Governo faz ouvidos de mercador para a Manifestação Popular
Governo faz ouvidos de mercador para a Manifestação Popular
Vivenciamos no domingo, 13 de março, a maior manifestação pública já ocorrida no Brasil.
Milhares de pessoas se reuniram em Capitais e cidades do interior para manifestar contra a corrupção, contra o ex-presidente Lula e a favor do Impeachment de Dilma Rousseff.
Apesar da dimensão do movimento, nunca antes vista na história deste país, o mesmo se deu de forma ordeira, civilizada e democrática.
Pessoas compareceram com seus familiares vestidos com as cores da bandeira nacional, demonstrando que a manifestação era apartidária, em prol de um país melhor.
Houve um apoio irrestrito às instituições brasileiras, leiam-se Polícia Federal, Ministério Público e Judiciário, esse personificado na figura do Juiz Moro, que conduz, com mão de ferro, os processos judiciais da operação Lava Jato.
O Hino Nacional foi cantado em coro por diversas vezes, intercalados com gritos da multidão de “Fora Lula”, “ Fora Dilma”, “Fora PT” e “Fora Corrupção”.
Não houve baderna, quebra-quebra, e nem pessoas escondendo a face com máscaras (Black Bloc) para não serem identificados.
Uma manifestação de cara limpa pelo descontentamento com as mazelas do governo Lula e Dilma. O ato repercutiu em toda a imprensa nacional e estrangeira, fortalecendo sobremaneira as oposições favoráveis ao Impeachment.
O governo federal tentou minimizar a força da manifestação, dizendo que o movimento se deve à crise econômica mundial e a brasileira, que o ato refletia esta insatisfação, fazendo olhos de quem não viu.
O descaso da Presidente Dilma com a nação parece não ter fim, como se as vozes da manifestação não fossem voltadas para ela e seu antecessor. Com ouvidos de mercador e de costas para a vontade popular, convida o ex-presidente Lula para participar do Governo, com a desculpa que o mesmo irá compor a base de apoio contra o Impeachment.
A atitude da mandatária maior da nação deve agravar a crise política e aumentar a insatisfação popular, já que as palavras de ordem no domingo eram “Fora Lula” e “Fora Dilma”. Tal despautério, se não foi para dar o foro privilegiado ao Lula, escapando das mãos do Juiz Moro, irá fortalecer o pedido de Impeachment, em efeito contrário do desejo da Presidente.
A articulação do Partido da Presidente, com sua anuência no malfadado convite ao ex-presidente Lula, soa com um recado claro que as vozes da nação não reverberam no Palácio do Governo. A crise econômica também tende a agravar.
O mercado financeiro, além de outros fatores, com os olhos sensíveis a fatos e mudanças políticas, por ser especulativo reagiu, pessimamente, à possibilidade da participação direta do ex-presidente no Governo Federal. A bolsa de valores teve uma acentuada queda, sobretudo as ações das empresas Estatais (Petrobras, Eletrobrás e Banco do Brasil) e o dólar a maior alta em cinco meses.
Acrescente-se a estes fatores desfavoráveis, a delação premiada do Senador Delcídio do Amaral, homologada pelo STF, que aponta o indicado com possível envolvimento nos escândalos de corrupção na Petrobras.
Por todos os ângulos, a indicação do ex-presidente Lula para compor uma pasta ministerial no governo é um verdadeiro “tapa na cara” daqueles que participaram da manifestação popular.
* Bady Curi Neto é advogado fundador do Escritório Bady Curi Advocacia Empresarial, ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG).