A hora é agora
A hora é agora
É importante aceitar mentalmente que agora é a “hora das mulheres”.
Eu estava almoçando no belo jardim de um restaurante, quando uma senhora perguntou se poderia sentar-se à minha mesa. Disse que sim e continuei trabalhando e almoçando. Mas senti que tínhamos de conversar, mesmo sem saber como ela reagiria. Era a primeira vez que falaria com uma pessoa estranha na cidade suíça de Biel. Para minha surpresa, conversamos por mais de uma hora! Trocamos muitas idéias políticas, mas principalmente espirituais.
Nossa conversa me fez lembrar do que aconteceu com Nabila Rifo, de Coyhauque, Chile, vítima de tentativa de femicídio, lesões e estupro violento. O que aconteceu com Nabila tocou os corações de muitos e “chocou o país”, pela ação tão brutal de seu parceiro, devido ao uso de álcool.
Infelizmente, muitos não sabem que casos como esse ocorrem em vários lugares, e mulheres e crianças sofrem em silêncio, talvez pelo sentimento inconcebível de que talvez mereçam tal castigo, ou porque amem o violador, ou por medo, ou por vergonha de denunciar o agressor e serem expostas ao público.
Tais casos são esquecidos em um mundo desconhecido e disfarçado pelas aparências. Mas, mesmo quando não há justiça humana, ou seja, a punição necessária para o agressor, as vítimas podem encontrar uma solução: a cura mental e emocional para seguir adiante. Isso foi exatamente o que aconteceu com a senhora que conheci em Biel.
Ao trocar idéias sobre a espiritualidade e sua importância para encontrar equilíbrio e paz interior, aquela senhora me contou que era cristã, acreditava em Deus e em algumas partes da Bíblia. O pai, sob a influência de álcool, maltratava muito a ela e a seus irmãos quando pequenos. A mãe não os defendia. Pelo contrário, como o marido a agredia, ela também batia nos filhos.
“Como posso pensar de honrar pais como esses? Não é impossível?” Ela se referia ao Quinto Mandamento bíblico. Expliquei-lhe que a Ciência Cristã ensina que Deus é nosso Pai-Mãe, por isso, pensamos em honrar a Deus. Ela sorriu e disse: “Ah, com isso eu concordo e posso fazê-lo.”
Continuou contando-me a sua história. Quando se tornou maior de idade, saiu de casa, mas o pesadelo da vida com os pais continuava com ela. Até que um dia, talvez por ler algo ou por uma simples mensagem de Deus, veio-lhe o pensamento: “Enquanto você continuar revivendo o passado, estará presa a seus pais. Viva o agora e liberte-se do passado!”
Assim, conseguiu sentir-se livre, e desde essa época, vive o agora; não o passado; não o futuro. Ela teve uma vida normal, com filhos que cresceram saudáveis e estão bem. Seus irmãos também tiveram uma vida bem sucedida, sem dramas.
Ela vive com gratidão e alegria, sentindo que nada pode impedir o seu desenvolvimento.
Todos podemos ter essa atitude em relação à vida.
“Chegou a hora da mulher, com toda a sua doçura e suavidade, bem como com reformas morais e religiosas.” (Não e Sim, p.45:19).
É importante aceitar mentalmente que agora é a “hora das mulheres”. Assim, colaboramos para que mulheres e crianças não sofram como Nabila ou como a senhora que conheci. Elas podem superar as cicatrizes do passado e o sofrimento proveniente do abuso; podem seguir em frente e ajudar a formar um mundo mais justo, igualitário e não-violento.
Deus é o verdadeiro Pai e Mãe de todos nós, homens, mulheres, jovens e crianças; todos criados com a capacidade de viver em harmonia e de controlar impulsos; de expressar sabedoria, respeito e igualdade em tudo o que fazemos.
* Leide Lessa é conferencista e professora de Ciência Cristã. Escreve reflexões sobre a espiritualidade e a vida. E-Mail: [email protected] Twitter: @LeideLessa