Socorro, estou sendo vítima de assédio moral onde trabalho
Socorro, estou sendo vítima de assédio moral onde trabalho
A coisa é tão grave que se parece com um holocausto.
A crônica cotidiana do jornalismo não deixa de denunciar constantemente o processo de reengenharia pelo qual passam centenas de empresas brasileiras para reduzir seu quadro de empregados, tudo com o objetivo de cortar custos.
Imbuídos do desejo de enxugar o número de funcionários muitos gestores estão praticando táticas absurdas e desumanas, violando todas as normas jurídicas de proteção ao empregado. O pesadelo dentro das empresas é descrito e relatado pelas vítimas e os detalhes dessa maldade equiparam este fenômeno ao purgatório.
Vamos além, a coisa é tão grave que se parece com um holocausto. Para dar cabo à redução de funcionários, as empresas utilizam como ferramenta capital, o assédio moral em seus vários métodos bárbaros.
Em grande parte, colocam alguns empregados na geladeira, praticam transferências com intuito de humilhar ou dificultar a rotina familiar do empregado, exigem desempenho desmedido, impõem metas absurdas e fazem cobranças em forma de tortura; usam e abusam de recursos como as teleconferências e ranqueamentos para minar os sentimentos mais íntimos do trabalhador; tudo com o objetivo de desestabilizar o empregado e forçar que ele faça o pedido de demissão.
Usar do assédio moral para se livrar dos empregados a baixo custo é uma das formas mais cruéis de gestão da pós-modernidade. Causa espanto que a violência física e psicológica perpetrada sobre os empregados não seja objeto de uma análise mais criteriosa dos sindicatos.
Aliás, o movimento sindical brasileiro precisa urgentemente de uma atuação pesada que possa coibir esse abuso de direito e essas práticas cruéis no meio empresarial. É inquestionável e gritante para os minimamente atentos, que existe realmente um holocausto premeditado dentro das empresas e uma cultura gerencial nociva, em que o objetivo é se livrar do empregado ao menor custo possível através de violência psicológica.
É hora de gritar aos órgãos Judiciais, ao Ministério Público do Trabalho e aos sindicatos para chamar a atenção de todos eles, antes que a tática praticada se torne uma verdadeira ideologia. O alarme para a gravidade do momento e desta situação, já começou a soar. Acudam.
* Maria Inês Vasconcelos é Advogada Trabalhista, especialista em direito do trabalho, professora universitária, escritora.