A burrice chapada de alguns suicidas da oposição
A burrice chapada de alguns suicidas da oposição
Lula, no melhor estilo de Fidel em Cuba, manda e desmanda no PT. Já a oposição se divide em dissidências internas e pode perder a batalha por incompetência e tendência suicida de alguns dirigentes.
COMO é difícil interpretar a política brasileira! Como é
impossível analisar com lógica mediana as posições e as decisões dos partidos
políticos! É tecida uma colcha de retalhos que cobre e encobre os diretórios
nacionais, estaduais e municipais, escondendo do público em geral e dos que
pretendem ser analistas e observadores dos movimentos partidários o que na
verdade acontece lá dentro, ou lá embaixo.
NO quadro atual, acredito que ninguém sabe ainda o que se
passa na cabeça dos comandantes do PSDB, o principal partido de oposição ao
governo federal. Tudo faz acreditar que o candidato dos tucanos será mesmo José
Serra, governador de São Paulo e líder, pelo menos até a última pesquisa, das
preferências dos eleitores supostamente pesquisados - digo supostamente porque
eu nunca fui procurado por um pesquisador, nem niguém de minha família, nem
nenhum de meus amigos.
SERRA deve anunciar sua candidatura até o dia 30 deste mês.
Mas o seu partido, ou uma parte dele, parece que não acredita nisso. Pelo
menos, age e fala como se nada estivesse resolvido em definitivo. Lançam
hipóteses, anunciam renúncias, prometem mudanças. Afinal, o que há de verdade
em tudo isso? O eleitor que não deseja votar em Dilma/Lula, fica confuso. O
resultado, para os que querem derrotar os petistas, poderá ser catastrófico.
MAIS fácil é entender o PT. Porque a sigla é apenas
simbólica. Em lugar de PT, leia-se Luiz Inácio Lula da Silva. E pronto. Lula
escolheu, solitária e ditatorialmenmte, a candidata do seu partido, a ministra
Dilma Rousseff. Não reuniu ninguém no ato da escolha, não fez prévias,
simplesmente apontou o dedo e disse aos seus comandados: "É ela".
Acabou. Ninguém ousou divergir, ninguém pensou em contestar, apesar de muitos
terem ficado contrariados em suas pretensões. Lula saiu do armário ideológico
ao fazer, ontem, a defesa do regime castrista, igualando os dissidentes cubanos
em greve de fome a criminosos comuns… No estilo de seus gurus Fidel e Raúl
Castro, manda e é obedecido sem contestação no seu partido. A escolha de Dilma
é apenas um exemplo.
É A LIDERANÇA autoritária que o PSDB não tem, felizmente
para os idealistas, infelizmente para os pragmáticos. Como bom partido
democrata, seus dirigentes discutem, debatem, divergem, formam cisões, aceitam
dissidências. Ótimo que seja assim, mas em termos. Na prática, não funciona
como fórmula de vencer eleições e conquistar o poder, motivo e razão da
existência dos partidos políticos. O PTB de Getúlio Vargas adotava o comando
único. O PSD mineiro, nos tempos de Benedicto Valladares, fazia o que o mestre
maior mandava. O PSP de Adhemar de Barros, a mesma coisa. Já a UDN,
essencialmente adepta do regime democrático, inclusive na decisões internas do
seu grupo, não conseguia, ou muito raramente, unir-se em torno de uma
candidatura de consenso, tanto no país como nos estados. O que lhe impôs
diversas derrotas.
SE os tucanos quiserem mesmo vencer o tsunami eleitoral que
está sendo preparado por Lula, para eleger Dilma como sua sucessora, devem
unir-se imediatamente. Escolhido o candidato, que dizem será mesmo José Serra,
o PSDB deve marchar para a guerra sem nenhum foco de rebelião interna, sem
nenhuma dissidência, sem nenhuma possibilidade de cristianização - os mais
velhos sabem o que isso significa - do candidato que for escolhido.. Mesmo
porque, será uma guerra de sobrevivência. Caso não seja assim, o PSDB dará mais
uma prova de burrice, digo mais ma pois é reincidente. E cometerá suicídio
político, deixando seus eleitores perplexos e desamparados em face da
insensatez eleitoral. Se o seu candidato for derrotado, se Dilma conquistar o
Planalto, o PSDB poderá fechar para balanço por quatro, ou oito anos.
E MAIS: os tucanos não podem dar guarida a falsos amigos que
têm como missão evidente, óbvia, incompatibilizar mineiros com paulistas, os estados
de maior densidade eleitoral. Sem os votos dos oposicionistas dos dois estados
no candidato tucano que encabeçar a chapa, estará assegurada a vitória da
ministra de Lula, que tem o Nordeste quase inteiro ao seu lado. Cuidado,
portanto, com os amigos de fachada. Se é que estou sendo bem entendido.
REPITO o que disse no começo: como é complicada a política
brasileira, como é difícil decifrar os desígnios dos partidos que não são
comandados solitária e ditatorialmente por um lider único. E como a burrice
chapada, a incompetência de alguns aloprados, podem afetar uma disputa
eleitoral e o futuro do país.Uma pena que seja assim.
* Fábio P. Doyle é jornalista e membro da Academia Mineira
de Letras