Reeleição, um mal nacional
Reeleição, um mal nacional
Vivemos fevereiro de 2009. Faltam ainda 20 meses para as eleições de presidente, governador, senador e deputados.
Os eleitos do pleito anterior (prefeitos e vereadores) acabaram de tomar posse e, muitos deles, ainda se aclimatam nos cargos para depois começar a trabalhar. E, lamentavelmente, já está deflagrado o processo para a sucessão presidencial. Isso é ruim para o país e para o povo brasileiro, que esperam trabalho de seus governantes de todos os níveis. O que temos verificado nos últimos tempos é o presidente Lula atuando como garoto-propaganda da ministra Dilma Roussef, a quem quer fazer sua sucessora e pelo menos dois governadores - os tucanos José Serra, de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas Gerais - medindo forças para viabilizar suas candidaturas à presidência da República. A campanha presidencial já é o tema principal quando nem bem saímos das eleições municipais.
E o mais grave é que os cidadãos envolvidos na contenda têm mandatos a cumprir e obrigações anteriormente assumidas com o povo que os elegeu em seus atuais cargos. Sabe-se há muito tempo que os quatro anos de um mandato eletivo são reduzidos para dois realmente produtivos, pois a cada dois anos existem eleições: as gerais e as municipais. Quando lança Dilma prematuramente, o presidente Lula presta um desserviço à nação, pois joga fora um ano do seu segundo mandato. Agora, que o governo deveria estar no estirão final de suas realizações, fica preocupado com a construção da figura da sucessora. Em contrapartida, os seus opositores, que têm a missão de governar dois dos principais Estados da Federação, também colocam-se como candidatos, desviando suas atenções da tarefa assumida com o povo nas eleições de 2006.
E não adianta dizer que conseguem governar e fazer campanha, pois todo o povo sabe que isso é impossível. Ao priorizar a campanha prematura, Lula vale-se de seu carisma para não se transformar num pato manco - aquela imagem que toma conta do governante no período em que já foi eleito o seu sucessor - e Serra, Aécio e todos os que têm mandato e estão dispostos a concorrer em 2010 correm o risco de não governar da melhor forma seus Estados. Bem analisada, essa situação demonstra falta de seriedade. Todo político - de vereador a presidente da República - assume com o povo o compromisso de legislar ou governar durante quatro anos.
Se perdem dois anos em campanha, estão enganando o povo. É por isso que somos contrários à reeleição para cargos executivos e, para o bem do país e da administração pública, temos todos a obrigação de lutar para que as candidaturas não sejam colocadas prematuramente, como está ocorrendo agora. Senhores detentores de mandatos eletivos e de cargos públicos. Trabalhem! Eleição, só no ano que vem...
*Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).