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Que o bom velhinho nos traga boas novas

Que o bom velhinho nos traga boas novas

24/12/2009 Fábio P. Doyle

Mesmo sendo Natal, vale lembrar que 725 brasileiros estavam em Copenhague aplaudindo Lula. E, também, entender as razões de José Serra e de Aécio, na certeza de que nada ainda está decidido na sucessão.

VÉSPERA de Natal. Época de Paz, de Amor, de Alegria. O bom velhinho, com suas roupas coloridas, seu saco enorme de presentes, suas barbas brancas, seu olhar azul, manso, tranquilo, já deve estar com seu trenó revisado, pronto para a viagem que faz, todos os anos, ao redor do mundo, encantando crianças e adultos. Músicas natalinas já estão sendo ouvidas, e a neve, por aqui granizo apenas, mas que já serve para fazer a festa e criar o ambiente próprio, emoldura a paisagem.

POR isso, serei breve. Ninguém, nos dezembros da vida, tem muito tempo para ler, especialmente comentários às vezes, ou quase sempre, despiciendos, como diria meu velho professor de Filosofia na Faculdade de Direito da Praça Afonso Arinos. Embora o momento seja de paz, de amor, de alegria, não poderia deixar sem comentário os dois fatos mais importantes, entre tantos outros, deste dezembro chuvoso, alagado, surpreendente na área política, rotineiro na dos escândalos.

O PRIMEIRO, o fracasso da Cop 15, o encontro que reuniu 119 chefes de estado e de governo, e mais de 40 mil pessoas, no Bella Center, em Copenhague. O tema do encontro, combate ao aquecimento global, buscando um acordo que possa evitar o aumento médio, previsto e temido, de 2 graus, na temperatura do nosso desprotegido e agredido planeta.

NADA de objetivo, de concreto, resultou das reuniões realizadas. A declaração aprovada por alguns países, já na undécima hora do conclave, nada acrescenta, pelo contrário, reduz o que havia sito estabelecido em Kyoto, em 1997. Mesmo assim, a declaração, destinada a disfarçar o fracasso, somente foi possível depois da chegada do presidente Barack Obama, dos Estados Unidos.

MAS o que me chamou a atenção foi o destaque da mídia brasileira ao discurso feito pelo presidente Lula da Silva, no último dia do encontro. Os coleguinhas, que lá foram cobrir o acontecimento, se entusiasmaram com os aplausos dados ao orador. Um deles, em arroubo nacionalista, chegou a dizer que "Lula levantou a assembléia, interrompido por três vezes pelos aplausos". Ora, quem conhece as primeiras letras do marketing político sabe bem como se consegue aplausos para um orador, mesmo que não tão fluente, gesticulante e arrebatado quanto o nosso presidente. Basta espalhar pelo auditório meia dúzia de amigos, de seguidores, de assessores, combinando com eles o momento de bater palmas. Todos os que estão em volta, mesmo sem entender o motivo, acompanham o aplauso. É uma reação em cadeia, automática. E nem seriam necessários seis batedores de palmas. Um, apenas, já daria conta do recado.

MAS tem mais. A delegação brasileira em Copenhague era seguramente a maior. Conforme os mesmos coleguinhas, com Lula, 725 brasileiros estavam lá. Todos, naturalmente, dados a patriotadas ou seguidores do simpático barbudo presidente. E 725 pessoas batendo palmas, interrompendo o discurso do chefe por três, quatro vezes, multiplicam os aplausos pelo auditório todo. Não desmereço, quem sou eu, a qualidade do discurso do nosso presidente. Mas conseguir aplausos para um orador, está nos manuais, é muito fácil. Basta um, na platéia, começar. O resto, vem por acréscimo.

O OUTRO assunto dominante foi o da carta em que Aécio Neves Cunha comunicava ao seu partido sua decisão de não mais disputar a sucessão presidencial. Foi um gesto esperado. E sábio. Aécio não poderia mesmo continuar sentado no Palácio das Mangabeiras esperando a decisão de José Serra, de concorrer à vaga de candidato pelo PSDB em 2010. Seria, para Aécio, uma decisão final, irreversível? Não acredito. Falta ainda muito tempo para as convenções partidárias, mais tempo ainda para o eleitor ser chamado a votar. Tudo pode acontecer, ou nada. O certo é que o governador mineiro tem todas as condições para disputar, pelo seu partido, o direito de Minas voltar à presidência da República. Ninguém pode prever o que o governador de São Paulo irá fazer até maio, junho do ano que vem. Ele lidera as pesquisas, é um candidato de peso, um político respeitado, sério, competente, como o seu colega mineiro. Mas tem a possibilidade acredito que garantida, de ser reeleito governador do maior estado da Federação. Se perceber que o risco de ser derrotado para a presidência se tornar maior que o de vencer, certamente Serra recuará. Para os tucanos não restará outra alternativa do que a de convocar Aécio para a disputa. Ele, certamente, atenderá o chamado, pois cacife para ser o vitorioso ele tem.

É PRECISO analisar com prudência o posicionamento de José Serra. Ele não está errado em retardar sua definição. Outro qualquer, na posição em que ele está, não agiria de forma diferente. Ele não agiu assim para prejudicar Aécio. Agiu, apenas, para preservar sua carreira, o que é absolutamente natural. E se for candidato, tenho certeza, terá o apoio entusiasmado de Aécio, e de todos os mineiros que não desejam estender por mais quatro, ou oito anos, o consulado petista de Lula da Silva, mesmo que com o nome de d. Dilma.

ENFIM, é isso aí. Vamos todos colocar os sapatos nas portas, ou junto das árvores de Natal. Um idiota lá do sul pretendeu cassar o bom velhinho de barbas brancas e olhos azuis, substituindo-o, foi o que argumentou, por outro mais jovem, mais "sarado", menos barrigudo e mais nativo (alguém se lembra do frustrado Vovô Índio?). Que ele, o barrigudo simpático, o de de olhos azuis, com seu saco cheio de boas intenções, nos traga boas novas para 2010. Mas que sejam novas, mesmo. Se é que me entendem.

* Fábio P. Doyle é Jornalista e membro da Academia Mineira de Letras. Visite o Blog.

 



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