Por que brasileiros são escolhidos para cargos de chefia em outros países?
Por que brasileiros são escolhidos para cargos de chefia em outros países?
Desde janeiro, executivos brasileiros têm assumido cargos globais em companhias multinacionais, inclusive nas gigantes alemãs.
Esse é o caso, por exemplo, de Priscilla Cortezze, que passou a ser responsável pelas atividades de comunicação externa global do Grupo Volkswagen, e de Malu Weber, primeira mulher a ocupar uma cadeira no comitê de líderes de comunicação global da Bayer.
Além delas, outros profissionais brasileiros também têm se destacado internacionalmente. Pedro Alves assumiu a vice-presidência de comunicação global da Mastercard com foco em Tecnologia e Operações verticais; a diretora de sustentabilidade da Natura, Denise Hills, foi escolhida recentemente como liderança sustentável pela SDG Pionner Brasil 2022 da ONU e, desde fevereiro, a pernambucana Juliana Coelho é head global do modo de produção da Stellantis, marca nascida da megafusão da Fiat, Chrysler, Peugeot e Citroën.
Mas o que têm os brasileiros para atrair a atenção do board das multinacionais? Bem, é preciso lembrar que, com a pandemia, as fronteiras mercadológicas de recursos humanos foram rompidas.
Hoje, um profissional pode tranquilamente morar na Alemanha e gerenciar uma equipe no Brasil ou em Cingapura – basta ter competência e conhecimento adequado para a função.
Esse novo cenário abriu portas e estendeu fronteiras para os brasileiros que são conhecidos pela sua capacidade de relacionamento e empatia, sua criatividade e, sim, força de trabalho, muitas vezes mais comprometida que a dos estrangeiros.
Fazemos mais que outros povos pelo simples fato de termos aprendido, com as instabilidades econômicas e políticas frequentes no Brasil, a ter jogo de cintura e flexibilidade. Não raro, é nos mercados de comunicação, marketing e manufatura que temos mais sucesso.
Juliana Coelho viajou a Europa para conhecer as 92 fábricas que compõem a Stellantis, com a missão de extrair o melhor de cada uma das marcas e criar o método próprio da nova gigante automotiva. “Teremos que criar metodologias a partir da aplicação dos melhores métodos adotados até hoje pelos dois grupos”, destaca.
Rápida capacidade de adaptação, visão globalizada e digital, além de jogo de cintura são características valorizadas no exterior.
Além disso, importância e tamanho do mercado brasileiro também são fatores que pesam a nosso favor. É preciso muita concentração e sensibilidade para se comunicar com o público brasileiro.
Em março, Malu Weber agiu rapidamente contra comentários homofóbicos recebidos na página do Instagram da Bayer.
A empresa alemã publicou um vídeo de divulgação do novo modelo de trabalho híbrido, o BayFlex, apresentado pelo influenciador Vitor DiCastro.
“O vídeo tem sinergia com a cultura que temos na Bayer ao priorizar uma comunicação clara, leve, engajada e valorizando a diversidade. Assim, a escolha do Vitor foi natural, sendo que ele já fez outros trabalhos com a gente e continuará fazendo”, diz.
Rapidamente, a empresa publicou uma mensagem afirmando que a inclusão e diversidade fazem parte dos seus valores e que, apesar de respeitarem as opiniões diversas, não aceitariam preconceitos e todos os comentários que feriram o uso da plataforma foram apagados.
Para André Sallowicz, diretor de criação da Adam&EveDDB de Londres, para se destacar no meio corporativo internacional não basta saber falar inglês.
“Tem outros códigos, posturas, modo de falar e se comportar que são importantes. As pessoas esperam sua vez para falar, aprendem a ouvir os outros. No Brasil, toda hora tem alguém te zoando”, lembra.
Essa também é a visão de Fernanda Martins, que, há dois anos e meio, mora em Londres e ocupa o cargo de diretora de estratégia da PHD, agência de publicidade do grupo Omnicom.
“A gente não percebe a nossa força. Se aparece um problema para resolver, a gente resolve, sem querer saber se está ou não em nosso ‘job description’.”
Parece que o jeitinho brasileiro está realmente conquistando o mundo!
* Silvana Piñeiro Nogueira é jornalista, mestre em Estudos Políticos pela Sorbonne e pós-graduada em Marketing pela FAE Business School.
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Fonte: Smartcom Inteligência em Comunicação