Portal O Debate
Grupo WhatsApp

A Esquerda e o Paradoxo de Fermi

A Esquerda e o Paradoxo de Fermi

23/10/2014 Lucas Berlanza Corrêa

Todo mundo tem gostos ou interesses considerados não muito convencionais. Em minha vasta lista pessoal, incluo a Ufologia, suas polêmicas e especulações.

Sim, círculos em plantações, discos voadores, Roswell, homenzinhos verdes ou cinzentos, tecnologias secretas... Tudo isso. Mas, óbvio - avisamos desde já o leitor compreensivelmente surpreso -, este artigo não é sobre Ufologia. Durante um almoço em 1950, o físico Enrico Fermi, um cético conhecido pelos entusiastas dessa área paracientífica, fez um questionamento hoje mundialmente famoso. Segundo ele, todas as probabilidades matemáticas apontariam para a existência de civilizações e seres inteligentes avançados em outras partes do Universo.

Sendo assim, objetou Fermi, por que não se tem evidência concreta? Por que não são encontradas objetivamente pela Ciência essas tais formas de vida? Em outras palavras, como ficou célebre a pergunta: “onde eles estão?”. Pouco importa se você acredita ou não em OVNIs; tendo algum conhecimento do assunto, você já ouviu falar do que se convencionou chamar Paradoxo de Fermi. Onde estão os sinais? Onde está a concretude dos fatos? Os defensores da Ufologia dirão que eles foram dados; os críticos, que não.

Mas a indagação é fundamental, e serve para mais do que avaliar se estamos ou não sozinhos no espaço. Tragamos Fermi para a dimensão da política. Talvez, como físico, ele não se sentisse muito à vontade por ter suas reflexões transplantadas para a área das Humanidades. Pedimos sua licença, porém, porque a causa é justa. Desde Marx, os socialistas fazem essa conjugação, na maioria das vezes de forma inadequada; consideram possível aplicar perfeitamente leis ou concepções científicas, com rigidez e absoluta precisão, aos fenômenos humanos e sua notória subjetividade.

Com efeito, Marx e Engels disseram estar inaugurando o “socialismo científico”, por oposição aos anteriores, como Fourier e Saint-Simon, tidos por “utópicos”. Afirmavam estar descrevendo uma ordem evidente de fatos sociais, equiparáveis, nesse aspecto, aos fatos da natureza; com base nisso, tinham a convicção de estar prevendo, com precisão, os acontecimentos futuros – de um futuro bem próximo. Um futuro de revolução, derrubando o sistema capitalista, introduzindo o regime do proletariado, e culminando na abolição completa da “luta de classes” e o advento em glória do comunismo perfeito.

Hoje, os esquerdistas mais retrógrados conservam essa mentalidade. A prova mais evidente disso nas últimas semanas tem sido a candidata do PSOL, Luciana Genro. Reiteradas vezes, em entrevistas para diferentes emissoras, ela tem dito que sua plataforma política mantém a fé na “grande verdade socialista”, do profeta Karl Marx. Como os repórteres, mesmo aqueles com tendências de esquerda moderada, não podem deixar passar seu radicalismo sem apertá-la contra a parede, por dever de ofício e consciência, perguntam: “mas candidata, onde o socialismo funcionou? Onde estão os países em que essa ideologia marxista, aplicada na prática, rendeu resultados?” Isto é... “Onde estão eles?” Perguntaria Fermi.

Onde estão os exemplos, as evidências; onde estão os lugares onde essa nova “ciência social” comprovou sua eficácia e concretude? Onde o sonho de revolucionários de todo o mundo se provou uma possibilidade justa e real? Aí, Luciana Genro demonstra um cinismo inacreditável, em pleno 2014, segunda década do século XXI.

Depois de o mundo assistir às atrocidades soviéticas no gelo árido dos gulags; depois de assistir aos horrores genocidas do Khmer Vermelho no Camboja; depois de ver a fome do Holodomor sorver até o último sopro de vida das vítimas; depois de ver os nacional-socialistas da Alemanha, pomposos, anunciarem que o seu “socialismo” de viés racial era o verdadeiro e enfrentarem diretamente as outras versões dominantes, provocando, aliados ao fascismo italiano, uma Guerra Mundial; depois de, aqui do lado e agora mesmo, o regime chavista deixar a população venezuelana sem papel higiênico, Luciana Genro não se abala. Ela dá respostas como esta: “nenhum desses regimes era socialista.

Na verdade nós não temos modelo de socialismo que tenha seguido fielmente Marx. Ele se revira no túmulo cada vez que dizem que esses regimes eram socialistas. Nós, no Brasil, podemos e vamos criar o nosso próprio modelo, diferente dos outros, aplicando o VERDADEIRO socialismo.” Iluminado seja o PSOL, partido nanico da grande “terra brasilis”, que implantará, pela primeira vez em toda a história da humanidade, o modelo puro e fiel do sistema socialista. Iluminados sejam os grandes missionários Luciana Genro, Jean Wyllys, Marcelo Freixo, Chico Alencar e quejandos, que farão o que nenhum dos grandes líderes políticos do planeta conseguiu fazer em todos os últimos séculos - e em todos os tempos!

Temos todos os motivos para acreditar que isso vai funcionar. Temos todos os motivos para acreditar que o Brasil será a vanguarda do planeta, e todos seguirão o nosso puro e maravilhoso modelo, que é o único que será verdadeiro e perfeito – a mesma coisa que disseram todos os tiranos assassinos listados acima. Não, é claro que não temos todos os motivos. Na verdade, diria Fermi, nesse caso, nem mesmo as probabilidades estatísticas estão a nosso favor.

Pense o que quiser sobre Ufologia, mesmo o mais empedernido cético terá de reconhecer que é “essencialmente, ontologicamente, existencialmente, não-sei-o-quê-mais-mente” mais fácil defender a existência dos discos voadores e dos ETs do que defender os socialistas. No entanto, ainda existem brasileiros que votam em candidatos como Luciana Genro. Agora, ao terminar de escrever essas linhas, penso se foi uma boa ideia mencionar ETs e outros mundos por aqui.

Talvez Luciana Genro e os psolistas se inspirem e resolvam procurar outros planetas onde o socialismo tenha dado certo. Porque na Terra, não está fácil... De qualquer modo, tenho para mim que não acharão. E se os alienígenas avançados contatarem um terráqueo, e este terráqueo for um dos militantes e políticos dessa legenda que acredita que socialismo e liberdade podem andar juntos, terão a “certeza” – queremos crer que falsa -de que não existe vida inteligente por aqui.

*Lucas Berlanza Corrêa é Acadêmico de Comunicação Social e Colunista do Instituto Liberal.



Senado e STF colidem sobre descriminalizar a maconha

O Senado aprovou, em dois turnos, a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) das Drogas, que classifica como crime a compra, guarda ou porte de entorpecentes.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


As histórias que o padre conta

“Até a metade vai parecer que irá dar errado, mas depois dá certo!”

Autor: Dimas Künsch


Vulnerabilidades masculinas: o tema proibido

É desafiador para mim escrever sobre este tema, já que sou um gênero feminino ainda que com certa energia masculina dentro de mim, aliás como todos os seres, que tem ambas as energias dentro de si, feminina e masculina.

Autor: Viviane Gago


Entre o barril de petróleo e o de pólvora

O mundo começou a semana preocupado com o Oriente Médio.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Nome comum pode ser bom, mas às vezes complica!

O nosso nome, primeira terceirização que fazemos na vida, é uma escolha que pode trazer as consequências mais diversas.

Autor: Antônio Marcos Ferreira


A Cilada do Narcisista

Nelson Rodrigues descrevia em suas crônicas as pessoas enamoradas de si mesmas com o termo: “Ele está em furioso enamoramento de si mesmo”.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Brasil, amado pelo povo e dividido pelos governantes

As autoridades vivem bem protegidas, enquanto o restante da população sofre os efeitos da insegurança urbana.

Autor: Samuel Hanan


Custos da saúde aumentam e não existe uma perspectiva que possa diminuir

Recente levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que os brasileiros estão gastando menos com serviços de saúde privada, como consultas e planos de saúde, mas desembolsando mais com medicamentos.

Autor: Mara Machado


O Renascimento

Hoje completa 2 anos que venci uma cirurgia complexa e perigosa que me devolveu a vida quase plena. Este depoimento são lembranças que gostaria que ficasse registrado em agradecimento a Deus, a minha família e a vários amigos que ficaram ao meu lado.

Autor: Eduardo Carvalhaes Nobre


Argentina e Venezuela são alertas para países que ainda são ricos hoje

No meu novo livro How Nations Escape Poverty, mostro como as nações escapam da pobreza, mas também tenho alguns comentários sobre como países que antes eram muito ricos se tornaram pobres.

Autor: Rainer Zitelmann


Marcas de um passado ainda presente

Há quem diga que a infância é esquecida, que nada daquele nosso passado importa. Será mesmo?

Autor: Paula Toyneti Benalia


Quais são os problemas que o perfeccionismo causa?

No mundo complexo e exigente em que vivemos, é fácil se deparar com um padrão implacável de perfeição.

Autor: Thereza Cristina Moraes