A hora do impossível, é agora
A hora do impossível, é agora
Um dos destaques da semana foi o firme pronunciamento do presidente Lula pelo fim do bloqueio dos EUA a Cuba.
"Vamos fazer política pensando no século 22" - conclamou o mandatário brasileiro, em Nova York, onde aconselhou todos a "deixarem para trás os anos 60", quando foi imposto o bloqueio à ilha de Fidel e, em conseqüências, ocorreram muitas ações que deixaram a América Latina e outras partes do mundo agastadas com os EUA, então, um dos principais atores da temerária Guerra Fria. Nestes últimos 40, 50 ou 60 anos - tempo longo para uma vida humana mas apenas um instante na cronologia da sociedade - vimos muitos acontecimentos "impossíveis" se concretizarem. O muro de Berlim foi construído e derrubado, a URSS desmoronou, as Alemanhas unificaram-se, as ditaduras do Cone Sul esfacelaram-se, Franco e Salazar (ditadores da Espanha e Portugal) morreram e seus regimes idem.
Os EUA, de tradição racista, hoje têm como presidente um negro de origem muçulmana e largamente aceito pelo mundo. No Brasil, José Sarney e Defim Neto, expoentes dos governos militares, tornaram-se peemedebistas. Lula saiu da condição de condenado pela LSN para se tornar um popular e reeleito presidente da República e, agora, Dilma Roussef, ex-guerrilheira ativa, tem hoje as condições objetivas para ser a nova chefe de Estado, a primeira do sexo feminino. Tudo isso, felizmente, sem guerras nem derramamento de uma só gota de sangue. As Forças Armadas (que alguns pensavam não terem jogo de cintura para suportar tantas mudanças) permanecem no estrito cumprimento de suas funções, e o país caminha em plena democracia. Dói ouvir alguns mal informados dizendo terem saudade do tempo do autoritarismo.
Eles não deveriam representar nada naquela época, pois se fossem alguém comprometido com o pais, certamente estariam defendendo a democracia e os bons comportamentos sociais, jamais a exceção. Nenhum regime é perfeito, mas a democracia reserva ao povo o direito de protestar e lutar para conseguir aquilo que lhe pareça de direito. O Brasil de Sarney, Collor, Itamar, FHC e Lula é, sem dúvida, uma nação democrática. O povo tem tido a oportunidade de manifestar suas idéias sem sofrer retaliações. Mas, todos precisamos estar atentos para conseguir que nossos movimentos façam a sociedade evoluir. De nada adiantará fazer grande alarido sem nenhum avanço.
Temos de aproveitar o tempo em que ocorrem mudanças consideradas "impossíveis" por décadas, para avançar e conseguir melhores condições de vida para a população. Não podemos ficar apenas marcando passo! Temos de acabar com a impunidade, essa seiva da corrupção que grassa no país, consertar o sistema penitenciário, dar melhores condições de trabalho e salário para o funcionalismo e exigir que cada um cumpra e faça cumprir suas atribuições. Acorda, mundo! Acordem Brasil e América Latina. Vivemos o tempo dos impossíveis. Se alguém nos disser que não dá para fazer, temos todo o direito e a obrigação de tentar concretizar. E se der ???
*Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)