Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Desafios do ensino de Inglês para surdos

Desafios do ensino de Inglês para surdos

26/01/2017 David Marcelo Pereira Berto

Aprender uma nova língua é simplesmente fascinante.

Não somente pelo fato de falar palavras e frases em outro idioma, mas também pelo contato com culturas que permeiam o estudo. Sempre ouvimos falar da importância de se aprender uma outra língua e dos benefícios pessoais e profissionais que podemos usufruir com isso.

Em Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira, essa visão é enfatizada: “é indispensável que o ensino da Língua Estrangeira seja entendido e concretizado como o ensino que oferece instrumentos indispensáveis de trabalho” e que permite “um acesso mais igualitário ao mundo acadêmico, ao mundo dos negócios e ao mundo da tecnologia”.

Tudo isso pode parecer interessante para nossos alunos que jogam videogames, assistem a filmes, acessam a Internet, planejam uma viagem, enfim, realizam atividades como qualquer outro indivíduo. Com o início do projeto de Inclusão, passamos a receber, em salas de aula convencionais, alguns alunos que não têm nessas atividades um hobby ou que não compreendem essas diferenças culturais e linguísticas.

Dentre os alunos a serem incluídos vamos destacar um, o deficiente auditivo ou surdo. Surdo é aquele que sofreu uma perda da audição, que varia de leve a profunda. Como há a dificuldade de ouvir os sons, essa deficiência afeta também a fala, dependendo do nivel da surdez.

A maioria dos deficientes auditivos comunica-se utilizando a LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais, que tem sua própria gramática, sintaxe, morfologia e fonética. Alguns simplesmente se comunicam por meio de sinais domésticos, que a própria família e amigos criam para desenvolver uma conversa.

Dentro deste contexto, vem a indagação: será que é possível um aluno surdo se interessar pela aprendizagem da Língua Inglesa? O que fazer para atrair os alunos surdos? São questionamentos frequentes dos professores com esses alunos em suas turmas, que podem gerar insegurança e medo.

Mas reflexões diárias levarão os educadores a deixar de lado tudo isso. É o professor que precisa mudar seu método de ensino. O aluno surdo se expressa e aprende as coisas de forma diferente quando comparado aos alunos ouvintes.

Nós nos acostumamos a incentivar nossos alunos a buscarem a pronúncia perfeita, repetindo as palavras que ensinamos, focando em conversações. Mas tudo isso não faz sentido para os surdos, porque eles não conhecem os sons das letras, dos fonemas e das sílabas.

Antes, o educador deve pensar que, em compensação à falta da audição, os alunos surdos são muito visuais. Por isso, a utilização de figuras facilita muito a aprendizagem. O aluno vai associar a imagem da palavra escrita à imagem do objeto/palavra em questão.

Esse método ajudará até mesmo o professor que não tem conhecimento sobre a Língua de Sinais. Outro fator importante é a contextualização das palavras. O aluno surdo não precisa aprender somente palavras soltas. Muitos professores o fazem achando que não poderão extrair um sentido daquilo que leem.

É exatamente o contrário; alunos com deficiência auditiva interessam-se muito em aprender outra língua. O professor deve aproveitar essa característica e preparar sua aula pensando, também, nesses alunos, para que eles não desanimem ou se decepcionem. Softwares educacionais são uma boa pedida.

Os alunos surdos se sentem muito bem ao manipular um ambiente visual, no qual eles possam interagir. No caso de alunos com mais idade, o professor deve tomar cuidado ao questionar sua forma de escrita. Em LIBRAS, a ordem que as palavras aparecem na frase é diferente, tanto no português quanto na língua inglesa, podendo haver dificuldades em compreender a ordem dos adjetivos em relação aos substantivos.

Muitos educadores acabam confundindo a deficiência auditiva com a mental. As duas nada têm a ver uma com outra. Em razão desse equívoco, os surdos acabam deixando de lado a prática da leitura, tanto na primeira língua quanto numa segunda.

Há muitos surdos que dominam essa capacidade de leitura e escrita tão bem quanto ouvintes, inclusive muitos já conseguiram sua graduação ou pós-graduação. Poderíamos então parar e refletir: quem será o incluído? O aluno ou o professor? Na verdade, os dois. O aluno, por poder fazer parte de um ambiente com pessoas diferentes e, assim, se sentir pertencente a ele, o que é um fato.

O professor, por sua vez, por saber unir-se a dois universos ao mesmo tempo, o do ouvinte e do surdo. Educadores precisam estar sempre preparados para estar nesses universos simultaneamente, com atividades que atendam às necessidades de todos os seus alunos.

A Língua de Sinais não é o único caminho para esse universo diferente. Há caminhos novos a cada dia, seja com leituras, imagens, artigos tecnológicos, brincadeiras, criando várias rotas para um mesmo objetivo: a satisfação do aluno.

* David Marcelo Berto é Consultor de Línguas Estrangeiras da Vitae Brasil.



Democracia: respeito e proteção também para as minorias

A democracia é um sistema de governo que se baseia na vontade da maioria, mas sua essência vai além disso.

Autor: André Naves


O Brasil enfrenta uma crise ética

O Brasil atravessa uma crise ética. É patente a aceitação e banalização da perda dos valores morais evidenciada pelo comportamento dos governantes e pela anestesia da sociedade, em um péssimo exemplo para as futuras gerações.

Autor: Samuel Hanan


Bandejada especial

Montes Claros é uma cidade de características muito peculiares. Para quem chega de fora para morar lá a primeira surpresa vem com a receptividade do seu povo.

Autor: Antônio Marcos Ferreira


Eleições para vereadores merecem mais atenção

Em anos de eleições municipais, como é o caso de 2024, os cidadãos brasileiros vão às urnas para escolher prefeito, vice-prefeito e vereadores.

Autor: Wilson Pedroso


Para escolher o melhor

Tomar boas decisões em um mundo veloz e competitivo como o de hoje é uma necessidade inegável.

Autor: Janguiê Diniz


A desconstrução do mundo

Quando saí do Brasil para morar no exterior, eu sabia que muita coisa iria mudar: mais uma língua, outros costumes, novas paisagens.

Autor: João Filipe da Mata


Por nova (e justa) distribuição tributária

Do bolo dos impostos arrecadados no País, 68% vão para a União, 24% para os Estados e apenas 18% para os municípios.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Um debate desastroso e a dúvida Biden

Com a proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para novembro deste ano, realizou-se, na última semana, o primeiro debate entre os pleiteantes de 2024 à Casa Branca: Donald Trump e Joe Biden.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Aquiles e seu calcanhar

O mito do herói grego Aquiles adentrou nosso imaginário e nossa nomenclatura médica: o tendão que se insere em nosso calcanhar foi chamado de tendão de Aquiles em homenagem a esse herói.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Falta aos brasileiros a sede de verdade

Sigmund Freud (1856-1939), o famoso psicanalista austríaco, escreveu: “As massas nunca tiveram sede de verdade. Elas querem ilusões e nem sabem viver sem elas”.

Autor: Samuel Hanan


Uma batalha política como a de Caim e Abel

Em meio ao turbilhão global, o caos e a desordem só aumentam, e o Juiz Universal está preparando o lançamento da grande colheita da humanidade.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


De olho na alta e/ou criação de impostos

Trava-se, no Congresso Nacional, a grande batalha tributária, embutida na reforma que realinhou, deu nova nomenclatura aos impostos e agora busca enquadrar os produtos ao apetite do fisco e do governo.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves