Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Fed muda o tom nos Estados Unidos

Fed muda o tom nos Estados Unidos

17/03/2019 Julio Lage

Decisão do Fed é muito importante neste momento do Brasil e pode impactar positivamente na nossa economia.

Esta semana o mercado mundial confirmou o que já desconfiava por semanas, a mudança de tom das atas do Fed, Banco Central americano.

Neste contexto o banco central se posicionou de forma mais clara, e manifestou que não vê motivos para novos aumentos de juros em 2019. Em 2018 foram 04 aumentos e esta mudança de posicionamento, caso se consolide, encerrará um ciclo de aumentos sucessíveis dos últimos três anos.

O Fed está enxergando uma desaceleração no crescimento econômico, uma menor pressão inflacionária e a economia bastante saudável, com expectativa de crescimento neste ano de cerca de 2%. O mercado de emprego está muito forte e a economia vem gerando novas vagas.

Este tom “dovish”, termo no inglês usado para determinar um tom mais positivo, menos preocupado, traz reflexos tanto para os Estados Unidos bem como o resto do mundo e Brasil.

Quais as principais consequências para os Estados Unidos?

No mercado financeiro esta notícia, juntamente com uma possível redução das tensões entre os EUA e a China, vem ajudando as ações no mercado americano a recuperarem suas altas após a forte queda em dezembro de 2018.

Os investidores temiam que o Fed continuasse aumentando as taxas e, devido a uma economia em desaceleração, talvez mergulhasse a nação em uma recessão. Mas desde a baixa de dezembro do ano passado, o S & P 500 avançou mais do que 15%.

Na economia real, uma estabilização na taxa de juros traz consequências positivas para as empresas, pois o custo de empréstimos se manterá estável, não irá desestimular os empresários com juros maiores.

O mesmo reflexo acontece com os consumidores, que ao ver a taxa de juros em níveis estáveis mantêm o apetite para o consumo. As taxas de inadimplência do mercado por sua vez tende a se manter no mesmo patamar, criando um efeito positivo em toda a economia.

A taxa de referência, Fed Fund Rate ou taxa básica, pode afetar os consumidores aumentando os custos dos empréstimos. Isso inclui itens como taxas de empréstimo de automóveis e hipoteca fixas de 30 anos; mesmo uma taxa ligeiramente menor para ambos pode significar milhares de dólares em economia para os consumidores.

Na questão da moeda a tendência é que o dólar perca atratividade perante o pacote de moedas das economias desenvolvidas e também dos mercados emergentes. A paridade dólar versus euro está atingindo as mínimas.

O risco maior de tudo isto é que o Fed esteja interpretando todo o cenário de forma equivocada e ou esteja sobre pressão do presidente Trump, principalmente na questão de inflação.

Já aconteceu antes tal como em 2000, onde as atas mostraram que os formuladores de políticas do Fed minimizaram indícios de problemas entre as empresas pontocom, e acabaram tendo que fazer um corte de emergência de 0,5 ponto percentual quando o setor de tecnologia implodiu.

A mesma interpretação equivocada ocorreu em meados de 2007, em meio a sinais de que o mercado hipotecário de alto risco estava se desintegrando. Alguns críticos inclusive comentam que o Fed está "continuando a lamentável tradição" estabelecida por seus antecessores de "destacado distanciamento da economia real".

Mas independente das críticas e riscos essa decisão foi aplaudida por investidores em Wall Street e no resto do mundo. Significa expectativa de reflexos positivos e empurra para pelo menos 2020 que a economia mundial encare uma desaceleração forte dos Estados Unidos, com consequências imprevisíveis.

E o Brasil?

Esta notícia é um impulso positivo para a economia brasileira. Primeiramente, caso a reforma da previdência seja aprovada e gere economia de gastos, conforme a expectativa abre uma possibilidade grande de buscar uma taxa Selic a patamares inferiores. Alguns economistas inclusive já projetam algo abaixo de 6% ao ano.

Com a taxa básica nos Estados Unidos estável e sem expectativa de novos incrementos, cria estímulo ao Bacen de redução da Selic e evita o risco de estar reduzindo a taxa em um momento de subida de juros nos Estados Unidos, reduzindo o spread entre as economias e trazendo perda de atratividade.

Ao mesmo nível de taxa Estados Unidos e Brasil estimularia do investidor estrangeiro não vir para o Brasil e ainda criaria uma forte demanda do investidor Brasileiro em investir em ativos fora do Brasil.

Um segundo aspecto, logicamente caso o Brasil faça seu dever de casa e aprove a previdência, é que os investidores internacionais perdem estímulo de manter os seus recursos nos Estados Unidos, que já paga uma taxa baixa e não tem expectativas de incrementos.

Neste contexto com um programa de privatizações à frente, estímulo de recursos externos e possibilidade de fluxo de recursos são muito bem-vindos.

Concluindo, a decisão do Fed é muito importante neste momento do Brasil e pode vir a impactar positivamente na nossa economia, com reflexos em fluxo de recursos, câmbio, e mercado financeiro em geral.

* Julio Lage é sócio do grupo Belvedere Capital e CEO da Belvedere Capital Advisors.

Fonte: Clozel Comunicação



Democracia: respeito e proteção também para as minorias

A democracia é um sistema de governo que se baseia na vontade da maioria, mas sua essência vai além disso.

Autor: André Naves


O Brasil enfrenta uma crise ética

O Brasil atravessa uma crise ética. É patente a aceitação e banalização da perda dos valores morais evidenciada pelo comportamento dos governantes e pela anestesia da sociedade, em um péssimo exemplo para as futuras gerações.

Autor: Samuel Hanan


Bandejada especial

Montes Claros é uma cidade de características muito peculiares. Para quem chega de fora para morar lá a primeira surpresa vem com a receptividade do seu povo.

Autor: Antônio Marcos Ferreira


Eleições para vereadores merecem mais atenção

Em anos de eleições municipais, como é o caso de 2024, os cidadãos brasileiros vão às urnas para escolher prefeito, vice-prefeito e vereadores.

Autor: Wilson Pedroso


Para escolher o melhor

Tomar boas decisões em um mundo veloz e competitivo como o de hoje é uma necessidade inegável.

Autor: Janguiê Diniz


A desconstrução do mundo

Quando saí do Brasil para morar no exterior, eu sabia que muita coisa iria mudar: mais uma língua, outros costumes, novas paisagens.

Autor: João Filipe da Mata


Por nova (e justa) distribuição tributária

Do bolo dos impostos arrecadados no País, 68% vão para a União, 24% para os Estados e apenas 18% para os municípios.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Um debate desastroso e a dúvida Biden

Com a proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para novembro deste ano, realizou-se, na última semana, o primeiro debate entre os pleiteantes de 2024 à Casa Branca: Donald Trump e Joe Biden.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Aquiles e seu calcanhar

O mito do herói grego Aquiles adentrou nosso imaginário e nossa nomenclatura médica: o tendão que se insere em nosso calcanhar foi chamado de tendão de Aquiles em homenagem a esse herói.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Falta aos brasileiros a sede de verdade

Sigmund Freud (1856-1939), o famoso psicanalista austríaco, escreveu: “As massas nunca tiveram sede de verdade. Elas querem ilusões e nem sabem viver sem elas”.

Autor: Samuel Hanan


Uma batalha política como a de Caim e Abel

Em meio ao turbilhão global, o caos e a desordem só aumentam, e o Juiz Universal está preparando o lançamento da grande colheita da humanidade.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


De olho na alta e/ou criação de impostos

Trava-se, no Congresso Nacional, a grande batalha tributária, embutida na reforma que realinhou, deu nova nomenclatura aos impostos e agora busca enquadrar os produtos ao apetite do fisco e do governo.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves