Reduza, Reutilize, Recicle
Reduza, Reutilize, Recicle
Na prática muito se tem falado, mas ainda pouco se tem feito.
Às vezes tenho a impressão de que estamos todos a bordo do Titanic, na cena do filme de James Cameron que retratou o naufrágio do navio, onde os músicos tocam até os momentos finais como se nada de especial estivesse acontecendo.
Enquanto assisto nos jornais cenas do recente desastre ecológico ocorrido no Brasil, vejo também, entre um intervalo e outro, propagandas da Black Friday.
Me pergunto se as pessoas se atentam para o fato de haver alguma ligação entre as notícias e os comerciais.
Alguns dos desastres que estamos começando a ver se desenrolar cada vez mais próximos de nós começam a mostrar que o consumo - o que, como e o quanto consumimos – está começando a trazer os problemas cada vez mais próximos das portas de nossas casas.
E onde este tema do consumo se encaixa na relação Cliente – Empresa?
Da mesma forma que uma relação de casal que não vai bem causa reflexos naqueles mais próximos, também na relação Cliente - Empresa, quando esta não caminha bem, a sociedade e o ambiente recebem seu impacto.
Tenho a impressão de que algumas poucas empresas já estão atentas ao fato de que em algum momento o cliente começará a se questionar sobre como as empresas extraem, produzem e distribuem seus produtos e serviços.
Infelizmente, ainda, uma pequena quantidade começou a transformar esta percepção em algum tipo de atitude concreta.
Tenho visto grandes empresas se protegendo legalmente dentro de toda a sua cadeia de fornecimento, produção e distribuição através de contratos que corresponsabilizam os parceiros de negócio em eventuais acionamentos jurídicos.
Isso me parece suficiente para alertar as empresas terceiras sobre a importância de suas práticas diárias.
A questão, porém, é que somente isso não é suficiente.
No momento em que o barco afunda, não vai fazer muita diferença se você está na primeira ou na terceira classe. Estamos todos literalmente no mesmo barco!
Na prática muito se tem falado, mas ainda pouco se tem feito. Principalmente no Brasil, acredita-se que ‘o governo’ irá resolver as coisas. Neste exato momento isso me parece pouco provável de acontecer.
Vejo que o momento é de autorresponsabilização - tanto por parte das empresas quanto dos clientes para práticas de consumo cada vez mais sustentáveis.
Da mesma forma que o cenário onde hoje vivemos não foi construído da noite para o dia, o retorno a uma situação de sustentabilidade ambiental e social também não será produzido com muita velocidade.
Assim como o Titanic, no momento, estamos em ‘velocidade de cruzeiro’ em direção ao iceberg dos desastres ambientais cada vez maiores.
O primeiro passo em um cenário como este é reduzir o passo para só então buscar um movimento de correção.
* Leonardo Barci - Presidente da youDb, blogueiro da Exame.com e co-autor do livro Mind The Gap – Porque o Relacionamento com Clientes vem antes do Marketing