Portal O Debate
Grupo WhatsApp

O eleitor vota mal, o eleito vota pior

O eleitor vota mal, o eleito vota pior

11/12/2015 Luiz Carlos Borges da Silveira

É fato repetitivo o questionamento sobre a qualidade do voto popular. O eleitor é em geral despreparado politicamente para exercer esse direito cívico.

Então, ocorre que vota influenciado por diversos fatores, até por pedido, sugestão ou indicação de amigos e familiares e acaba elegendo um candidato a quem não conhece e nem sabe se presta ou não.

Além disso, o voto pode ser determinado pela popularidade do candidato, por suas juras de honestidade e pelas pregações feitas na campanha, o que, evidentemente, não é prova de competência política e honradez pessoal.

A falta de discernimento é tamanha que temos exemplos de políticos corruptos e até condenados por delitos comuns que se afastam, renunciam ao mandato para se livrar da cassação, porém na eleição seguinte se apresentam e são eleitos novamente.

O voto deveria funcionar também como “julgamento”, mas não é o que acontece. Quando o eleitor faz uma opção equivocada o Congresso passa a refletir os equívocos do cidadão.

Quando se critica o Congresso, é a decisão do eleitor que está sendo criticada. Bom ou mau, o Congresso Nacional é a cara do brasileiro que vota. O eleitor é relativamente desculpado pela má escolha que tenha feito, considerando-se a falta de preparo e de participação política.

Indesculpável é o procedimento dos eleitos, principalmente nos parlamentos – Câmaras municipais, Assembleias estaduais, Câmara federal e Senado. Tomemos como exemplo mais atual a Câmara dos deputados.

Quem é seu presidente? Eduardo Cunha, deputado federal pelo PMDB do Rio de Janeiro. Elegeu-se com inúmeras promessas de vantagens e benesses aos parlamentares sempre ávidos por benefícios pessoais.

Entre as propostas, Cunha prometeu tornar as emendas orçamentárias impositivas, tirando do governo o arbítrio e os critérios para liberação, com sério risco para o equilíbrio do orçamento. Prometeu, também, instituir passagens aéreas para as esposas dos deputados, caso típico de pregação eleitoreira e irresponsável à custa do dinheiro público; esta medida não prosperou devido à repercussão negativa na mídia.

Hoje, Eduardo Cunha está envolvido na Operação Lava Jato, assim como alguns de seus ‘eleitores’ e integrantes da Mesa Diretora da Câmara Federal que com ele se elegeram, alguns inclusive com processos no TSE e no STF que só não andam por causa da imunidade parlamentar.

Intrigante é o fato de os deputados elegerem alguém que sabidamente não tinha ficha limpa. Eduardo Cunha, em 1989, era obscuro aprendiz de político que se aliou a PC Farias (aquele da era Collor), integrou o PRN e se tornou presidente da Telerj, de onde foi afastado por corrupção; suplente de deputado estadual fez acordo com Anthony Garotinho e assumiu vaga na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro para se abrigar na imunidade parlamentar devido a irregularidades na Companhia Estadual de Habitação.

Durante a campanha para presidente da Câmara o jornal Folha de S. Paulo publicou reportagem com o currículo de Cunha, desabonador dossiê para qualquer homem público, relatando envolvimento com Collor, Maluf e depois com Garotinho e Sérgio Cabral.

A matéria citava diversos cargos públicos ocupados e dos quais Cunha foi afastado por irregularidades. Será que os deputados que apoiaram a candidatura e em Cunha votaram não sabiam de nada disso? Claro que sabiam! Portanto, não tinham responsabilidade moral para elegê-lo, afinal, não existe ‘ex-corrupto’.

Os fatos estão aí para mostrar. Em resumo, ante a constante deterioração da visão e das ações na política mais evidente se torna a urgente necessidade de uma ‘reforma moral’ e isso depende também do eleitor, que não deve ficar alheio, mas sim participar e compreender que política é tudo, ela permeia todas as atividades na sociedade.

Pode e deve ser decente. O voto popular é direito antigo, vem do tempo do Brasil imperial. Quando irá o eleitor brasileiro se dar conta da importância de sua participação, de seu voto?

A política sempre existiu e continuará existindo; ignorá-la não é solução. Basta relembrar o que disse o dramaturgo e poeta alemão Bertolt Brecht no poema Analfabeto Político:

“O pior analfabeto
é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política,
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.”

* Luiz Carlos Borges da Silveira é empresário, médico e professor. Foi Ministro da Saúde e Deputado Federal.



Imprensa e inquietação

A palavra imprensa tem origem na prensa, máquina usada para imprimir jornais.

Autor: Benedicto Ismael Camargo Dutra


Violência não letal: um mal silencioso

A violência não letal, aquela que não culmina em morte, não para de crescer no Brasil.

Autor: Melissa Paula


Melhor ser disciplinado que motivado

A falta de produtividade, problema tão comum entre as equipes e os líderes, está ligada ao esforço sem alavanca, sem um impulsionador.

Autor: Paulo de Vilhena


O choque Executivo-Legislativo

O Congresso Nacional – reunião conjunta do Senado e da Câmara dos Deputados – vai analisar nesta quarta-feira (24/04), a partir das 19 horas, os 32 vetos pendentes a leis que deputados e senadores criaram ou modificaram e não receberam a concordância do Presidente da República.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


A medicina é para os humanos

O grande médico e pintor português Abel Salazar, que viveu entre 1889 e 1946, dizia que “o médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe”.

Autor: Felipe Villaça


Dia de Ogum, sincretismo religioso e a resistência da umbanda no Brasil

Os Orixás ocupam um lugar central na espiritualidade umbandista, reverenciados e cultuados de forma a manter viva a conexão com as divindades africanas, além de representar forças da natureza e aspectos da vida humana.

Autor: Marlidia Teixeira e Alan Kardec Marques


O legado de Mário Covas ainda vive entre nós

Neste domingo, dia 21 de abril, Mário Covas completaria 94 anos de vida. Relembrar sua vida é resgatar uma parte importante de nossa história.

Autor: Wilson Pedroso


Elon Musk, liberdade de expressão x TSE e STF

Recentemente, o ministro Gilmar Mendes, renomado constitucionalista e decano do Supremo Tribunal Federal, ao se manifestar sobre os 10 anos da operação Lava-jato, consignou “Acho que a Lava Jato fez um enorme mal às instituições.”

Autor: Bady Curi Neto


Senado e STF colidem sobre descriminalizar a maconha

O Senado aprovou, em dois turnos, a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) das Drogas, que classifica como crime a compra, guarda ou porte de entorpecentes.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


As histórias que o padre conta

“Até a metade vai parecer que irá dar errado, mas depois dá certo!”

Autor: Dimas Künsch


Vulnerabilidades masculinas: o tema proibido

É desafiador para mim escrever sobre este tema, já que sou um gênero feminino ainda que com certa energia masculina dentro de mim, aliás como todos os seres, que tem ambas as energias dentro de si, feminina e masculina.

Autor: Viviane Gago


Entre o barril de petróleo e o de pólvora

O mundo começou a semana preocupado com o Oriente Médio.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves