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O impacto da crise nos negócios e setores

O impacto da crise nos negócios e setores

14/04/2020 Marcelus Lima

Com a quarentena instituída pelos estados, as pessoas deixam de consumir e as empresas deixam de gerar receita.

A crise instaurada pela Covid-19 tem afetado todos os setores da economia mundial. Alguns setores são mais afetados no curto prazo, como por exemplo, o varejo, e outros podem sofrer impactos em um prazo mais longo. O mercado financeiro já faz projeções em relação ao PIB mundial e as revisões têm sido negativas.

Com relação a maior economia do mundo, os Estados Unidos, já existem projeções de queda de 4% no primeiro trimestre de 2020, e de até 14% para o segundo trimestre. Já as projeções de PIB para a segunda maior economia do mundo, a China, não são diferentes. Alguns bancos estimam uma retração de 9% no primeiro trimestre, fechando o ano com um crescimento de 3% - aumento que era estimado em 5%, ou seja, houve uma queda de 40%.

Considerando que a China é o maior importador do mundo de diversos produtos – muitos deles exportados pelo Brasil, como a carne, o minério de ferro e a soja –, é inevitável um impacto na economia brasileira. O desafio é tentar entender o tipo de impacto e quais serão os setores mais atingidos no curto e médio prazo.

Apesar do governo estar adotando uma política de redução da taxa de juros (Selic), se olharmos para o longo prazo, é possível identificar a projeção de uma taxa de juros mais alta do que anteriormente era registrada, ou seja, no jargão do mercado, “a curva de juros brasileira está abrindo”, o que demonstra que existe um crescente grau de aversão ao risco. Sendo assim, quais são os riscos?

Dado o cenário de baixo consumo, o risco do país aumentando e as projeções de juros subindo, o risco de crédito acaba entrando na pauta das preocupações do mercado.

Com a quarentena instituída pelos estados, as pessoas deixam de consumir e as empresas deixam de gerar receita, diminuindo assim a geração de caixa, que nada mais é do que, a capacidade de uma empresa de arcar com os seus compromissos financeiros. Ou seja, o risco de crédito está associado a capacidade de pagamento das dívidas de uma organização, o famoso “risco de calote”.

De praxe, alguns setores são mais alavancados que outros. Isso significa que em se tratando de risco de crédito, um setor pode ter “mais risco” do que outro. No setor de construção civil, por exemplo, os níveis de endividamento costumam ser mais altos. Outros setores da economia que costumam ter um grau de alavancagem mais elevado são os da mineração e siderurgia, petróleo, açúcar e etanol, lazer e turismo, energia elétrica, maquinas e equipamentos, varejo e mercado imobiliário.

Porém, é importante lembrar que, em 2019, com a queda da taxa de juros, muitas empresas aproveitaram o momento para refinanciar as suas dívidas.

Aproveitaram o cenário novo de juros baixos e substituíram as dívidas “mais caras”, por dívidas “mais baratas”. Além disso, muitas empresas aproveitaram o momento de menor aversão à riscos – mercado mais otimista – para alongar o perfil de amortização. Isso significa que, além de tomar um dinheiro mais barato, as empresas, alongaram as suas dívidas de curto prazo para um limite mais longo.

Esse movimento foi muito importante, pois tirou a pressão das empresas de terem um caixa robusto e uma geração de caixa forte para pagarem as dívidas de curto prazo. O que traz muito mais tranquilidade para o momento atual.

Um setor bastante afetado pela crise é o setor de aviação, que praticamente, estagnou as viagens aéreas internacionais e nacionais. Medidas vêm sendo estudadas pelo governo afim de socorrer estas empresas.

Outro setor bastante afetado pelo cenário proporcionado pela Covid-19 é o de petróleo. Segundo o Bloomberg, a redução da demanda poderá superar os quase 1 milhão de barris diários perdidos durante a recessão de 2008 e 2009.

Como é de se esperar toda crise tem começo, meio e fim. Com a crise do coronavírus não é diferente. A dúvida é se teremos uma recuperação mais rápida, a chamada recuperação em “V”, ou uma mais lenta, a chamada recuperação em “U”.

Há um conceito no mercado de “demanda reprimida”, que pode ocorrer quando conseguirmos achatar a curva exponencial. Demanda reprimida é quando o consumidor deseja consumir, porém, não consegue por força maior – falta de dinheiro, ou, baixa oferta de produtos e serviços. No caso do cenário atual, existe uma demanda reprimida, pelo fato de que as pessoas estão em casa e muitas empresas permanecem fechadas, algo que é diferente de uma incapacidade de consumo, pela falta de recursos ou, por baixa oferta de produtos e serviços.

Diferente da crise de 2008, quando lidávamos com um sistema financeiro colapsado, e uma demanda reprimida pelo endividamento elevado de empresas e pessoas físicas, o cenário atual pode proporcionar uma recuperação mais rápida do que em 2008.

Os governos têm se demonstrado ágeis na aplicação de medidas que contribuam para o alívio dos mercados. Isso demonstra que a história sempre nos ensina lições importantes de como lidar com o futuro. Afinal, essa não é a primeira e nem será a última crise que iremos vivenciar.

Texto: Marcelus Lima, assessor de investimentos e sócio fundador da Atrio Investimentos

Fonte: Naves Coelho Comunicação



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