O fortalecimento dos Brics
O fortalecimento dos Brics
Um projeto dessa envergadura não nasce ao acaso, nem é fruto de elocubrações equivocadas de tecnocratas alheios ao bem estar da população. Idéias desse porte são produzidas por intelectuais e homens públicos dotados de ampla visão, que pensam na sociedade como um todo.
Quem tem acompanhado pela imprensa o noticiário sobre os Brics – o agrupamento Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – nos poucos órgãos da imprensa nacional que vêm dando cobertura ao tema, entre eles, O Debate, devem estar questionando a origem e a praticidade da ideia de se criar um bloco econômico formado por cinco potências médias para empreenderem um até hoje inédito esforço conjunto de desenvolvimento.
O fato que temos procurado analisar nesta série de artigos é uma contribuição do economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O´neal,em estudo datado de 2001, intitulado Building Better Global Economic Brics. A idéia apresentou-se, desde o início, como categoria de análise nos meios econômicos e financeiros, empresariais, acadêmicos e de comunicação. Só no ano de 2006 o conceito deu forma a um agrupamento, incorporado à política externa dos países acima mencionados. Só no ano de 2011, na ocasião da Terceira Cúpula, a África adotou a sigla Brics.
Os analistas do projeto não têm dúvida de que o seu peso econômico é considerável, à luz dos seguintes dados: “até 2006 o grupo de países envolvidos representou 65% da expansão do PIB mundial”: em paridade de poder de compra, o PIB dos Brics já supera hoje o dos EUA ou o da União Européia. Para dar uma idéia do ritmo de crescimento desses países, em 2003 os Brics respondiam por 9% deste mesmo indicador e, em 2009, esse valor aumentou para 14%. Em 2010, o PIB conjunto dos 5 países (incluindo a África do Sul), totalizou 11 trilhões de dólares, ou 18% da economia mundial. Considerando o PIB pela paridade do poder de compra, esse índice é ainda maior: 19 trilhões de dólares, ou 25% do total.
Os dados reunidos pelos analistas da Goldman Sachs são tão impressionantes e eloqüentes que dispensam maiores artifícios mentais. E têm o mérito de demonstrar como cálculos surpreendentementes simples (muito diferentes das teorizações do Banco Mundial e do Fundo Monetário Nacional, por exemplo), podem chegar muito mais perto das verdades que interessam aos países desenvolvidos e aos que anseiam pelo desenvolvimento. O sucesso (embora o projeto ainda esteja no início) pode, em boa parte dos casos, ser uma mistura de competência, honestidade, boa fé e ousadia.