Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Desemprego entre os jovens

Desemprego entre os jovens

27/04/2016 Clemente Ganz Lúcio

Diminui a demanda por contratações e desaparecem os anúncios de “precisa-se”.

A dinâmica favorável de uma economia que crescia gerando empregos, diminuindo a informalidade e aumentando os salários foi severamente revertida em 2015.

O travamento da atividade econômica colocou o país em recessão, capitaneado pela forte elevação dos juros básicos e favorecido por um ajuste fiscal que agravou as restrições ao crescimento, ampliando a queda dos investimentos produtivos e em infraestrutura, ambos extremamente debilitados pelos efeitos da operação Lava Jato.

As consequências são percebidas pelos trabalhadores no emprego. Diminui a demanda por contratações e desaparecem os anúncios de “precisa-se”. Férias e compensação de banco de horas antecedem demissões que crescem ao longo do ano. Inicialmente puxado pela indústria e construção civil, o desemprego chegou ao setor de serviços e ao comércio.

Os jovens de hoje não viveram o drama do desemprego estrutural, pois entraram na vida profissional em uma economia que expandia as ofertas de emprego. Os jovens nos anos 1990 experimentaram o obstáculo que a falta de experiência representa à entrada no mercado de trabalho, restando o caminho da ocupação precária, a incerteza sobre o futuro e a desilusão com o presente.

Os jovens de hoje viverão pela primeira vez uma onda de desemprego, sofrendo com a incerteza, o corte dos salários, as disputas por vagas ruins e os salários baixos. A situação se agravará por causa da duração da recessão.

Está em curso uma mudança estrutural de queda na proporção de jovens (16 e 24 anos) no total da população. Em São Paulo, eles representavam, em 2010, cerca de 18% da população e passaram para 17% em 2015.

Na mesma faixa etária, o contingente que estava no mercado de trabalho vinha caindo, de 76%, em 2010, para 71%, em 2015, na mesma região. Isso ocorre porque cresce, de forma contínua, a parcela de jovens que somente estuda (14% para 18%). Esse é um bom resultado social do crescimento econômico, pois as famílias e os jovens passaram a poder optar pelo investimento no estudo, retardando a entrada no mercado de trabalho.

Mesmo assim, o desemprego entre os jovens, segundo a PED – Pesquisa de Emprego e Desemprego (SEADE-DIEESE), é sempre mais alto do que para as demais faixas etárias e, no último ano, cresceu. Em São Paulo, a taxa de desemprego dos jovens, em 2014, foi de 23%. Em 2015, subiu para 28% (em Salvador, está na casa dos 38%!).

Uma hipótese para esse aumento era o crescimento da procura de emprego pelos jovens, que procurariam ajudar a recompor a renda familiar. Os dados, porém, não confirmam essa hipótese, pois a taxa de participação inclusive caiu.

O que esta de fato ocorrendo é que o “facão” do desemprego está atingindo os jovens, muitos sem o direito de acesso ao seguro-desemprego. É fundamental que o movimento sindical pressione os governos a desenvolver políticas voltadas para gerar alternativas de manutenção dos jovens na escola e de geração de renda por meio de ocupações especialmente vinculadas às atividades educacionais e formativas, que combinem, por exemplo, trabalhos comunitários nos quais possam aplicar e desenvolver os conhecimentos adquiridos.

Gerar oportunidade para que os jovens se mobilizem para preservar os investimentos em formação, opção que interessa a toda sociedade e ao país, é uma tarefa sindical de organização de base e faz parte da formação política que poderá ser usada pelos jovens por toda a vida. É também uma ótima oportunidade de aproximá-los da vida sindical e de renová-la.

* Clemente Ganz Lúcio é Sociólogo, diretor técnico do DIEESE, membro do CDES – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e do Grupo Reindustrialização.



As histórias que o padre conta

“Até a metade vai parecer que irá dar errado, mas depois dá certo!”

Autor: Dimas Künsch


Vulnerabilidades masculinas: o tema proibido

É desafiador para mim escrever sobre este tema, já que sou um gênero feminino ainda que com certa energia masculina dentro de mim, aliás como todos os seres, que tem ambas as energias dentro de si, feminina e masculina.

Autor: Viviane Gago


Entre o barril de petróleo e o de pólvora

O mundo começou a semana preocupado com o Oriente Médio.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Nome comum pode ser bom, mas às vezes complica!

O nosso nome, primeira terceirização que fazemos na vida, é uma escolha que pode trazer as consequências mais diversas.

Autor: Antônio Marcos Ferreira


A Cilada do Narcisista

Nelson Rodrigues descrevia em suas crônicas as pessoas enamoradas de si mesmas com o termo: “Ele está em furioso enamoramento de si mesmo”.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Brasil, amado pelo povo e dividido pelos governantes

As autoridades vivem bem protegidas, enquanto o restante da população sofre os efeitos da insegurança urbana.

Autor: Samuel Hanan


Custos da saúde aumentam e não existe uma perspectiva que possa diminuir

Recente levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que os brasileiros estão gastando menos com serviços de saúde privada, como consultas e planos de saúde, mas desembolsando mais com medicamentos.

Autor: Mara Machado


O Renascimento

Hoje completa 2 anos que venci uma cirurgia complexa e perigosa que me devolveu a vida quase plena. Este depoimento são lembranças que gostaria que ficasse registrado em agradecimento a Deus, a minha família e a vários amigos que ficaram ao meu lado.

Autor: Eduardo Carvalhaes Nobre


Argentina e Venezuela são alertas para países que ainda são ricos hoje

No meu novo livro How Nations Escape Poverty, mostro como as nações escapam da pobreza, mas também tenho alguns comentários sobre como países que antes eram muito ricos se tornaram pobres.

Autor: Rainer Zitelmann


Marcas de um passado ainda presente

Há quem diga que a infância é esquecida, que nada daquele nosso passado importa. Será mesmo?

Autor: Paula Toyneti Benalia


Quais são os problemas que o perfeccionismo causa?

No mundo complexo e exigente em que vivemos, é fácil se deparar com um padrão implacável de perfeição.

Autor: Thereza Cristina Moraes


De quem é a América?

Meu filho tinha oito anos de idade quando veio me perguntar: “papai, por que os americanos dizem que só eles vivem na América?”.

Autor: Leonardo de Moraes