Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Filho único… e feliz

Filho único… e feliz

22/10/2014 Breno Rosostolato

No século XIX, o psicólogo e educador Granville Stanley Hall, também conhecido como um dos precursores da psicologia infantil, afirmou que os filhos únicos possuíam comportamento estranho, isolado e solitário.

Dizia que o "filho único era uma doença em si mesmo", indicando que o saudável seria a presença do irmão para fazer companhia ao mais velho. Esta concepção forçava, socialmente, para que muitos pais tivessem outros filhos, com medo que, sendo único, poderia ter algum comprometimento emocional e ser individualista. Uma ideia errônea e equivocada. Estudos recentes revelam que o filho é influenciado mais pela postura e comportamento dos pais do que do irmão.

Portanto, as crianças conseguem se desenvolver bem sozinhas ou na companhia de um irmão. Estes estereótipos sociais não condizem com a realidade, que demonstra que filhos únicos são saudáveis psicologicamente e que os amigos formados na escola, no clube, no local onde reside, exercem um papel importante para sua interação criança e suprem possíveis faltas e arestas afetivas. O filho único, como não precisa dividir a atenção com o irmão, tende a ter uma autoestima maior, porque a atenção é dedicada a ele.

Por conta disso, podem apresentar melhor desempenho escolar. Apresentam um linguajar mais refinado à medida que convive mais com os adultos. Os pais devem tomar cuidado para ser uma boa referência para esta criança, educando e ensinando-lhe a dividir, compartilhar seus brinquedos. Devem incentiva-lo a interagir com outras crianças. A concepção errônea de que filhos únicos são egoístas e individualistas são construídos à medida que os pais reforçam este comportamento e acentuam o conceito de exclusividade.

Esta dicotomia entre filhos “com” ou “sem” irmãos perde força e torna-se uma divisão desgastada. Nos dias de hoje, esta fragmentação toma outros rumos, haja vista que a tecnologia ocupa um espaço e exerce uma função importante na constituição das crianças. Os famosos “amigos imaginários”, que muitos atribuem à solidão, não é uma constante. De acordo com pesquisas e estudos da professora de psicologia da Universidade do Oregon, Marjorie Taylor, 65% das crianças até sete anos possuem amigos imaginários, ou seja, esta fantasia infantil não tem maior incidência ao filho único, além de que, isso não é sinal de solidão ou alguma dificuldade por não ter um irmão.

Ao contrário, crianças que possuem estes amigos imaginários são mais criativas, têm melhor vocabulário e não ficam facilmente entediadas, uma vez que sabem se divertir sozinhas, demonstrando desenvoltura, desinibição e sensibilidade. Nos dias de hoje as próprias famílias já possuem uma constituição, valores e dinamismos diferentes daquelas de tempos atrás. Observa-se que os pais possuem uma participação mais próxima dos filhos e que o diálogo é uma condição para um convívio harmonioso e a serenidade da instituição familiar, aspectos imprescindíveis para o crescimento do filho.

A instituição família sofreu transformações no que diz respeito à construção social e à comunicação entre as pessoas a compõem. Pais mais receptivos, equilibrados e que dão contorno ao filho precisam conter seus exageros e não transferir a ele seus medos e anseios, bem como expectativas e idealizações, sob o risco de sufocar a criança. O tradicionalismo e o conservadorismo diminuíram e estas mudanças dão vazão a uma nova expressividade desta família, que é móvel, possui outras necessidades e não sobrevive através da rigidez de imposições e arbitrariedades.

O autoritarismo é substituído pela autonomia, principalmente dos padrões sociais, como ter mais de um filho para que a criança tenha um desenvolvimento satisfatório. A criança, tendo irmão ou não, precisa receber educação, ser acolhida e, assim, buscar referências, apoio e amparo. As dificuldades surgem quando esta criança não é atendida em suas necessidades, não reconhece seus moldes e fica sem sustentação.

O desamparo e o estado de abandono são as mazelas que prejudicam o desenvolvimento, o crescimento da criança. Daí a importância de eleger a figura materna e paterna, que não precisam ser, necessariamente, os pais biológicos. É a criação e não a concepção que determina nossas bases psíquicas e sociais.

*Breno Rosostolato é psicólogo e professor da Faculdade Santa Marcelina – FASM.



Democracia: respeito e proteção também para as minorias

A democracia é um sistema de governo que se baseia na vontade da maioria, mas sua essência vai além disso.

Autor: André Naves


O Brasil enfrenta uma crise ética

O Brasil atravessa uma crise ética. É patente a aceitação e banalização da perda dos valores morais evidenciada pelo comportamento dos governantes e pela anestesia da sociedade, em um péssimo exemplo para as futuras gerações.

Autor: Samuel Hanan


Bandejada especial

Montes Claros é uma cidade de características muito peculiares. Para quem chega de fora para morar lá a primeira surpresa vem com a receptividade do seu povo.

Autor: Antônio Marcos Ferreira


Eleições para vereadores merecem mais atenção

Em anos de eleições municipais, como é o caso de 2024, os cidadãos brasileiros vão às urnas para escolher prefeito, vice-prefeito e vereadores.

Autor: Wilson Pedroso


Para escolher o melhor

Tomar boas decisões em um mundo veloz e competitivo como o de hoje é uma necessidade inegável.

Autor: Janguiê Diniz


A desconstrução do mundo

Quando saí do Brasil para morar no exterior, eu sabia que muita coisa iria mudar: mais uma língua, outros costumes, novas paisagens.

Autor: João Filipe da Mata


Por nova (e justa) distribuição tributária

Do bolo dos impostos arrecadados no País, 68% vão para a União, 24% para os Estados e apenas 18% para os municípios.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Um debate desastroso e a dúvida Biden

Com a proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para novembro deste ano, realizou-se, na última semana, o primeiro debate entre os pleiteantes de 2024 à Casa Branca: Donald Trump e Joe Biden.

Autor: João Alfredo Lopes Nyegray


Aquiles e seu calcanhar

O mito do herói grego Aquiles adentrou nosso imaginário e nossa nomenclatura médica: o tendão que se insere em nosso calcanhar foi chamado de tendão de Aquiles em homenagem a esse herói.

Autor: Marco Antonio Spinelli


Falta aos brasileiros a sede de verdade

Sigmund Freud (1856-1939), o famoso psicanalista austríaco, escreveu: “As massas nunca tiveram sede de verdade. Elas querem ilusões e nem sabem viver sem elas”.

Autor: Samuel Hanan


Uma batalha política como a de Caim e Abel

Em meio ao turbilhão global, o caos e a desordem só aumentam, e o Juiz Universal está preparando o lançamento da grande colheita da humanidade.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


De olho na alta e/ou criação de impostos

Trava-se, no Congresso Nacional, a grande batalha tributária, embutida na reforma que realinhou, deu nova nomenclatura aos impostos e agora busca enquadrar os produtos ao apetite do fisco e do governo.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves