Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Planejar é preciso!

Planejar é preciso!

10/12/2015 Rafael Cervone

Quem trabalha e produz precisa de um horizonte e terreno firme para caminhar.

Para quem sofre no cotidiano as graves consequências do momento atual da nossa economia e acompanha com perplexidade a falta de articulação do Executivo e Legislativo ante a grave crise nacional, não foi surpresa alguma a revisão para 3% das previsões do FMI (Fundo Monetário Internacional) quanto à queda do PIB brasileiro em 2015, seguida de retração de 1% em 2016.

O diagnóstico que subsidiou a nova avaliação está correto, considerando o rebaixamento de nosso grau de investimento por duas agências internacionais de avaliação de risco, o rombo no orçamento da União para o próximo ano, a redução imensa dos investimentos da Petrobras e a queda no nível de confiança do empresariado.

Enquanto retrocedemos, enfrentando pesada burocracia, juros fora de propósito, impostos muito altos e uma legislação trabalhista antiquada, engessada e superprotetora, a maioria dos países desenvolvidos e emergentes cresce e nos deixa para trás.

Somente a Rússia, dentre as grandes economias, terá desempenho pior do que o do Brasil este ano. Na América do Sul, apenas a Venezuela terá resultado inferior ao nosso. Terminaremos 2015, segundo o FMI, como a nona maior economia mundial.

Perdemos duas posições, pois em 2014 estávamos em sétimo lugar. Fomos ultrapassados pela Índia, que crescerá 7,3% em 2015, e a Itália. A China avançará “apenas” 6,8%. Como se não bastasse, ainda estamos sendo os “culpados”, no estudo do FMI, pela retração de 0,3% da América Latina e do Caribe.

É a primeira vez, desde 2009, que a região passa por um processo de recessão. Devido ao tamanho da economia brasileira, o nosso retrocesso de 3% tem forte impacto em todo o continente. Relatório da CEPAL (Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe) contrasta um pouco com os dados do Fundo Monetário Internacional, mas é congruente quanto ao desempenho das economias na região, que prevê crescimento de 0,5% este ano.

No entanto, para a América do Sul a previsão é de recuo de 0,4%, puxado pelo Brasil; a América Central e o México terão expansão de 2,8% e o Caribe, 1,7%. Agora, o próprio governo brasileiro admite que a retração de nosso PIB em 2015 será de 2,8%. Percebe-se que nosso país está carente de direção.

Há uma ansiedade do governo em encontrar soluções de emergência para reparar o abismo fiscal que ele próprio provocou, gastando muito mais do que arrecada. Porém, as medidas de contenção das despesas são frágeis, as decisões são lentas e a solução acaba recaindo, como sempre, na desgastada e equivocada fórmula de subtrair ainda mais recursos da sociedade e dos sistemas produtivos, embora ninguém mais suporte aumentos de tributos no Brasil.

Além da crise político-econômica, ética e moral, a grave conjuntura da economia nacional também se deve à ausência de planejamento de médio e longo prazos em todas as esferas de poder. Seguimos à base do improviso, com medidas cujo alcance nunca ultrapassa o horizonte das próximas eleições e das campanhas eleitorais. São decisões muitas vezes guiadas pelas pesquisas de opinião e raramente focadas no futuro do País.

Agora, repete-se o erro, com foco exclusivo na solução contábil para o orçamento da União em 2016. Mesmo que se consiga equilibrar as despesas e as receitas e se produza um superávit primário no próximo ano, à custa de maior tributação das empresas e pessoas físicas, a crise não se dissipará.

Será apenas atenuada até que a estrutura pouco eficiente do Estado volte a produzir déficit, num círculo vicioso cada vez mais insustentável. A solução real e concreta precisa ser baseada numa mudança séria e profunda da cultura governamental, promoção de avanços estruturais nas políticas públicas e construção de uma agenda para a economia e o desenvolvimento, tornando o Estado brasileiro muito mais enxuto, eficiente, menos intervencionista e muito menos burocrático.

O anúncio de um planejamento consistente e exequível, com visão de médio e longo prazos, já ajudaria muito a combater a crise, pois resgataria a confiança das empresas, famílias e consumidores. O Brasil precisa de um projeto de país no qual se incluam a redução dos impostos, efetiva responsabilidade fiscal, menores juros, estratégia cambial bem calibrada, regras do jogo bem definidas e previsíveis, política industrial horizontal e recursos disponíveis e mais baratos para financiamentos produtivos.

Quem trabalha e produz precisa de um horizonte e terreno firme para caminhar. Está na hora de se deixarem de lado disputas e interesses pessoais para assumirmos de fato o compromisso de um pacto de governabilidade, pensando no futuro do Brasil e seus valorosos cidadãos.

* Rafael Cervone é presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).



As histórias que o padre conta

“Até a metade vai parecer que irá dar errado, mas depois dá certo!”

Autor: Dimas Künsch


Vulnerabilidades masculinas: o tema proibido

É desafiador para mim escrever sobre este tema, já que sou um gênero feminino ainda que com certa energia masculina dentro de mim, aliás como todos os seres, que tem ambas as energias dentro de si, feminina e masculina.

Autor: Viviane Gago


Entre o barril de petróleo e o de pólvora

O mundo começou a semana preocupado com o Oriente Médio.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Nome comum pode ser bom, mas às vezes complica!

O nosso nome, primeira terceirização que fazemos na vida, é uma escolha que pode trazer as consequências mais diversas.

Autor: Antônio Marcos Ferreira


A Cilada do Narcisista

Nelson Rodrigues descrevia em suas crônicas as pessoas enamoradas de si mesmas com o termo: “Ele está em furioso enamoramento de si mesmo”.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Brasil, amado pelo povo e dividido pelos governantes

As autoridades vivem bem protegidas, enquanto o restante da população sofre os efeitos da insegurança urbana.

Autor: Samuel Hanan


Custos da saúde aumentam e não existe uma perspectiva que possa diminuir

Recente levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que os brasileiros estão gastando menos com serviços de saúde privada, como consultas e planos de saúde, mas desembolsando mais com medicamentos.

Autor: Mara Machado


O Renascimento

Hoje completa 2 anos que venci uma cirurgia complexa e perigosa que me devolveu a vida quase plena. Este depoimento são lembranças que gostaria que ficasse registrado em agradecimento a Deus, a minha família e a vários amigos que ficaram ao meu lado.

Autor: Eduardo Carvalhaes Nobre


Argentina e Venezuela são alertas para países que ainda são ricos hoje

No meu novo livro How Nations Escape Poverty, mostro como as nações escapam da pobreza, mas também tenho alguns comentários sobre como países que antes eram muito ricos se tornaram pobres.

Autor: Rainer Zitelmann


Marcas de um passado ainda presente

Há quem diga que a infância é esquecida, que nada daquele nosso passado importa. Será mesmo?

Autor: Paula Toyneti Benalia


Quais são os problemas que o perfeccionismo causa?

No mundo complexo e exigente em que vivemos, é fácil se deparar com um padrão implacável de perfeição.

Autor: Thereza Cristina Moraes


De quem é a América?

Meu filho tinha oito anos de idade quando veio me perguntar: “papai, por que os americanos dizem que só eles vivem na América?”.

Autor: Leonardo de Moraes