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A Teoria da Ocupação dos Espaços: Um exemplo

A Teoria da Ocupação dos Espaços: Um exemplo

12/08/2015 João César de Melo

Infelizmente, a maioria das pessoas não liga os pontos, não correlaciona os diversos processos sociais, políticos e econômicos que vem acontecendo.

Dentro desse gigantesco grupo de pessoas estão aquelas que acreditam na conspiração capitalista sem se dar conta de que elas mesmas, ao propagarem tal fábula, trabalham em favor da verdadeira conspiração, a socialista.

Não falta material que comprove tal conspiração. Congressos, seminários, fóruns, reuniões, artigos, pronunciamentos e entrevistas de líderes socialistas do Brasil e da América Latina, somados a acordos entre alguns governos não deixam dúvidas de que há um grande projeto de se transformar a América Latina num continente homogeneamente socialista − no sentido totalitário da expressão.

Para tanto, executam a Teoria da Ocupação dos Espaços formulada por Gramsci, formando uma imensa rede que emerge entre os pés da sociedade, engolindo-a de baixo para cima.

Um exemplo dos procedimentos dessa conspiração dói particularmente em mim. Como já escrevi no artigo A Descoberta Liberal, publicado um ano atrás, frequentei por muitos anos os Encontros de Estudantes de Arquitetura, eventos que eram organizados pelos próprios estudantes de forma independente, sem qualquer vinculo com partidos políticos.

Tais eventos ocorriam em diversas cidades do Brasil e promoviam palestras, oficinas e atividades sociais em comunidades carentes. Cada pessoa tinha suas inclinações políticas, religiosas e sexuais, mas ninguém tentava transformá-las em regra para os demais participantes.

As pessoas, cada uma a seu modo e a seu tempo, faziam o que julgavam certo e para as pessoas que julgavam merecer, interagindo umas com as outras sob o princípio de respeito às individualidades alheias, não para atender normas “superiores”.

Cabia a cada indivíduo decidir se participaria ou não de alguma atividade, se passaria o dia no bar ou na barraca. Ninguém, nem os organizadores, regulava o comportamento dos participantes. Nas festas, apesar da liberdade que todos tinham, nunca houve uma briga, nunca houve sequer um motivo para uma ocorrência policial.

Estes Encontros eram dignos exercícios de um mundo libertário, um mundo sem Estado, um mundo livre. Mas as coisas estão mudando… De alguns anos para cá, partidos de extrema esquerda conseguiram infiltrar seus militantes nos quadros da Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura (FENEA) e também nas comissões que organizam os Encontros.

Com a fala mansa e o discurso muito bonitinho, foram ganhando espaço até conseguirem impor suas perversões ideológicas, enquadrando as pessoas em grupos disso ou daquilo, apontando diferenças que não existem, incitando o vitimismo, a intolerância, o radicalismo e cobrando que os participantes sigam um código de comportamento politicamente correto; não por acaso, flexível em função dos envolvidos e da conveniência de cada situação – para uns, tudo; para outros, nada.

Na prática, além da deformação do formato dos Encontros, essas pessoas agora colocam em curso um processo de “limpeza” ideológica, intimidando todos aqueles não alinhados aos “anjinhos” socialistas que hoje controlam a FENEA e boa parte das comissões.

Hoje, uma piada, uma brincadeira ou uma cantada podem gerar uma queixa de constrangimento de gênero, que podem gerar uma pauta numa reunião, que pode gerar a expulsão de um participante. Tradicionais atividades organizadas pelos próprios participantes dos Encontros foram proibidas por terem sido avaliadas como sem “função social”.

As palestras, antes voltadas para os temas diretamente relacionados a arquitetura e ao urbanismo, agora invocam a luta de classes, a causa gay, a causa feminista etc; e qualquer crítica é vista como manifestação reacionária, homofóbica e machista.

Aquele ambiente onde a liberdade entrelaçava-se naturalmente com o respeito, agora vem se transformando numa arena regulada por um pequeno grupo de pessoas que se apresenta com moral e sabedoria suficientes para dizer como os participantes devem pensar e o que podem dizer, desejar e fazer.

Aos poucos, mas cada vez mais rápido, o ódio e os recalques dessas pessoas vão contaminando alguns e intimidando muitos, transformando a FENEA e os Encontros em extensões de partidos como PSOL e PSTU, com o objetivo de transformar estudantes de arquitetura em militantes socialistas.

As primeiras consequências já são percebidas: Brigas, roubos e abusos começam a ocorrer na medida em que as pessoas são estimuladas a desconfiar umas das outras, interferindo negativamente no ambiente dos Encontros e na satisfação dos participantes.

Enquanto no Brasil atual uma pessoa é chamada de fascista por ir à rua protestar contra um governo corrupto, no Encontro Nacional de Estudantes de Arquitetura que aconteceu semana passada no Rio de Janeiro participantes foram expulsos por terem reclamado dos banheiros e da postura dos organizadores.

Liguem os pontos. Os ingênuos precisam entender que nenhum militante assumirá seus recalques como razão de seu engajamento ideológico, que nenhum líder socialista confessará que o objetivo do movimento é o controle total da sociedade, que nenhum partido de esquerda reconhecerá que investe pesado na infiltração de militantes nas escolas, nas universidades, na imprensa e nos movimentos verdadeiramente sociais e estudantis para transformá-los em células da conspiração socialista.

Os ingênuos precisam entender que enquanto temem o mal apontado nos escritórios das grandes corporações capitalistas, o verdadeiro mal está ao nosso lado, fazendo discursos lindos, cheios de boas intenções. Quem conhece um pouco da história da humanidade sabe que na liderança de todos os massacres, de todos os colapsos econômicos e de todas as ondas de intolerância sempre esteve pessoas fazendo discursos maravilhosos em favor de um mundo melhor, de um mundo mais justo e sem desigualdades.

* João Cesar de Melo é arquiteto, artista plástico, escritor e colunista do Instituto Liberal.



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