Parada Gay ou micareta “cristofóbica”?
Parada Gay ou micareta “cristofóbica”?
Senhoras e senhores, cidadãos brasileiros, outra vez, como dantes, no quartel de Abrantes, os autointitulados “tolerantes e defensores da convivência pacífica e amorosa entre todos os seres humanos”, se comportam como os mais “fascistóides” e os mais despreocupados com os sentimentos e convicções alheias.
E mais uma vez, por isso mesmo, seus defensores “massa de manobra” se erguem para justificar o ato, para fazer o “seu errado” parecer mais “certo” que o erro dos outros, para sustentar a nobreza do malfeito a partir de uma suposta “boa causa” – aliás, como sempre fazem.
Estou falando da Parada Gay realizada em São Paulo no último domingo (7/6). Foram visíveis, sobre carros de som e desfilando em meio à festança animada, imagens desqualificando motivos cristãos.
Um transexual ensanguentado e crucificado, como que a representar os gays sendo massacrados pelos “homofóbicos cristãos”, foi a mais emblemática, a se somar a um histórico já longevo de provocações estúpidas e achincalhes com a crença religiosa da maior parte da população.
Não tanto para minha surpresa, ao tecer críticas a isso em espaço pessoal, fui apelidado gentilmente de “homofóbico”. Curiosamente também, vi pessoas justificando tal atitude alegando que certas vezes é preciso gritar e chocar para ser ouvido.
Não discordo de que eventualmente isso possa ser verdade, mas dentro de certos limites de pudor; do contrário, estaremos apenas assumindo nossa incompetência para o comportamento civilizado e nos comportando de maneira mais raivosa que animais.
Os afobados em distorcer já virão logo dizendo: “seria você mais um obscurantista defendendo a censura?” De jeito algum! Manifestem-se! Gritem as bobagens ofensivas que quiserem, demonstrando a todos o quanto são baixos!
Os “não-me-toques” infantis do politicamente correto estão, em sua esmagadora maioria, com o “outro lado”. Isso, diga-se de passagem, a despeito de o artigo 208 do Código Penal determinar que esse tipo de escárnio público é crime, concorde-se ou não com a legislação.
Entretanto, façam isso com recursos privados! Uma vez mais, os “pseudo-defensores” dos oprimidos e da “vontade popular” se utilizam dos recursos públicos, dos pagadores de impostos, para impor agendas e ofendê-los.
Os que estão de acordo com esse absurdo não percebem que a maior parte da população brasileira tem um referencial cristão, qualquer que seja a denominação religiosa que abrace, e tem apreço por esses símbolos religiosos.
Estão lá estampados, para quem quiser ver, os patrocínios do governo federal, das estatais e da prefeitura. Não há argumento que torne justo agredir esses valores e símbolos usando o dinheiro deles! Quem se revoltar por estar pagando para ser insultado é um “intolerante homofóbico” ou é, ao fim das contas, vítima de um verdadeiro ROUBO?
Esse é o mérito da questão: ninguém deveria ser obrigado a pagar para que destratem seus símbolos religiosos. E não é, apresso-me a dizer para evitar desmerecimentos do meu ponto de vista – mesmo sabendo que são inevitáveis, e que não deveria ser necessário destacar isso –, um católico ou protestante quem está falando.
“Não é um insulto”, alegam os iluminados. “Trata-se de uma metáfora para o sofrimento dos homossexuais, crucificados e mortos todos os dias. É arte”.
A bandeira é nobre; infelizmente há muita perseguição aos homossexuais, especialmente em países dominados por teocracias islâmicas ou regimes autoritários simpáticos ao nosso atual governo. O governo, diga-se de passagem, do partido do prefeito paulista, Fernando Haddad, que se orgulhou de ter patrocinado o “evento educativo” deste domingo.
Nelson Rodrigues falava dos “idiotas da objetividade”. Hoje, ele certamente se indignaria com a “idiotia da subjetividade” que grassa nos discursos esfarrapados com que temos sido obrigados a conviver. Há sempre uma “metáfora construtiva”, uma mensagem de “impacto moral imperioso e necessário”, em suma, um bizarro argumento subjetivo para justificar as palhaçadas mais objetivas.
Em um país em que se inflam os números para ressaltar características específicas das vítimas, quando deveríamos estar, na boa e velha linguagem liberal, clamando pela segurança pública para todos, pelo direito de todo cidadão brasileiro não sair às ruas todos os dias receando tanto por sua integridade física; em um país em que se passa a mensagem de que a vítima é mais “oprimida” ou digna de consideração por ser dessa ou daquela “categoria” – negros, gays, mulheres -, não nos surpreende mais que a afronta deselegante seja considerada uma simbólica mensagem instrutiva.
Pelo fato de existirem alguns pitboys energúmenos e um ou outro homofóbico real, e não nego isso, já se desenha uma onda surreal de radicalismo e violência tendo lugar em um país em que a afronta desses segmentos do movimento LGBT ao povo é feita a céu aberto sem qualquer problema.
Atreva-se a atacar grupos organizados que se arvoram em representar integralmente uma parte da população, que você automaticamente estará atacando toda essa parte, que jamais cedeu procuração a essas entidades e organizações. Garanto que muitos homossexuais reprovam a atitude tomada no evento e estão de acordo com as ideias que expresso aqui.
A Parada Gay, a seguir por esse caminho, será uma ode periódica à ofensa, sustentada pelos ofendidos. Infelizmente, se reduzirá a uma verdadeira “micareta cristofóbica” (para parafraseá-los em seu constante uso da expressão “homofobia”), e não uma manifestação centrada em pautas reais e realizada dentro dos mínimos procedimentos de urbanidade.
Não foi apenas nesse evento; muitos outros deboches vêm sendo realizados pelas militâncias LGBT sob o falso pretexto de que, em posição inferior, precisam atacar injuriosamente as “maiorias” para transparecer vitoriosos na discussão. Não podemos nos censurar diante desses pavoneios por meras conveniências.
A verdade sempre incomodará a alguns ou a muitos, mas é preciso declará-la em alto e bom som se quisermos estar em paz com nossa consciência e sanear os ares em nosso amado país.
* Lucas Berlanza é Acadêmico de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, na UFRJ, assessor de imprensa e colunista do Instituto Liberal.