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Uma revolução de cavalheiros ou como acabou um grande império

Uma revolução de cavalheiros ou como acabou um grande império

28/12/2020 Humberto Pinho da Silva

Sempre que estudo a História do Brasil, admiro o último Imperador, reinante, o D. Pedro II, pela competência e sapiência, como orientou o destino da nação, granjeando a estima do povo simples, e a consideração dos republicanos honestos.

Ao pensarem depô-lo os conjurados, preocuparam-se em o proteger, ponderando: que foi insigne estadista, acarinhado – como sua filha Isabel (espera-se que venha a ser beatificada,) – pela gente simples, mormente, pelos pobres e desprotegidos.

Quando esboçavam os detalhes da revolução, na casa do Dr. Benjamim Constant, este, opinou o dever de assegurar, ao Imperador: “Todas as garantias e considerações, porque é nosso político, muito digno.”

O próprio Chefe de Estado, o Marechal Deodoro, ao comunicar-lhe a decisão do governo provisório, de o depor, emprega, ao longo do documento, termos amenos e respeitosos.

Mensagem, entregue, em mão, pelo futuro sogro de Euclides da Cunha, o Major Frederico Sólon de Sampaio Ribeiro, ao Imperador. Após cortês preambulo, escreveu:

“(…) Somos forçados a notificar-vos, que o governo provisório, espera do vosso patriotismo, o sacrifício de deixardes o território brasileiro, com vossa família, o mais breve tempo possível (…). O transporte vosso e dos vossos, para porto de Europa, correrá por conta do Estado, proporcionando-vos para isso, o governo provisório, um navio com guarnição militar precisa, efetuando-se o embarque com a maior absoluta segurança de vossa pessoa e de toda a vossa família.”

Para despesas e hospedagem, ofereceram-lhe cinco mil contos. Porém, de madrugada, o Tenente-Coronel João Nepomuceno de Medeiros Mallet, foi incumbido de avisar, D. Pedro II, que deveria embarcar, imediatamente, invocando motivo de segurança.

Era uma noite chuvosa, cerrada, escura como breu. O Imperador, indignado pela inesperada mudança da hora de embarque, não se conteve, e alterando a voz, vociferou:

- “Não embarco, a essa hora, como negro fugido! …”

Mas, embarcou… Ao chegar a São Vicente (Cabo Verde,) receoso de ser acusado, pela mass-media, que se vendera, recusou o generoso auxílio de cinco mil contos; atitude considerada: afronta.

Em Lisboa, ofereceram-lhe magnifico palácio, para se hospedar. Recusou. Foi para o hotel Bragança.

Depois…rezou, ao ver o túmulo do pai; depositou coroa de flores, junto aos restos mortais do amigo, Alexandre Herculano; visita Camilo Castelo Branco, e encaminha-se para a cidade do Porto, onde a Imperatriz faleceu, na rua de Santa Catarina, no Hotel do Porto.

Antes de expirar num tom doloroso, quase estertorante a Imperatriz disse:

- “Os Brasil… minha terra, tão linda… e não me deixam voltar! …”

Doente, coberto de imensos desgostos, consternado, parte para Paris, vindo a falecer a 5 de Dezembro de 1891.

Como se trata de figura de elevada cultura, acarinhada por intelectuais de todo mundo, o Governo Francês, realizou funeral de Chefe de Estado.

O Presidente Epitácio Pessoa, em 1920, revogou o decreto do banimento, à Família Imperial. O banimento, há muito desejado, pelo povo. Mas, já fui muito tarde… demasiadamente tarde…

Termino, trasladando, excerto do “retrato” de D. Pedro II, feito, em 1889, pelo Visconde de Ouro Preto:

“Quais as faltas, ou os crimes do Sr. D. Pedro II, que em quase 50 anos de reinado nunca perseguiu ninguém, nunca se lembrou duma ingratidão, nunca vingou uma injúria, pronto sempre a perdoar, esquecer e beneficiar – que aboliu de facto a pena de morte e promoveu por todos os meios ao seu alcance, o interesse, o progresso e a grandeza da Pátria a cujo serviço sacrificou o repouso e a saúde?

“Quais os males causados pelo príncipe que despendia em obras beneficentes ou de utilidade pública a maior parte do que o Estado lhe oferecia para o fausto da sua posição?

“Que grandes erros praticou que o tornassem merecedor de deposição e do exílio, quando, velho e enfermo, devia contar com o respeito e a veneração dos seus concidadãos?

“Pois trata-se como a um déspota, ou um tirano, o Chefe de Estado que soube impor-se ao respeito e à admiração de todas as nações civilizadas, de modo que não se sabe dizer se mais simpatias inspira às monarquias da Europa, se aos Estados – Unidos, onde deixou um nome popular, ou ao Chile, que o escolheu para árbitro nas suas questões mais complicadas, ou à república Argentina, à Oriental e à do Paraguai, para cuja liberdade direta e poderosamente contribuiu?!”

* Humberto Pinho da Silva



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