Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Greenwashing: a maquiagem que custa caro

Greenwashing: a maquiagem que custa caro

21/09/2022 Renan Vargas

Tratar sobre o meio ambiente e a importância de preservá-lo é um assunto que está cada vez mais recorrente.

Greenwashing: a maquiagem que custa caro

Não apenas nos círculos sociais ativistas dessa causa, as pessoas têm reconhecido e internalizado a importância de conhecer e implementar mais ações sustentáveis no seu dia a dia. 

Naturalmente, essa tendência tem sido refletida também nas relações comerciais e de marketing: percebe-se que mais produtos e propagandas com selos sustentáveis e orgânicos passaram a encher as prateleiras dos supermercados e chegar às casas dos consumidores. 

É possível afirmar que isso está se desenvolvendo a nível global, mas de fato o Brasil vem se destacando quando se trata de priorizar marcas que se mostram responsáveis por produtos sustentáveis.

Segundo uma pesquisa lançada pelo Capterra e divulgada em 2021, 7 em cada 10 brasileiros confirmaram que são influenciados a escolher produtos ou selecionar fornecedores quando eles estão relacionados a ações sustentáveis. 

Demonstraram também que preço não é um problema: 47% dos brasileiros entrevistados afirmaram que concordam, de alguma maneira, que o preço atribuído a esses produtos é justo. 

Apesar desses dados apontarem o que deveria ser uma mudança positiva do direcionamento das empresas para uma produção com menor impacto ambiental no mundo, essa nova realidade gerou um comportamento massivo de empresas que ficou conhecido como greenwashing. 

A maquiagem 

O greenwashing, ou lavagem verde (em tradução livre), foi uma infeliz consequência do aumento pela procura de produtos ecofriendly, que acontece quando alguma marca adiciona aos seus anúncios, notas nas redes ou peças publicitárias, algum indício que dá a falsa aparência de que os seus processos e produtos são sustentáveis, levando o consumidor ao erro. 

Essas empresas e marcas apresentam uma verdade maquiada, para atender ao quesito sustentabilidade. Desta forma, é importante pontuar que isso também acontece por uma pressão decorrente de extremismos que são resultado dessa busca por mais sustentabilidade. 

Disso vem o medo de ser “cancelado”, o temor do “cancelamento”. Esse termo tem se tornado muito popular por representar o comportamento de exclusão que as pessoas têm se mobilizado tanto nas redes sociais como em padrões de consumo, que é baseado no fato das empresas alcançarem ou não suas expectativas relacionadas a valores morais sobre o que consideram certo e errado. 

Este é apenas um exemplo de como essa onda de cancelamentos tem funcionado e afetado o trabalho de marcas, sobretudo suas ações relacionadas à publicidade. Um outro termo, o “pink washing”, é usado em uma circunstância parecida: quando há a associação de marcas com um apoio ao público LGBTQIA+ com o único intuito de captar mais consumidores, e não um suporte genuíno à causa. 

Medidas de aparência

É possível observar que as marcas agem desta forma não com o intuito de fazer o que é correto sustentavelmente falando, mas de fazer o que as pessoas acham que é correto. Isso para que se encaixem neste contexto e possam estabelecer boas relações com potenciais públicos consumidores. 

A grande problemática nesta questão é investir muito em manter as aparências, deixando de se posicionar e não realizando ações concretas que beneficiem o meio ambiente. 

Isso é arriscado, pois pode gerar um ciclo vicioso de cancelamento em massa e ainda mais greenwashing, o que, na prática, não beneficia ninguém. Ou há um benefício momentâneo para a marca, mas pode custar sua reputação e respeito estabelecido com clientes fiéis. 

E o preço cobrado é bastante alto: quando atos de greenwashing são comprovados, a empresa comprovadamente perde credibilidade no mercado, além de enfrentar questões judiciais. 

Um exemplo disso pode ser observado no caso da fabricante de café Keurig Canada, que fez declarações falsas sobre reciclar suas cápsulas de café e foi multada em 3 milhões de dólares canadenses. 

O desperdício de forças direcionado ao greenwashing pode ser direcionado para mudanças, mesmo que pequenas, mas significativas, que de fato impactam positivamente para o mundo e para a própria empresa. Outro exemplo é a Volkswagen com a Dieselgate, onde houve comprovação de fraude no sistema de controle de gases dos veículos.

Um caminho interessante é investir na gestão de resíduos, por exemplo. Além de tratar de uma determinação legal, definida pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10), gera resultados reais que impedem a contaminação e são marcados pela preservação de fauna e flora local.

Além do mais, quem não apoia uma empresa que investe em reciclagem e dá um destino adequado aos seus resíduos? 

Neste sentido, há de se observar também o ponto de vista de quem está à frente de um negócio. Implementar a cultura da gestão correta de resíduos junto aos colaboradores, assim como adquirir toda a estrutura necessária para isso, pode ser um grande desafio para as empresas. 

Por isso é necessário que uma empresa que siga essa tendência tenha um suporte especializado de ponta a ponta para que o empreendimento possa realizar uma gestão de resíduos adequada. Isso se aplica a todo o processo: realizar coleta, gerenciar a destinação e fazer a mensuração. O trabalho, via de regra, é direcionado para uma cooperativa, que recebe o material e dá um destino adequado para ele. 

Além, é claro, das medidas educativas, que envolvem a sinalização dos espaços e a capacitação de funcionários, gestores, clientes, equipes operacionais e de limpeza. 

A preocupação da iniciativa não é vender aparências ou um produto conceitual, mas dar suporte de ponta a ponta na gestão de resíduos e gerar uma mudança de verdade. E essa é uma tendência que podemos observar em negócios inovadores que estão alcançando o sucesso nos últimos anos: trabalhar com a verdade junto ao seu público. Sem “maquiagens” e sem o indesejável cancelamento por greenwashing. 

* Renan Vargas é Diretor de Negócios e sócio-fundador da Trashin. 

Para mais informações sobre Sustentabilidade clique aqui...

Publique seu texto em nosso site que o Google vai te achar!

Fonte: Nobre Press



Municípios têm oportunidades com o saneamento

O saneamento básico galgou um novo patamar no interesse de investidores e especialistas.

Autor: Maurício Vizeu de Castro

Municípios têm oportunidades com o saneamento

As bactérias do bem que salvam as águas

Pode soar surpreendente, mas são os microrganismos os agentes mais capacitados para tratar da água de forma natural.

Autor: Monique Zorzim

As bactérias do bem que salvam as águas

Cuidar da água para não faltar

“O Brasil, que se ergueu à beira do mar e em volta dos rios, também escreveu histórias de sede, de muita sede”, já apontava Graciliano Ramos, em 1938, na sua obra “Vidas Secas”.

Autor: Luiz Pladevall

Cuidar da água para não faltar

Dia das Florestas: vale a pena derrubar árvores?

Era de amor a relação dos indígenas com a mata, principalmente antes da invasão portuguesa.

Autor: Víktor Waewell

Dia das Florestas: vale a pena derrubar árvores?

Shopping distribui adubo oriundo da compostagem dos resíduos orgânicos

O adubo é utilizado no paisagismo do próprio shopping, doado para os colaboradores e agora está indo para a casa dos frequentadores.

Autor: Divulgação

Shopping distribui adubo oriundo da compostagem dos resíduos orgânicos

Cada passo importa para um futuro sustentável

O ano de 2023 foi confirmado como o mais quente da história, de acordo com o observatório Copernicus Climate Change Service, da União Europeia.

Autor: Artur Grynbaum

Cada passo importa para um futuro sustentável

Como a análise do ciclo de vida reduz os impactos ambientais

A escolha de produtos sustentáveis ou produzidos de forma responsável, focando na redução de impactos ou geração de benefícios socioambientais, é cada vez mais importante para os consumidores. 

Autor: Mayara Zunckeller

Como a análise do ciclo de vida reduz os impactos ambientais

O mercado de carbono e suas perspectivas em 2024

Não dá pra falar sobre a importância das Soluções Baseadas na Natureza, como os projetos de carbono, sem avaliar as consequências das mudanças que o planeta vem sofrendo.

Autor: Diego Serrano

O mercado de carbono e suas perspectivas em 2024

Quem cuida de quem cuida da gente? Uma reflexão sobre o meio ambiente

A educação ambiental vai muito além de apenas instruir a sociedade sobre práticas sustentáveis simples.

Autor: Francisco Carlo Oliver

Quem cuida de quem cuida da gente? Uma reflexão sobre o meio ambiente

Educação e cidadania: pilares para futuro sustentável

Investir nas pessoas no tempo presente é um princípio básico e pode ser uma das maneiras mais efetivas de garantir um futuro mais sustentável.

Autor: Antoninho Caron

Educação e cidadania: pilares para futuro sustentável

Reciclagem poderá pagar 27,5% em suas operações de venda à indústria

Apesar da importância para o meio ambiente e economia circular, o texto do novo regime fiscal deixou de fora tratamento diferenciado de tributação ao setor.

Autor: Divulgação

Reciclagem poderá pagar 27,5% em suas operações de venda à indústria

A importância da transparência na comunicação da sustentabilidade

É essencial que todas as informações e alegações sobre benefícios ambientais sejam apoiadas por evidências científicas confiáveis.

Autor: Daniela Santucci

A importância da transparência na comunicação da sustentabilidade