Para muitos estudantes, decidir qual caminho profissional seguir é um verdadeiro desafio. Isso porque atuar em uma área agradável, com qualidade de vida e retorno financeiro parece uma missão complicada, com uma trajetória cheia de incertezas. Sendo assim, hoje resolvi escrever com a visão de quem já presenciou a entrada de muitos jovens no mercado de trabalho. 

Segundo um levantamento da Cmov, 82% dos adolescentes têm dúvidas ou simplesmente não sabem qual carreira progredir. É claro, saímos de um cenário desafiador há pouco tempo. Com a pandemia, a saúde mental dos brasileiros despencou em níveis expressivos e isso é um fator capaz de prejudicar ainda mais a tomada de decisão de quem já está inseguro. 

Ademais, o isolamento social, sem contato com colegas e professores nas salas de aula, complicou ainda mais essa escolha. Tendo em vista o quanto esse distanciamento imapctou o bem-estar, principalmente para aquele indivíduo em momento de formação de diversos aspectos. 

De acordo com um estudo realizado durante a crise sanitária pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) e divulgada pelo laboratório Pfizer, com 2 mil pessoas na faixa etária de 18 a 24 anos, 39% apontaram uma piora nesse quesito e 11% se mostraram ainda mais transparentes nesse agravamento. Ou seja, grande parte foi afetada e isso gerou muitos impasses na dimensão corporativa, desde seu ingresso até a permanência dos profissionais. 

Em minhas vivências, vi muita pressão por parte da sociedade com os recém formados, sobretudo com quem não emendou a educação escolar com a universidade. Contudo, é imprescindível apoio e auxílio nessa hora. Aliás, o estágio durante o ensino médio é uma ótima solução para elucidar os conhecimentos de quais segmentos existem. Assim, o aluno já começa a criar planos e sonhos com o sentimento de ter um rumo até achar um campo com maior segurança. 

Conforme a lei nº 11.788/2008, também conhecida como a Lei de Estágio, o ato educativo deve ser desenvolvido no ambiente laboral, voltado para quem frequenta o ensino regular em instituições de educação superior, profissional, ensino médio, educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos. Logo, basta estar regularmente matriculado e ter mais de 16 anos para pleitear uma vaga nessa modalidade. 

Entre os direitos do estagiário, a legislação traz o recesso remunerado, bolsa-auxílio, auxílio transporte, seguro contra acidentes pessoais e turno máximo reduzido. Outras bonificações, como plano médico e odontológico, day off no aniversário, entre outros incentivos, ficam a cargo da própria concedente. 

Para contextualizar sobre esse benefícios, vou explicar sobre os itens em ordem. O recesso remunerado é contabilizado a cada 2,5 dias por mês, para no final do ano o candidato ter a oportunidade de 30 dias de descanso. Aconselho retirar esse repouso concomitantemente às férias escolares, para permitir uma folga completa e voltar suas energias ao lazer. 

A bolsa-auxílio é válida somente para aquelas oportunidades extracurriculares, ou não obrigatórias. É uma iniciativa além do projeto pedagógico do curso e não é crucial para conquistar um diploma. Por isso, requer interesse do discente em procurar a possibilidade. Para facilitar, temos diversos agentes de integração associados, com inúmeras vagas, todos comprometidos e espalhados por várias partes do Brasil. 

Quanto ao auxílio transporte, a legislação resguarda apenas para quem precisa se deslocar até o escritório. Com o advento da Covid-19, o teletrabalho ganhou popularidade, tanto por permitir mais qualidade de vida quanto por possibilitar encontrar o talento ideal sem limitação de fronteiras. Assim, em casos de home office, não há necessidade desse proveito. 

Já o seguro contra acidentes pessoais é apresentado para proteger a vida de todos os integrantes. Sua apólice é compatível com o mercado e válida em todo o território nacional. Para auxiliar nessa burocracia, as empresas podem contar com os integradores, facilitando o trâmite por já possuírem contatos frequentes e especializados nesse sentido. 

Por fim, o turno máximo é reduzido. O expediente não pode ultrapassar quatro horas diárias e 20h semanais, para estudantes de educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional de educação de jovens e adultos. Ainda, possui o limite de seis horas diárias e 30h semanais, no caso de quem esteja no ensino superior, na educação profissional de nível médio e no ensino médio regular. 

Há várias maneiras de diminuir essa dúvida. Entre as melhores opções, pedir ajuda é sempre uma boa saída. Outra alternativa muito válida é conversar com quem já atua nas áreas de interesse. Dessa forma, é possível ter uma visão realista e não romantizada do segmento com o qual pretende evoluir no futuro. 

Se a decisão ainda está muito complexa, mesmo com recomendações de um expert, o teste vocacional pode ajudar e se mostrar como um diferencial. Para isso, é preciso ter calma e ser muito sincero ao responder as perguntas. Inclusive, antes de iniciar o preenchimento, reflita sobre si mesmo e busque o autoconhecimento. 

Normalmente, essa fase é muito confusa, mas é crucial tomar um caminho com certa segurança, seja emocional ou financeira, para dar paz ao coração. Também aconselho a pensar naquelas atividades as quais você não gosta de fazer e começar a retirar essas opções da sua lista. Ou ao contrário, observar suas tarefas preferidas para encontrar aquelas das quais você deseja desenvolver pelos próximos cinco ou dez anos. Entretanto, também não se angustie com isso. Afinal, as pessoas mudam seus desejos e vontades ao longo do tempo. 

Enfim, pesquise sobre o mercado e estude as corporações dos seus sonhos para já se visualizar em uma posição de sucesso. Além disso, não se esqueça: o estágio é um aliado para conhecer o segmento, as ocupações e os profissionais do campo. Desse modo, é possível adquirir experiências e já prever se aquela área é realmente seu perfil. Para ser bem sucedido, conte sempre com a Abres! 

* Carlos Henrique Mencaci é presidente da Abres – Associação Brasileira de Estágios

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