Portal O Debate
Grupo WhatsApp

Trupe do angu

Trupe do angu

01/04/2016 Helder Caldeira

A sucessão de erros grotescos talvez seja um caso inédito numa democracia ocidental.

Ao observador pouco habituado ao jeitinho brasileiro de burlar regras e tentar levar vantagem em quase tudo, causa espanto a capacidade da assessoria palaciana em criar problemas políticos e jurídicos de grande envergadura para o (des)governo Dilma Rousseff.

Não se trata de uma manobra aqui, um equívoco acolá, um atalho ou ponto fora da curva. A sucessão de erros grotescos talvez seja um caso inédito numa democracia ocidental. Parafraseando o rifão brejeiro, sobram caroços nesse angu.

Contabilizadas apenas as obscenidades planaltinas nestes três primeiros meses de 2016, teremos uma completa enciclopédia sobre o modus operandi da república sindical instalada no Poder Executivo desde a eleição de Luiz Inácio da Silva, vulgo “Lula”.

Ao arrepio dos ditames constitucionais, fez-se o diabo para manter os lambões nos píncaros e blindar a súcia de celerados flagrada saqueando os cofres públicos para abastecer os vasos sanitários de partidos políticos da base aliada e o bolso de movimentos (supostamente) sociais financiados pela roubalheira, formando um ajuntamento de seres sem vigor cívico, ético ou moral que carinhosamente ouso alcunhar de “Trupe do Angu”.

Nesse balaio de gatunos, ganhou imenso destaque a lambança envolvendo o Ministério da Justiça, a mais longeva pasta da História republicana e que restou ocupado pelo mais breve dos ministros, numa nomeação ruidosa cassada pelo Supremo Tribunal Federal.

Impressiona sobremaneira que, diante de um volume imenso de advogados e juristas — tidos pela sociedade brasileira como “notáveis” e cobrando verdadeiras fortunas em honorários — que defendem e orbitam as cercanias do (des)governo Dilma, nenhum deles foi capaz de chamar a presidente da República num canto e dizer: “Olha, querida, você não pode nomear aquele moço para o Ministério da Justiça porque ele é promotor na Bahia e a Constituição Federal de 1988 proíbe expressamente a nomeação de membros do Ministério Público para cargos comissionados de chefia no Executivo.”

Ao contrário, insistiram na bandalha e foram humilhados em praça pública. Mordida, a presidente escolheu a pior das opções: sustentar a nomeação de outro promotor do Ministério Público para o cargo em questão. Para além das dezenas ações já impetradas no STF, no dia seguinte à posse, o novo ministro concedeu entrevista para um grande veículo de comunicação, deixando-se clicar em poses de dramaticidade teatral e anunciando que, ao menor “cheiro” de vazamento de informações, trocaria toda equipe da Polícia Federal.

“Eu não preciso ter provas”, chancelou o novo titular — pasmem! — da Justiça. As declarações desastrosas contaminaram ainda mais as feridas abertas no ambiente institucional do país. Para terminar de azedar o angu, o juiz Sérgio Moro suspendeu o sigilo das interceptações telefônicas, autorizadas pela Justiça Federal, envolvendo Luiz Inácio exatamente no dia quando o ex-presidente foi anunciado como chefe da Casa Civil, levantada a suspeita de que este movimento teria como única finalidade conceder-lhe foro privilegiado nas investigações da Operação Lava-Jato e seus afluentes.

Noutras palavras, os áudios quase pornográficos da cúpula palaciana — que acredita ser credora de “dívidas de gratidão” das instituições que quase derrubaram e do povo que roubaram — apontam para a tentativa de obstrução e levaram para dentro do gabinete presidencial a imputação de crimes graves previstos no Código Penal.

Não muito longe, o ministro Gilmar Mendes sustou a nomeação de Luiz Inácio da Silva e, novamente, a penca de “notáveis” advogados e juristas governistas foi achincalhada, especialmente nas redes sociais, por não conseguir distinguir a diferença e o cabimento de um Habeas Corpus e um Agravo contra a togada Medida Cautelar, mesmo tratando-se de recentíssima jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.

Ou seja, os tais “notórios” operadores do Direito sequer leem direito. É a lama! Enquanto “coxinhas” e “mortadelas” duelam pelo usucapião do latifúndio da verdade e da ética, beira ao inacreditável o baixíssimo nível que tomou conta do conjunto de funcionários que custam caríssimo aos cofres públicos e deveriam, inclusive em respeito à legislação vigente, empenhar esforços para buscar soluções legítimas e urgentes para a monumental e generalizada crise que sacode a República. Mas, o que temos é o encolhimento intelectual e o consequente pulo coletivo da trupe no abismo da iniquidade. Uma intrépida “Trupe do Angu”.

* Helder Caldeira é escritor e jornalista político.



Melhor ser disciplinado que motivado

A falta de produtividade, problema tão comum entre as equipes e os líderes, está ligada ao esforço sem alavanca, sem um impulsionador.

Autor: Paulo de Vilhena


O choque Executivo-Legislativo

O Congresso Nacional – reunião conjunta do Senado e da Câmara dos Deputados – vai analisar nesta quarta-feira (24/04), a partir das 19 horas, os 32 vetos pendentes a leis que deputados e senadores criaram ou modificaram e não receberam a concordância do Presidente da República.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


A medicina é para os humanos

O grande médico e pintor português Abel Salazar, que viveu entre 1889 e 1946, dizia que “o médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe”.

Autor: Felipe Villaça


Dia de Ogum, sincretismo religioso e a resistência da umbanda no Brasil

Os Orixás ocupam um lugar central na espiritualidade umbandista, reverenciados e cultuados de forma a manter viva a conexão com as divindades africanas, além de representar forças da natureza e aspectos da vida humana.

Autor: Marlidia Teixeira e Alan Kardec Marques


O legado de Mário Covas ainda vive entre nós

Neste domingo, dia 21 de abril, Mário Covas completaria 94 anos de vida. Relembrar sua vida é resgatar uma parte importante de nossa história.

Autor: Wilson Pedroso


Elon Musk, liberdade de expressão x TSE e STF

Recentemente, o ministro Gilmar Mendes, renomado constitucionalista e decano do Supremo Tribunal Federal, ao se manifestar sobre os 10 anos da operação Lava-jato, consignou “Acho que a Lava Jato fez um enorme mal às instituições.”

Autor: Bady Curi Neto


Senado e STF colidem sobre descriminalizar a maconha

O Senado aprovou, em dois turnos, a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) das Drogas, que classifica como crime a compra, guarda ou porte de entorpecentes.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


As histórias que o padre conta

“Até a metade vai parecer que irá dar errado, mas depois dá certo!”

Autor: Dimas Künsch


Vulnerabilidades masculinas: o tema proibido

É desafiador para mim escrever sobre este tema, já que sou um gênero feminino ainda que com certa energia masculina dentro de mim, aliás como todos os seres, que tem ambas as energias dentro de si, feminina e masculina.

Autor: Viviane Gago


Entre o barril de petróleo e o de pólvora

O mundo começou a semana preocupado com o Oriente Médio.

Autor: Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves


Nome comum pode ser bom, mas às vezes complica!

O nosso nome, primeira terceirização que fazemos na vida, é uma escolha que pode trazer as consequências mais diversas.

Autor: Antônio Marcos Ferreira


A Cilada do Narcisista

Nelson Rodrigues descrevia em suas crônicas as pessoas enamoradas de si mesmas com o termo: “Ele está em furioso enamoramento de si mesmo”.

Autor: Marco Antonio Spinelli