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Muitos médicos, pouca qualidade

Muitos médicos, pouca qualidade

22/12/2011 Antônio Carlos Lopes

Parece haver hoje em nosso país uma política deliberada de desqualificação da Medicina e dos médicos. A despeito de ainda ser centro de excelência e referência mundial em variadas especialidades, o Brasil coloca seu sistema de saúde em xeque dia a dia por equívocos e/ou falta de visão de parte dos gestores.

Atualmente, um grande vilão da desconstrução de nossa Medicina é o aparelho formador. A abertura de escolas médicas não foi enfrentada com a devida seriedade e os resultados são nefastos. Recente avaliação do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo com estudantes do sexto ano atestou que quase 50% deles não sabe interpretar radiografia ou fazer diagnóstico após receber informações dos pacientes.

Também cerca de metade administraria tratamento impreciso para infecção na garganta, meningite e sífilis. Ainda não seria capaz de identificar febre alta como fator que eleva o risco de infecção grave em bebê. O baixo percentual de acertos em campos essenciais da Medicina, como Saúde Pública (49% de acertos), Obstetrícia (54,1%), Clínica Médica (56,5%) e Pediatria (59,3%) é alarmante.

Aliás, os índices de reprovação desde que a avaliação foi criada, em 2007, mostram que muitos novos médicos não estão preparados para exercer a profissão. De certa forma, a responsabilidade não é só deles, que pagam mensalidades caríssimas convictos de que receberão conhecimento suficiente para bem servir ao próximo.  É fruto da mercantilização do ensino. Faz tempo que escolas médicas são abertas com qualidade absolutamente contestável.

A maioria é autorizada a funcionar sem hospital escola, com corpo docente de capacitação discutível, falhas na grade pedagógica, entre outros problemas. Dessas faculdades mambembes saem, todos os anos, profissionais de formação falha. Não dá para fechar os olhos: isso é um risco à saúde e à vida dos cidadãos. Para agravar a situação, o perigo não mora só aqui. Também vem de fora.

Nos últimos dias, por exemplo, foi noticiado amplamente que o governo federal adotará nova estratégia para facilitar a revalidação de diploma de médicos brasileiros formados na Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM) de Cuba. Com recursos de nossos impostos, eles terão estágio em hospitais públicos, recebendo bolsa, enquanto fazem cursinho de reforço para se preparar para uma prova de revalidação de diploma.

Ressalto que a validação desses diplomas de médicos estrangeiros, e principalmente de brasileiros formados em outros países, é um processo democrático e republicano. Contudo, são necessárias regras rígidas para não expor os cidadãos à incompetência profissional oriunda de modelos de formação inadequados ou insuficientes.   Tenta-se, na atual conjuntura, mais um arremedo para esconder a incompetência em se conceber políticas consistentes para garantir a universalidade e integralidade do Sistema Único de Saúde (SUS). Busca-se mão de obra barata, para atender em regiões de fronteira, de difícil acesso. Enfim, parece que se planeja oferecer Medicina de segunda categoria para os carentes e desassistidos. Não podemos compactuar de forma alguma com isso.   * Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.



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