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Discernimento e Liberdade

Discernimento e Liberdade

09/10/2014 Luan Sperandio

Não é preciso mágica para escolher lutar pela Liberdade.

João era um homem comum, trabalhador, feliz e tinha orgulho de ao longo de sua vida ter “lutado por uma sociedade mais justa e um mundo melhor”. Um dia João tropeçou em uma lâmpada mágica e de lá saiu um gênio, lhe concedendo direito a três desejos. Os dois primeiros desejos foram feitos: “saúde e discernimento”. João não soube mais o que pedir e prometeu ao fim da semana dizer o terceiro desejo. Na manhã seguinte, ao ler o jornal como rotineiramente fazia, João percebeu que já não era tão feliz.

Havia uma notícia de aumento do salário mínimo. Antes ele sempre pensou que isso era ótimo para “a classe trabalhadora explorada”. Mas naquele dia não: João percebeu que aquilo tinha um custo, que o salário era a valorização que a sociedade atribuía a seu trabalho, todavia, isso somente funcionava quando não havia um poder central determinando isso. João refletiu que a classe trabalhadora menos qualificada seria prejudicada, sobretudo os que não produzissem mais que aquele valor determinado pelo Estado como mínimo a ser pago.

Esses trabalhadores migrariam para o mercado informal, ambiente já comum a mais de um quinto dos brasileiros. João compreendeu que o melhor era estimular a produtividade para os aumentos salariais porque uma “canetada” em Brasília garantia uma “conquista” insustentável e era obtida com o comprometimento do futuro: os netos de João sequer eram nascidos, porém já estavam endividados. Aquele senhor ficou mais triste ao folhear o impresso e ler que a previdência social estava com um rombo de mais de 50 bilhões de reais anuais.

Compreendeu se tratar de bomba-relógio que explodirá nas mãos dos trabalhadores. Entretanto, como isso não ocorrerá amanhã, os governistas fingiam não ver: é “impopular” e pode prejudicar “a reeleição”. “Mas como ninguém percebia isso? A mídia não é livre e o país democrático para denunciar esse atentado contra o trabalhador causado pela má-gestão governista?” Em seguida João leu que a liberdade de imprensa no Brasil ocupava tão somente o 111º lugar no ranking da RSF e o principal motivo era o próprio Estado.

O país tinha despencado de posição na última década. Afinal, a imprensa era tendenciosa para quem? Mas o que fazer com os que não tiveram as mesmas oportunidades? João regozijava. “Os indivíduos têm o poder de fazer as próprias oportunidades se forem livres para tanto”, concluiu. Mas e a desigualdade? Era preciso redistribuir a riqueza, sempre argumentou, repetindo o que a professora da escola do ensino secundário lhe ensinou. Mas João ficou confuso: como fazer isso com recursos escassos? Ele ganhava R$ 10 mil mensais e seu vizinho, José, R$ 10.500,00. Isso é desigualdade também.

O problema é a desigualdade ou a pobreza? O fato de José ganhar mais não era a consequência dele ganhar menos, José não era mais rico porque ele era mais pobre, deduziu. João chorou copiosamente. Percebeu que tinha defendido coisas que pareciam ser as melhores para as pessoas de seu país, um discurso bonito, veemente, mas na verdade era o mesmo que jogar gasolina no fogo. Desesperou-se. Descobriu ter sido um idiota útil, foi usado. Outras pessoas se aproveitaram de sua persuasão durante anos. Sua ignorância não era falta de inteligência.

O estado de ignorância que estava antes de conhecer o gênio não lhe causava dor, mas agora estava inquieto porque não era possível ser feliz e conformista com a atual situação das coisas. Tremia. João, com seu novo discernimento, percebeu que havia outro caminho para buscar o mesmo fim que lutou por tantos anos e com resultados melhores. Acalmou-se e invocou o gênio novamente ao final daquela semana. Seu terceiro desejo? Pediu coragem para defender a liberdade porque a luta era inglória e eterna, mas todos os esforços em prol dela valiam a pena.

*Luan Sperandio é Acadêmico de direito da Universidade Federal do Espírito Santo.



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