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Giseles e Marielles

Giseles e Marielles

17/03/2018 Marília Aparecida Muylaert

Dois assassinatos. Ambas, mulheres.

Uma era médica. Outra era vereadora. Ambas prestavam serviços à comunidade. Uma branca, outra preta. Ambas levaram tiros na cabeça. Uma teve seus bens roubados. A outra, sua voz, também. Ambas foram privadas de suas vidas. Uma foi assassinada por bandidos. A outra também.

Ambas, vítimas. Uma foi notícia privada. A outra ficou estampada nos jornais do mundo. Ambas, estão sob a terra, sós. Existem inúmeras diferenças entre os dois crimes. Nenhuma que justifique pesar maior por uma que por outra. Ambas são faces de uma mesma moeda perversa: o que nos tornamos no processo civilizatório para que ousemos fazer distinção entre dores lícitas, causas justas, injustiças justificáveis, defesa de direitos?

Ambas deixam claro que o processo falhou. Ambas atestam as diferenças inconciliáveis a que nos conduzimos. Ambas são vítimas de nossa cegueira escolhida. As redes sociais destilam dores e ódios propalados a sete ventos e... colocamos uma contra a outra.

Aqui as semelhanças acabam e, o que seria o chão comum, torna-se movediço lodo de discriminação de todo tipo. O olhar para o futuro além da esquina está turvado pela dor, pela miséria humana, pela pobreza de caráter. Insuflamos o peito e os discursos para defender uma OU outra. Estamos longe de qualquer saída solidária e generosa, muito além de qualquer ética ou justiça.

Nos tornamos nós, os bandidos, os mesmos que puxaram os gatilhos. Estraçalhamos seus corpos entre a esquerda e a direita com um nó de afetos grotescos ao centro. Matamos mais um pouco e outra vez, covardemente, e continuamos nos afastando certos de nossas posições, bradando por justiça enquanto assumimos posições injustas. Esquartejamos o tecido social do qual todos fazemos parte, buscando as posições mais certas, o olhar mais acurado, a análise mais intelectual ou política que dê conta da barbárie que produzimos.

E, tanto faz se nos damos conta ou não da boçalidade de nossas reivindicações. A dor move o ódio e a busca de culpados, sempre do outro lado, sempre bem longe de nós, sempre no lugar onde não fazemos parte ou sequer nos aproximamos. Gisele e Marielle, profissionais, jovens e promissoras. Tinham família e sonhos. Escolheram profissões que cuidam da Vida, da sociedade, de nossa continuidade digna.

Entender que uma era do cotidiano e outra do palanque. Que uma era da Vida agora e outra da Vida amanhã. Nenhuma mais importante, se não vivemos hoje, não há amanhã para ser construído. Entender que os usos políticos e as causas obscuras das mortes não validam uma ou outra, e não invalidam também.

Estamos sempre advogando em causa própria, seja para já ou amanhã, este o fardo mais tramado e inconfessável de nossas intenções. Ganhar as manchetes do mundo ou notas de rodapé, não revelam o valor das Vidas. Não há mérito na morte de quem morre. Não há ética em assassinato.

´Os bandidos passam bem´... Maioria ou minoria, classe, partidos, políticas injustas ou direitos garantidos. Linha Vermelha ou Estácio. Condomínio ou favela. O que as vozes clamam é o direito à Vida.

Sim, com letra maiúscula e dignidade e alegria e luta e... “Todo mundo tem direito à Vida e todo mundo tem direito igual”

* Marília Aparecida Muylaert é Professora Assistente Doutora do Departamento de Psicologia Clínica da Unesp de Assis.

Fonte: Oscar Alejandro Fabian D Ambrosio - ACI



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