Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Qual é o mérito da meritocracia?

Qual é o mérito da meritocracia?

22/12/2014 Daniel Schnaider

A meritocracia – ou a forma de gestão baseada no mérito individual – é um tema de conflitos dentro das organizações.

Por um lado, as pessoas não gostam de ser avaliadas e de ter seu trabalho mensurado ou criticado. Por outro, as organizações que adotam a filosofia meritocrática tendem a ser mais eficientes quando comparadas àquelas influenciadas por poder, nepotismo e favores. No entanto, a organização meritocrática está longe de ser perfeita. Estudos empíricos comprovam que essa modalidade de governança gera uma desigualdade baseada em fatores de gênero, cor e status social como critério de seleção para os cargos de liderança e para os maiores salários.

Há perguntas fundamentais que devem ser feitas quando pensamos em questionar a validade do modelo meritocrático: o que é bom e o que é ruim? Quem julga o mérito é objetivo? O funcionário acredita no modelo? Em primeiro lugar: o que é bom e o que é ruim? Parece uma pergunta óbvia e simplista, mas veja o seguinte caso. Em 2007, E. Stanley O'Neal, então CEO da Merrill Linch, era considerado um gênio, que levou as ações da empresa a serem negociadas a US$ 95.

A crise não tardou a chegar e, quando o preço das ações caiu para US$ 59, ele foi demitido. Neste caso, muito valor era dado para resultados de curto prazo e o mérito, por sua vez, era dado para alguns dos mais irresponsáveis, que conseguiam trazer resultados que podiam, todavia, comprometer o futuro da empresa. O que se pode apreender dessa questão? É importante ter objetivos de curto, médio e longo prazo bem definidos, e ter conhecimento explícito do apetite de risco dos acionistas.

Segunda pergunta: quem julga se o mérito é objetivo? A lógica da subjetividade impera no mundo corporativo. Em certa multinacional, encontramos um representante comercial que foi selecionado dentro de um programa específico para talentos. O profissional era fantástico, o melhor vendedor de um time composto por dez funcionários. Porém, o indivíduo recebia o menor bônus de sua equipe. A verdade é que todos os outros profissionais tinham de uma a três décadas de casa.

Em suma, relacionamento com o chefe era pessoal. Nosso amigo estava sendo passado para trás e tinha perdido valores significativos em bonificações. O que se pode apreender dessa questão? Meritocracia não funciona quando há pessoalidade, subjetividade ou quando não há isonomia, moralidade, igualdade e legalidade. Por fim, o funcionário acredita no modelo? Na Universidade Haptuha, em Israel, com aproximadamente 70 mil estudantes, existia um modelo meritocrático clássico.

Os melhores professores ganhavam mais; bem mais. Como funcionava? A mesma matéria era ensinada por vários professores. O aluno é quem escolhia com que professor gostaria de estudar, com base nas avaliações dos estudantes dos anos anteriores. Naturalmente, aquele professor mais escolhido ganhava mais, de forma proporcional ao número de alunos inscritos em seu curso. O resultado foi uma greve dos professores, uma vez que a maioria naturalmente não se destacava e ganhava bem menos.

Mas este é um caso atípico. Na maioria das empresas não há greve. O que se vê são simplesmente funcionários desmotivados, insatisfeitos e que reprimiram esses sentimentos. O que se pode apreender disso? Se não houver confiança entre os gestores e os subordinados, o modelo meritocrático não funcionará. Para a implantação de uma política meritocrática em uma empresa, é preciso criar um ambiente, uma cultura e dar as condições para que o indivíduo possa de fato progredir; caso contrário, outros fatores influenciarão nos critérios de seleção.

Por exemplo, em uma financeira no Rio de Janeiro, uma das principais gestoras começou como recepcionista e subiu na hierarquia por suas habilidades. Já em uma multinacional americana, uma secretária avançou rapidamente na pirâmide para cargos avançados por ter se casado com um dos diretores da filial. Essas estórias formam o núcleo do ethos da entidade e definiram a camisa que cada indivíduo irá vestir – seja ela a da meritocracia ou não.

*Daniel Schnaider é Consultor de negócios, sócio do SCAI Group.



Dia de Ogum, sincretismo religioso e a resistência da umbanda no Brasil

Os Orixás ocupam um lugar central na espiritualidade umbandista, reverenciados e cultuados de forma a manter viva a conexão com as divindades africanas, além de representar forças da natureza e aspectos da vida humana.

Autor: Marlidia Teixeira e Alan Kardec Marques


O legado de Mário Covas ainda vive entre nós

Neste domingo, dia 21 de abril, Mário Covas completaria 94 anos de vida. Relembrar sua vida é resgatar uma parte importante de nossa história.

Autor: Wilson Pedroso


Elon Musk, liberdade de expressão x TSE e STF

Recentemente, o ministro Gilmar Mendes, renomado constitucionalista e decano do Supremo Tribunal Federal, ao se manifestar sobre os 10 anos da operação Lava-jato, consignou “Acho que a Lava Jato fez um enorme mal às instituições.”

Autor: Bady Curi Neto


Senado e STF colidem sobre descriminalizar a maconha

O Senado aprovou, em dois turnos, a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) das Drogas, que classifica como crime a compra, guarda ou porte de entorpecentes.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


As histórias que o padre conta

“Até a metade vai parecer que irá dar errado, mas depois dá certo!”

Autor: Dimas Künsch


Vulnerabilidades masculinas: o tema proibido

É desafiador para mim escrever sobre este tema, já que sou um gênero feminino ainda que com certa energia masculina dentro de mim, aliás como todos os seres, que tem ambas as energias dentro de si, feminina e masculina.

Autor: Viviane Gago


Entre o barril de petróleo e o de pólvora

O mundo começou a semana preocupado com o Oriente Médio.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Nome comum pode ser bom, mas às vezes complica!

O nosso nome, primeira terceirização que fazemos na vida, é uma escolha que pode trazer as consequências mais diversas.

Autor: Antônio Marcos Ferreira


A Cilada do Narcisista

Nelson Rodrigues descrevia em suas crônicas as pessoas enamoradas de si mesmas com o termo: “Ele está em furioso enamoramento de si mesmo”.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Brasil, amado pelo povo e dividido pelos governantes

As autoridades vivem bem protegidas, enquanto o restante da população sofre os efeitos da insegurança urbana.

Autor: Samuel Hanan


Custos da saúde aumentam e não existe uma perspectiva que possa diminuir

Recente levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que os brasileiros estão gastando menos com serviços de saúde privada, como consultas e planos de saúde, mas desembolsando mais com medicamentos.

Autor: Mara Machado


O Renascimento

Hoje completa 2 anos que venci uma cirurgia complexa e perigosa que me devolveu a vida quase plena. Este depoimento são lembranças que gostaria que ficasse registrado em agradecimento a Deus, a minha família e a vários amigos que ficaram ao meu lado.

Autor: Eduardo Carvalhaes Nobre