha oito anos de idade quando veio me perguntar: “papai, por que os americanos dizem que só eles vivem na América?”.

Autor: Leonardo de Moraes